A Comarca da Sertã nº307 06-08-1942

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– FUNDADORES -—
— Dr. José Carlos Ehrhardt —
— Dr. Angelo Henriques Vidigal —
— Amtónio Barata e Silva —
Dr: José- Barata Corrêa e Silva

Eduardo Barata da Silva Corrêa

O DIRECTOR, EDITOR E PROPRIETARIO | 2 NA
a Cduanoo Bonata da filva Coreia p TIP, PORTELLA FEUÃO
= —— REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO —— à Bm |CASTELO
m| |RUA SERPA PINTO -SERTÃ ER) qu
> lies E : TELE FONE
«< PUBLICA-SE AS QUARTAS FEIRAS – J 4 112

Composto: 8- Impresso

ANO WII | Hebjomadário regionalista, independente, defensor dos interêsses da comarca da Sestã: concelhos de Sertã || Ss
| olei o DE! ae : AGOSTO
Nº 307. | Oleiros, Proença-a-fova e Vila de Rei; e freguesias de Emêndoa e Gardigos (do conselho de Mação) | 1942
H ES

Notas ..

POR virtude da publicação |;

“do recente decreto-lei sô-
bre o exercício da medicina,
volta a surgir, em tôda a evi=
dência e com aspectos, talvez,
de maior acuidade, o grave
problema da assistência médi-
ca às classes rurais, cnja so-
lução requere a atenção ime-
diata dos Poderes Públicos.

Não pode essa gente conti-
nuar à mercê dos curiosos, es-
cusado é dizê lo. E”, contudo,
preciso facultar-lhe todos os
meios e possibilitades de re-
currer aos médicos, fazendo
cessar um sem número de cau-
sas que impedem a convenien-
te e rápida prestação de so-
corros, entre as quais citamos,
pelo que diz respeito ao cons)
celho da-Serta, a dificuldade
de comunicações e a longa
distancia da maior parte das
povoações às sedes dos parti-
dos, reduzidos a três: Sertã,
Sernache do Bomjardim e Pe-
arógão Pequeno, êste último
ainda vago pela aposentação
do respectivo médico. Se a fal
ta de fáceis vias de comunica-
ção já de si constituta entra-
ve q uma rápida assistência,
a inopinada carência de com-
busiíveis veio originar novas.
complicações, provocando o
aumento extraordinário do
preço de aluguer dos antomó-
veis; e q êÊstes é preciso recore
rer, se não tanto pelos longos
percursos ao menos pela ne:
cessidade imprescindível de le-
var ao doente socorros pron-
tos e imediatos. !

Ora, se muitos habitantes

dessas* povoações lutam com
a mais extrema penúria, se a.
maior parte vive menos que
pobremente, contando se, pe-
los dedus. os bastante reme-
diados, fácil é concluir que a
grande maioria é forçada- a
dispensar o médico para o tra:
tamento dos seus doentes e en,
tão apresenta-se esta alterna-
tiva dolorosa; ou morre-se à
mingua de socorros ou proca-
ra-se o curioso mais próximo
de casa, na ânsia desespera-
dora-e na esperança de tentar
a salvação!
* Para evitar a intervenção
prejnuicialide leigos, para pôr
côbrô à mortalidade, que nas
crianças, de úmo para ano,
vem atingindo cifras impres-
sionantes, mnitc à beira de
irremediável catástrofe pare-
ce-nos, salvo melhor opinião,
que não há outro meio qne não
seja o de aproximar o médico
das populações rurais, pres-
tando lhes uma constante e
permanente assistência, que
têm de ser fácil e económica
para produzir seus fratos.

Quere isto dizer que só en-
contramos uma solução : criar
mais partidos médicos no con
celho, tantos quantos for pos-
sível,

No que diz respeito à assis-
tência: médica no concelho da
Sertã, encontram-se partica-

Considerações à margem dO

outros, que nãv nós, com saber e

A competência, devíamos deixar |»

apreciação do importante decreto-

-Jei há dias publicado no Diario do Governo

que regula o exercício da actividade mé-
dica,

E’ claro que, leigos como somos, não
vimos: analisar esse diploma, que tende,
segundo deduzimos da sua leitura, a digni-
ficar a classe médica do País, a defender
os seus imprescriptíveis e inalienáveis di-
ieitos, a honrá-la e defendê-la, marcando-
lhe a p de alto destaque e indep
dência que;merece e deve ocupar pela sua
primária importândia na vida social da Na-
ção, pondo-a a coberto das arremetidas
dos audaciosos e aventureiros que se apro-
veitam da crassa ignorância das multidões
para invadir o tampo da medicina, de que
tram o máximo proveito em prejuizo dos
médicos e dos clientes, que, confiando nes-
:-e8 embusteiros, não raras vezes perdem a
saúde e quási sempre desperdiçam a melhor
parte dos seus cabedais.

E se não vimos, como dizemos e é ló-
gico, analisar o citado decreto-lei, o que
da nossa parte seria inadmissível e ridículo
atrovimento, deixamos estas crlunas à dis
posição de todos que o podem fazer, para
que o público, menos becedor destas
coisas de tão alta valia, avêsso à leitura à-
rida-da legislação, colha alguns ensinamon-
tos úteis, ministrandó-lhos numa lingua-
gem clara e simples tanto quanto possível
6 até em pequenas doses para não se entas-
tiar, Pode per, e é mesmo natural, que o

público, assim, sobretudo o dos meios ra

rais, tire algum proveito, adquira, em suma,
noções apreciáveis quanto ao modo como
de futuro se deve conduzir sempre que o
seu estado de saúde reclame assistência,
acabando por, se, convencer de que são 08
médicos, os verdadeiros médicos, pela sua
competência profissional, as únicas pessoas
a quem a Lei aútoriza o exercício da medi-
cina, as únicas em quem se deve confiar
para a cura dok maleé flsicos. Ro
Se isto é assim, se temos de aceitar
ôste facto como axioma imutável cessem
de uma vez para sempre ag tolerâncias dig»
pensadas aos intrusos que pululam por tô-
da’a parte como cogumelos e vão medran-
do a olhos vistos por virtude da ignorância
duns, da indiferença lamentável de outros
e ainda, o que é pior, por criminosa colado»
e consentimento de poucos. . E
Finalmente é nó sôbre ôstes pontos
que pretendemos falar, visto que nos falha
autoridade para 08 transpor. Qualquer pe-
queno excesso da nossa parte deve ser to-
mado à conta de falta de conhecimentos
para tratar assunto detanto melindre; no
fim, porém, fica a boa intenção de apoiar o
rmportante decreto e dar alguns esclareci-
mentos que conduzam a gente dos nossos

pr oxercício da Medicina

imprtane Decrato-Li súlr

meios rurais a ponderar nas suas atitudes
futuras, fazendo-lhe compreender que tem
de mudar de rumo, que findou, irremedia-
velmente, a época dos charlatais, magneti-
zadores, videntes e bruxos…

O exercício da medicina só é permiti-
do às pessoas legalmente habilitadas; por
conseguinte, passam, agora, a exigir=se aos
médicos pesadas responsabilidades, Nem
podia deixar de ser assim, porque se o no-
vo diploma determina, fixa e esclarece to-
dos os os seus direitos e regalias, tinha ne-
cessári te, de definir as responsabilida-
des inerentes à profissão, de modo que ela
se dignifique e prestigie.

Atinal, o objectivo do decreto lei é en-
grandecer a classe médica e cuidar da saú-
de pública, tão grâvemente afectada pela
intromissão de curandeiros, pavorosa pra-
ga que infesta o País e tantas ruínas e da-
nus morais tem causado, contribuindo, as
sás, para a morte de centenas de indivíduos
que; na maior parte dos casos, por ignorãn-
cia, confiadamente, se lhe entregaram. Es-
ta ignorância ou antes esta loucura, que
leva- a desprezar o médico para aceitar de
braços abertos, como táboa de salvação, os
curandeiros, é que precisa de ser combati-
da por todos os modos, com energia é até

o com violência, não só por tôdas as
pessoas de certa cultura, mas principal-
mente pelos próprios médicos, que têm nes-
sa fauna vs principais inimigos; e deve re-
correr-se a todos 05 meios para a calcar e
perseguir até ao extermínio completo, de
tal forma que esmagadas as raízes da árvo-
re daninha nunca mais nenhuma delas poe=
sa robentar, surgindo à supertície da terra
para receber os ráios do sol,.,

Quantas vicissitudes, quantas desgra-
ças so registam continuamente por aí fura,
todos os dias, causadas pelos curandeiros
entre a ignara, insensata e estúpida gente
que os atrãiu ou por:ôles se deixou atrair
8 magnetizar, sem nunca mais ter fôrça pa-
ra reagir, livrando-se dos seus poderosos
tentáculos!

E não é só nas pequenas aldeias, entre
a população rude, que o charlatão domina
e se impõe; na própria cidade, as pessoas
de educação buscam-no e dôla se socorrem:
o charlatão é o último refúgio para todos
os males físicos e morais; um predestinado
em que não falece à ciência, o único, enfim,
que tem o poder supremo de conhecer to-
das os casos patológicos! Se em’tôdas as
camadas sociais oxistom individuos desta
mentalidade, conclue-se facilmente que pa-
ra cada uma delas há uma classe, bem de=
finida, de charlatãis e videntes, formando
como que uma espécie de castas; se elas,
entre si, diferem na apresentação, atitudes
e modos de agir, no fundo tâm um traço
comum e inconfundível: explorar os infeli-

(Continúa na 42 página)

«ce. a lápis

larmente desfavorecidas as
freguesius de Palhais, Tro-
viscal, Várzea dos Cavaleiros,
Figueiredo, Ermida e Marme-
leiro, isto é, pelo menos estas
6 das I4 que o formam. Em
prores circunstâncias, porém,
se encontram os concelhos ti-
mítrofes, salvo, talvez, o de
Vila de Ret, se tomarmos em
linha de conta, além do núme-
ro de habitantes, as áreas dês-
ses concelhos e a distância en
tre muitas povoações e as se-
des de partido,

Não temos à mão o Censo
da População de 1940, mas
possuímos o de 1930; que da-
quêle não faz diferença apre-
ciável; havendo a, mantém-se
uma quási certa proporção.
Oleiros, com 12354 habitan-
tes, conforme o Censo de 1930,
dispõe de 2 partidos, um dos
guais, o do Rogueiro, só há
pouco foi criado; Proença-a-
Nova, com 15.416 habitantes,
de 2 também e Vila de Rei,
com 7.795, de 1, contando, res-
pectivamente, 12, 6 e 3 fregue-
sias. Se é verdade que o da
Sertã possuta, segando o Cen=
so de 1930, 24076 habitan-
tes, é maior a densidade da
população e melhores “e em
maior quantidade as vias de
comunicação, o que atenna as
dificuldades na prestação da
assistência médica.

Estamos convencidos de que
o Govêrno, que não descnra os
mais instantes problemas so-
ciais, há de voltar a sna aten-
ção para êste que aqui venti-
lamoós com manifesta- incom-
petência, mas com o sincero
desejo de o ver solucionado.
São a saúde, a conservação
da vida e robustez das popu-
lações rurais e a defesa da
natalidade que o impõem,

Para que um País seja for-
te e próspero é preciso que os
seus habitantes sejam física-
mente sãos, absolutamente
aptos para o trabalho. Pare-
ce-nos que sôbre isto não há
uma única opinião discordan»

te.

FAZ no domingo prórimo 61
anos, pois fai em 9 de,

Agosto de 881, que pela’pri-

meira vez chegou à Sertã a

diligência com ‘as malas do

correio de Tomar. rã

Se não foi um açcontetimen-
to histórico para a vila, re-
presenton, pelo menos, am im-=
portante passo na senda do
sen progresso,

O sistema de transportes,
depois disso, evolacionou ex«
traordinária e vertiginosamen-
te; mas, por virtude da guer=
ra, qne provocon a carência
quást absoluta de combasti-
veis, ninguém pode afirmar
que não voltemos a ter as di-
ligência, andando para trás
como o caranguejos.

 

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Por causa duma raposa…

Em Vale de Carreira, concelho
de Proença-a-Nova, josé Alves
dorme, Aitas horas da noite acor-
da. Ouve restolho na loja, que
lhe fica por de-baixo do quarto.
Seguiu os consélhos da Campa-
nha da Produção Agrícola. Tem
tá coelheira farta. E os coelhos
foziam grondíssima chiada. José
Alves pula. Enfia calças. Pega
numa candeia. Corre à loja. Fica.
inteirado e espantado | Uma la-
dina raposa come, com regalo,
detrás dum pote de azeite, o me-
thor dos seus láparos.

José Alves—já te arranjo I—
tem uma idéia. Tapa um buraco
em meia lua, no sopé da porta,
por onde os coelhos costumam
sair para o quintal. Pega num
valente varapau e…

A” primeira cacetada estoira o
pote. A zorra salta, Cai em cima
duma galinha choca. Parte os
ovos. À penosa pula. Apaga a
candeia. Alves joga segunda bor-
doada, . ao sítio onde se alarpa-
dara a raposa. Rebenta um gar-
rafão de vinagre, Um galo, es-
paro: berra. O azeite corre,

ncontra se com os ovos quebra=
dos e-com o vinagre entornado,
e principia-se a fazer, na som-
bra, uma fantástica cmayonnaise>.
A) terceira cajadada mata. .. dois
coelhos. Alves chama a consorte.
Pede luz. A senh ra de José Al:
ves, supondo ladrões em casa,
estarrecida, abre um janelo e bra-
da por socôrro. Desperta Vale de
Carreira. Carreira de gentes em
trajos. menores pilas ruas, Res-
tôlho enorme. Os varões mais
valentes empunham trancas e f r-
quilhas. Cerca-se a casa. Faz-se
a luz. E no meio da «m:yonnaise»,
entre um montão de cacos e de
vidros, na loja de Zé Alves, a
raposa de-baixo duma chova de
pauladas, morre. )

O galo sobe en’ão para cima
dum pipo de vinho branco e gri-
ta vitória. E acabou se a história.

(Do «Diário de Notícias»)
) rose

Trabalhos agrícolas

Nos campos, pomares e hor-
tas — Sementeiras dêste mês:
acelgas. sgriões, azedas, cenou
ras, cerefólio, couves. espinafres,
nabos rabanetes, salsa, luzerna,
sôrgo, trevo, etc. Colhem se as
últimas bat tas e os milhos tem-
porãos. Enxerta-se agora de bor-
bulha a pereira, macicira pesse-
gueiro, ameixieira, damasqueiro,
etc. e colhem-se os frutos que
estejam criados, para o madurei-
rô, tendo cuidado em não os pi-
ssr. Os pêssegos e as ameixas
são muito melhores colhidos ma-
duros, enquanto que as peras são
mais saboros s amadurecidas em
casa. Continuam os tratamentos
nas videiras e inspeccionam-se
os vinhos para serem tratados lo-
go que se manifesta a doença.

“Nos jardins— Mudam-se, para
ficar mais à vontade, as cinerárias,
e os amores-perfeitos, que gos-
tam de terras leves, mas bem
adubadas. Regar Irequentemente
as roselras para, no próximo mês,
melhores flores e suprimir
as pjantas de estação, cuja flora
ni cabou,

ária — Guardam-se ton-

veniênilemente os fenos para ali-
menfagão do gado, de inverno.
NOFÁS DA SOCIEDADE
“2 NASCIMENTO

“Teve o seu feliz sucesso, no
passado domingo, dando à luz
uma robusta menina, a sr.º D.
Albertina da Silva Barat», dedi-
cada espôsa do nosso bom ami-
go e estimado colaborador sr.
António Barata e Silva, aspiran-
te de Finanças, aposentado, da
Sertã.

Mai e filha encont’am-se de
saúde, .

Papel para embrulho
Vende-se nesta Redacção,

Horário da Carreira de Passageiros entre Figueiró dos Vinhos e Coimbra

Concéssionácio, Companhia ac Viação de Scrnache, id.

A = Efectua-se às 3.º, 5.:º e sábados,

B A c B
Cheg | Part. | Cheg. | Part. Cheg. | Part. | Cheg | Part,
Figueiró dos Vinhos (Praça José Ma- Coimbra (Rua da Sifia, 102) . — [1425 | — | 1720
lhos . a . . 800] — | 1425 | Coimbra (Estação Novi). 1430 | 1435 | 1725 | 1730
Ponião O. + «| 835] 835] 1500] 1500 | Portela do Gato . . 1455 | 1455] 1750 | 1750
Tojeira É 5 É É 838| 838| 1503| 1563 || Pondentes E 1525 | 1525] 1820 | 1820
Avelar . E E a y | 840! 841] 1505! 1506 | Ponte do Espinhal. 1535 | 1535 | 1830 | 1830
Tojeira . . E o «| 843| 843] 1508] 1508] Tojeira . E a 1602), 1602) 1857/1857
Ponte do Espinhal. . o «| 910| 9710] 1535 | 1535 | Avelar a Ê o 1604 | 1615] -859| 1900
Pondentes . a E o | 920) 920| 1545] 1545 | Tojeira 1607 | 1607; 1902] 1902
Portela do Gato . E ‘ | 950.| 950| 1615/1615 | Pontão. d á E É | 1610 | 1610 | 1905 | 1910
Coimbra (Estação Nova). ! «| 1010! 10,15 | 1635 | 1635 | Figueiró dos Vinhos (Praça José Ma ; |
Coimbra (Rua da Sofia, 102) . 1020) — |1640] — 103) SPOO (072) goias e 511645) 9145 |

B = Efectua-se às 3º feiras e ao dia 23 de cada mês. Se êste dia caír ao Domingo, a carreira efeclua-se no dia anterior.
C = Efectua se às 2,2″, 4.3 e 6,% feiras. .

Admissão às

== confortável

de Nun’Álvares
j mem a

ALVARÁ N.º 42

Secções masculina e feminina em edifícios
independentes e afastados, tendo cada
uma o seu internato

O mais recomendado da Província

Ensino primário — Curso de Admissão
= ao Liceu — Ensino Liceal =

Tratamento cuidado e um

Enviam-se regulamentos com todas as informações a quem as solicitar al

Universidades

ambiente
e salutar ==

Horário da Carreira de Passageiros entre SERTÃ e ALVARO
Concessioná“o: Companhia de Viação de Sernache, Ld.º

Alvaro (esirada camarária). 15 40] —

Efcctua-se aos domingos

Tonf | leg. Part |) Tones. | rar.
S=r’ã Rua Cândido dos Reis!) — [1425] Alvaro (estrada camarária). | — [11,00
Maxeal . +[1440 [1440] Cesteiro. +. IN, 1O/11,10]”
Alto do Cavalo . .|1520/15,20] Alto do Cavalo . .|1120/11.20
Cesteiro. … 1530/1530 1200/12,00

MaxealE mr E a
Sertã (Rua Cândido dos Reis) 2 15 —
Efectua se às 2.º feiras

Marco Postal

Moura—Pêso (Vila de Rei);
mito obrigados pela remessa
para liquidação dos recibos. To-
mâmos boa nota das suas instru-
ções. Escusado será dizer-lhe que
não dispensamos os seus présti-
mos e por isso esperamos que
não se esqueça de nós.

—Er”º Sr. Abílio António
—pPórto Novo—Cabo Verde:
Agradecidos pela sua primeira
«Carta: e oxalá não fique por
aqui, que outras venham com
certa regularidade; pode ser até
que esta zirva de incentivo a ou-
tros expedicionários pstrícios, re»

tismo, Satisfazendo o seu pedido,
passamos a fazer a remessa tôdas
as semanas. Dentro dos exem-
lares disponíveis, procuraremos
avorecer todos Os rappzes que
constam: da longa lista enviada.
Picamos muito gratos por tôdas
as suas atenções e aqui continua
mos ao seu dispor.
rude

José António Rodrigues

Fii transferido, a seu pedido,
da P.S P. de Lisboa para s P.
V. T., licando a prestar serviço
no Pôsto n.º 51, de Cantanhede,
o nosso estimado assinante sr.
José António Rodrigues, a quem
apresentamos os nossos cumpri-
– mentos,

Ermo Sr Abílio José de!

colhidos a incompreensível mu- |

Eúbrica de Fogos de Artifício
[A Piritecnica Sertaginense +
E Rj Eid) cd ua

JOSE NUNES E SILVA

SUCESSOR
João Nunes da Silva (Maljoga)
Sortã — (Beira Baix-)

Encarrega-se de todos os tra-
balhos da mais moderna pirote-
cnia em todos os géneros.

Grande variedade de foguetes
de fantasia e «bouquels»,

Colégio “Vaz Serra”

(PARA AMBOS OS SEXOS)
Curso dos liceus.
Admissão aos liceus
e Instituto Comercial

e Industrial.

SERNACHE DO BOMJARDIM

Postais com vistas da Sertã
(EDIÇÃO PRIMOROSA)

ANUNCIO

(1º PUBLICAÇÃO)

Faz-se saber que no dia três
do próximo mês de Outubro pe-
las doze horas, á porta do Tri-
bunal Judicial dest, comeroa, se
há de procedêr é venda em hasta
pública dos bens a seguir. desori-
tos, pelo maior lanço obtido aci-
ma do indicado, penhorados na
execução por custas, em que é
exequente o Ministério Público e
executada Adelina Darão Martins,
ouja ultima morada conheoide foi
na Roa Alvaro Gontinho, n.º 6,
segundo andar, da oidade de Lis=
bos, de onjo processo que corre
seus termos no Tribunal Judicial
da 6.º Vara da comarca de Lis
toa, foi extraída a competente
carta precatória para arrematação

PRÉDIOS:

1.º—Uma quarta parte-de uma
caga com quintal, na Lumeira, li-
mite do Ohão do Galêgo, desori-
ta na Conservatória respectiva
sob o n.º 29,940, e inscrita na
matriz sob o art.º 265, urbano.
Vai pela primeira vez á praçs no
valôr de trezentos e cincoenta é
oinco escudos, 855500;

2.º—Uma quarta parte duma
horte, no eitio do Frade, limite
do Chão do Galego, desorita na
Conservatória sob o n.º 28,941,
e insorita na matriz sob o art.º
16,679, Vai pela primeira vez à
praça no valôr de trinta e três
escudos, 33500;

3.º—Uma quarta parte de uma
terra com oliveiras, ns Mslhadi-
oba, descrita Dna Conservatória
sob o n.º 28,942, in .orita na ma
oriz sob o srt? 17,701, Vai pela
primeira vez à praça no valôr de
oitenta e um escudos e sessenta
e cinco centavos, 81/60;

“Metade de uma terra com

oliveiras e mato, no Juncal, des=
orita na Conservatória sob o n,º
28,948, e insorita na matriz sob
o art.º 10,089, Vai pela primeira
vez á praça no valôr de cento e
dez escudos, 110500,

b—Metade de uma terra com
oliveiras, na Breja Fundeira, des
orita na Conservatória sob o n.º
28.944, e iosorita ns matriz sob
o artº 17.421, Vai pela primeire
vez á praça no velôr de quatro-
centos e cincoenta e cinco eson-
dos e quarenta centavos, 455/40;

º—Metade de mma terra de
mato, na Cór de Abute, descrita
na Conservatória sob o n.º 28,945,
e insorita na matriz sob o art,”
16,441. Vai pela primeira vez á
praça no valôr de vinte e seis es.
oudos e quarenta centavos, 26540;
7.º— Metade de uma terra com
oliveiras, ma Cór de Abute, des=
orita na Conservatória sob o n.º
28,946, e insorita na matriz sob
o urte? 16,455. Vai pela primeira
vez á praça no valôr de vinte e
veis escudos e quarenta centavos,
26940;
8º—A quarta parte de uma
terre com oliveiras, no Bombal,
desorita na Conservatória sob o

Vendem-se nesta Redacção
Colecção de 7 postais — 7800

n.º 28,947, inscrita na-matriz sob
o art? 17,944, Vai pele primeira

vez & praça no valór de trinta e
cinco eacudos e vinte centavos,
35520;

9.º—Metade de uma terra da
mato, na Lameira Cadele, desori-
ta na Conservatória sob o n,º
28.948, e inscrita na matriz sob
o art,? 18.653, Vai pela primeira
vez á praça no valôr de trinta e
oinco escudos e vinte centavos,
35420.

Todos êstes prédios são situa-
dos no concelho de Proença a
Nove, desta comarca,

A olua será psga por inteiro
pelos arrematantes,

Sertã, 13 de Julho de 1942,
Verifiquei.
O Juiz de Direito,
Armando Torres Paulo
, O Ohefe da 3.º Secção, int”,
Armando António da Silva

ANUNCIO
(24 Publicação)

Faz-se saber que pela segun=
da secção da Secretaria Judi-
cial desta comarca correm édi-
tos de vinte dias, a contar da
segunda publicação do respecti-
vo anuncio, citando os crêdores
desconhecidos para no prazo de
dez dias, findos que sejam, os
éditos, deduzirem o seu pedido
nos autos de execução por cus-
tas, em que é execuente o Minis-
tério Público e executados Ma-
ria de Jesus e marido Isidro
Batista, do logar de Estornei-
ros de Baixo, frêguesia de Olei-
ros, Beatriz de Jesus e marido
José Lemos Roque, residentes
na Abelheira, Agualva, comar-
ca de Sintra, e Francisco Afon:
so Junior, do logar de Azinhei-
ra, frêguesia de Oleiros, por si
e como representante legal de
seus filhos menores Pedro Ma-
nuel dus Santos, de nove-anos,
e Fernando dos Santos, de sete
anos,

Sertã, 22 de Julho de 1942.
Verifique :
O Juiz de Direito, 1.º subst.*
Carlos Martins *
O Chete de 2º Secção,
Angelo Soares Bastos

Norberto Pereira
Cardim
SOLICITADOR ENCARTADO

Rua Aurcã, 189 2º D.
Telefone 27111

LISBOABOA

 

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A Comarca da Sertã

A UM VATE-TROVADOR DE ANTANHO

4o reler os teus versos inspirados

onde perpassam vultos palpitantes, v
eu imagino os sonhos delirantes

de tua alma e sentidos deslumbrados.

Tu viívias em mundos encantados

de castelans, donzeies, pagens, amantes,
donas, alas, acordes embriagantes
torneios e castelos brazonados…

Mas… para região desconhecida
voaste um dia; e assim interrompida
viste a série de sonhos e aventuras…

E não contas, poeta, a realidade
da outra vida, nessa sternidade
que não tem desvarios nem loucuras | –

Cardigos, 1942
Junho

Oliveira Tavares Júnior

«ESPLANADA AZUL»

Está concluída devendo ser inaugu-
rada êste verão a já afamada e conhe-
cida «Esplanada Azul».

E* pertença do Clube esta linda e in-
teressante esplanada, recanto aprazível
dêste belo rincão da Beira — Sernache
do Bonjardim — obra que obedeceu a
todos os pormenores da estética e da
arte, e que o Dr. Assalino soube levar
a cabo depois de inúmeras canseiras e
certos embaraços, vencendo obstáculos
e sujeitando-se de quando em vez à
crítica, irmã gémea da inacção.

Neêste recanto — onde abundam a po-
licromia das flores e o alegre e vivo
tom da arrumação — gastou o Dr. As-
salino, digno Presidente da Direcção do
Clube Bonjardim muitos e muitos dias,
vigiando, orientando e gizando o mol-
de, o fino talho que impôs a tão encan-
tador lugar.

Ao Dr. Assalino se deve, pois, êste
aturado trabalho no qual envidou to-
dos os seus esforços, dando a Serna-
che e em especial ao Clube uma espla-
nada, onde os seus sócios, família e
forasteiros que a esta terra afinem,
môrmente, na época calmosa poderão
passar e apreciar alguns momentos de
alegria e bem-estar, deliciando-se no
perfume exalado da multiplicidade de
flores que emolduram tão esplêndido e
luminoso cenário ao qual ficará para
sempre ligado o nome do seu autor.

Existe também anexo à esplanada o
«Parque Infantil», vasto e resguardado
rectângulo onde se encontram baloiços
e outros acessórios atinentes aos fol-
guedos infantis.

Para tudo isto é preciso boa vontade,
gôsto e sensibilidade artística. O pro-
duto da arte é a sensação, e a sua mis-
são é encantar.

O Presidente do Clube procurou,
pois, tornar a vida dêste mais suave,
mais encan’adora, dotando-o com uma
«esplanada jardim», ponto de reiinlão
dos Sernachenses e forasteiros.

Para o Dr. Assalino, notário em Ser-
mache e Presidente da Direcção do
Clube, vão os merecidos louvores, tes-
temunho da sua Iniciativa os quais são
extensivos também aos Senhores Ber-
nardino da Costa Moreira e José Maria
de Alcobia, seus colaboradores mais
directos, respectivamente Tesoureiro e
Secretário da referida Direcção.

Ainda bem que a vida de clube anda
insuflada pelo vivo ânimo de-realizar
e construir!!!

Um de Sernache…
rose

inspecções Militares no con-
celho da Sertã

Foram mandados, afixar nas
sedes de freguesia” do concelho
da” Sertã os editais com os nos
mes dos marncebos recenseados
no corrente ano que se devem
apresefitar perante a Junta de Re-
crutamento, para serem inspec-
cionados. nos dias do mês cor-
rente que vão indic-dos :

-8, os da Ermida, Palhiis e
Sernache do Bom:ardim; 10, os
de Figueiredo, Marmeleiro, Nes-
peral, Troviscal e Várzea dos
Cavaleiro ; 11, os de Cabeçudo,
Carvalhal, Pedrógão Pequeno e
Sertã (até 0 mancebo Aníbal Ri-
beiro Nun.s); 12, os de Sertã
(daquêle nome em diante); 13,
os de Castelo e Cumiada.

Este número foi visado pela.

Comissão de Censura
– do Gasfelo Branço

E A a a
é AGENDA +,
NARA A

Saíram para a Figueira da
Foz os srs. Francisco Pires
de Monra e espósa, D. Laura
Morais Carneiro de Moura e
filha D. Lígia de Monra Mar-
tins e Acácio Soares Ribeiro,
espôsa e filhinho. :

— De visita a sua mai en-
contra-se na Sertã, acompa
nhado de sua espôsa, o sr.
Raúl Limu da Silva.

— Encontram-se: em S. Pe.
dro do Estoril, com sua espô
sa o sr João António de
Aguiar; em Santo Estêvão (Ca-
beçndo), o sr. Francisco Antó-
nio da Silva e na Vivenda
«Guida», Arnoia, com sua es-
pôsa, o sr. dr. José António
Ferreira, de Lisboa.

— Regressou de S. Pedro do
Sal, com sua espça e filhinho,
o sr. Lúcio do Amaral Mar-
ques.

— Encontra-se no Cabeçado,
com sma filha, a sr.º D. Celes-
te da Graça Bernardino, es-
pôsa do sr. Felizardo Lopes
Bernardino, de Lisboa.

— Partin para a Figueira
da Foz, com sua espôsa e fi-
lho, o sr. dr. Armando Tôr-
res Paulo,

HO
Festa a N. S. dos Remédios

Na capela da Sua invocação,
nos subúrbios desta vila, reali-
za-se, no próximo dia 15, a tra
dicional festa a N. S. dos Re-
médios que consta de missa re
zada às 9 horas missa cantada
e sermão, às 11 e procissão, à

tarde,
Trigo destroído pelo fogo

Numa propriedade pertencente!
ao nosso amigo 6r. Manuel Fa-
rinha, da D. Marlá, freguesia da
Ermida, houve UM incêndio, no
passado dia 20, Que destruiu to-
talmente uma de porção de
trigo que estav; ontoado para
a malha, pertenléffite aquéle pro-
prietário; horas áflês tinham sido
dispersas pe

da eira, su-
as ervas res-
; sopral pelo vento,
omulicassem O fogo das silvas
ao trigD. Num instante êste se
transformou em grande fogueira,
cujas chamas atingiram enorme
altura; acudiu tôda a gente da
povoação, que, com os jornalei-
ros da propriedade, nada mais
puderam fazer do que retirar das
proximidades das medas que ar-
diam muitas outras de trigo e
centeio que ali se amontoavam
para a malha e pertencentes a
diversos moradores da D, Maria.
O sr. Manuel: Farinha sofreu

[um prejuízo superior a mil escu-

dos,

li da Comarça.(iorictário dos massas: Correspondentes)

CARDIGOS, 28-—Dea á laz ama ro-
basta criança do sexo mascalino, a
Sr.” D. Maria do Carmo Pires Tava»
res, professora oficial de Cardigos,
espôsa do Sr. António de Oliveira
Viegas Tavares, também professor
oficial. j

Mêl e filho passam bem de satde.

—Têm regressado a Cardigos no

Ôso de férias, vários estadantes que

equentam diversas escolas saperio-
res do Poís. Conste=nos que na ge-
neralidade têm sido felizes, o que é
uma prova da saa aplicação aos es-
tados.

—DL Os que pr ama
récita, o que é de louvar, pois que
sendo as peças teatrais bem escolhi=
das, tal resolação redanda em daplo
benelício — am entretenimento maito
útil, e ama escola moralizadora.

—lO áltimo sabsídio em reforço da
verba já aprovada para calçadas e
outras obras na sede de freguesia,
causou contentamento. Da digna Jan=
ta de freguesia, composta de cavalhei=
ros inteligentes e patriotas, esperam
mos que metendo sem perda de tem-
po, mãos á obra, dotará a Vila com
êste melhoramento importante há
maito esperado e que muito a bene=
ficlará. Avante, aa contem com
os louvores de tôdas as pessoas de
bem de Cardigos. É

PEDRÓGÃO PEQUENO, 28-—Den=
tro de dias devem partir para a Fix
gueira da Foz os srs. Joaquim Nanes
Rodrigues e família, D. Maria do Céa
Lopes de Sousa, professora oficial
desta vila e D. Ilda Marinha David
Lopes e seas filhos.

-—Já aqui se encontram diversas
famílias de Lisboa a passar o verão.
Também aqai chegoa, com sua espôm
sa, o sr. Fausto Santana, de Lisboa.

—Do Outeiro da Lagoa, onde exer=
ce o magistério primário, regressou
a esta vila, com sua mãi, a sr? D.
Maria Freire Kibeiro, que vieram
acompanhadas do sr. Eduardo de
Caires, espõsa e algumas pessoas
amigas, que aproveitaram a oporta=
nidade de visitar o Cabril.

Estrada Madeir&-AltodaCava

MADEIRA, 31 — Continuam com
actividade os trabalhos de construção
desta estrada, faltando cêrca de 1.500
metros para a sua ligação. Faltam
ainda algans retoques e valetas em
algans pontos do trajecto.

O terreno, Ultimamente tem sido
em pedra dara, o que toma mais mo-
roso o seu andamento e maito mais
dispendioso.

Está esgotado o dinheiro que os
nossos amigos e conterrâneos têm ge-
nerosamente posto à disposição da
comissão, a-pesar disso, os trabalha-
dores prosseguem, estando a comis-
são esperançada de que mais alguns
donativos lhe sejam enviados, pois se=
ria pena que se parásse nesta altara.

E” o momento próprio de todos os
Made.ranenses que ainda não subscre-
veram enviarem o seu óbalo.

Maitos poucos fazem muitos.

OS AMIGOS DA «COMARCA»

Pelos srs. José António Rodri-
ues, de Cantanhede, Alexandre
osé da Silva, de Lisboa e Ma-
nuel Farinha Caroço, da Várzea
dos Cavaleiros, foram indicaaos
para assinantes, respectivamente,
os srs. Manuel António e Abel
Antunes, de Lisboa e Manuel dos
Santos Farinha, de Fontaínhas
(Várzea dos Cavaleiros).

« Muito reconhecidos, agradece-
mo:

Exames e passagens de classe

Ficaram aprovados nos exa-
mes, do 1,º ciclo do liceu, o me-
nino António, no do 1.º grau, o
menino Joaquim e transitou para
o 2º ano do liceu o menino
Eduardo, filhos do sr. Engenhei-
ro Joaquim Barata Corrêa, de
Fato.

-— Transitou para o 3,º ano do
liceu o menino Carlos Alberto,
filho do sr, José Alves, do Ca-
beçudo,

—Ficaram aprovados no exa-
me de admissão ao liceu os me-
ninos Armando, Antônio Joaquim,
Vitor Manoel e Ernesto, filhos,
respectivamente, dos srs, dr. Ar-
mando Tôrres Paulo, António
Barata e Silva, Angelo Soares de
Bastos e do nosso Director.

Aos simpáticos estudantes, bem
como a seus pais, apresentamos
as nossas felicitações,

Expedições de jornais para
Angola e Mogambique

Comunica-nos o sr. Chefe da
Estação Central dos Correios de
Luanda, em seu ofício de 20 de
Junho, recebido um mês depois,
que «devido aos muitos transbôr-
dos que presentemente vem so-
frendo as malas de corrcio expe-
didas pela Metrópole para as Co-
lónias, e isto por virtude da ín-
tervenção das autoridades milita-
res inglêsas nestes Serviços, é
tregu chegarem às esta-
ções de destino as correspondên-
clas, que essas malas incluem, em
mau estado. Esse facto verílica-se
mais especialmente no que diz

fragilíssima embalagem chegam
aqui em grande número e em tô-

das as malas com essas embala-
gens completamente esfaceladas,
com os enderêços desfeitos e des-
colados. o que torna impossível
a sua distribuição».

Lembra, por fim, que a expe
dição de jornais para as Colónias
deve ser com embalagens sólidas
e consistentes.

Estudando o caso, vimos que
o único modo de evitar, pelo me-
nos parcialmente, tais inconve-
nientes, seria fazer a expedição
dos jornais para as duas Coló-
nias, de Angola e Moçambique,
em maços; chegados a Luanda e
Lourenço Marques, os jurnais se-
riam então remetidos aos seus
destinos, visto que saem da Re-
dacção com os enderêços e com
as franquias já coladas e inutili-
zadas na Estação local.

Esta modificação traz-nos uma
apreciável perda de tempo e novo
encargo e por isso pedimos a to-
dos os nossos estimados assinan-
tes que tomem o caso em consi-
deração, já que não sobrecarre-
gamos, com um ceitil sequer, o
preço das assinaturas.

E” pena que o sr. Chefe da Es-
tação Central de Luanda não nos
tivesse oliciado há mais tempo
em tal sentido. Se é certo que já
há muito nenhum destinatário das
referidas Colónias nos comunica
faltar-lhe o jornal, tudo leva a
crer, pelo que aquele digno fun-
cionário nos diz, que muitos exem-
plares não tenham chegado ao
seu destino.

O nosso intuito é servir condi-
gnamente todos que nos honram
com as suas assinaturas e por is-
so apressámo-nos a aceitar a su-
gestão apontada, no que encon
trámos a melhor boa vuntade por
parte do sr, Chefe da Estação dos
Correios da Sertã.

ro

Cobrança de assinafuras
em bisboa

Vamos proceder à cobrança
dos recibos das assinaturas da
área de Lisboa por intermédio
do respectivo cobrador, Esperan-
do licar a dever a todos os nos-
sos estimados assinantes à lineza
de os liquidarem logo que lhes
sejam apresentados, evitando-nos
prejuízos e trabalho desnecessá-
rio ao cobrador.

A Administração
eo
Pagamento de assinaturas

Para pagamento das suas assi-
naturas alé os números que vão
indicados, dignaram-se remeter-
nos: 608, o sr. Carlos António
de Sousa, de Putubongo (Congo
Belga), 306; 308, sr. João Albino,
de Moura, 420; 108, o sr. Luís
Dias Alves, de Venda Sêca (Be-
las), 328; 208, o sr, Francisco Pe-
dro, de Lisb a, 340; 208, o sr.
António Farinha Ribeiro, de Lis-
boa, 329; 1008, o sr. Angélico
Nunes Campino, de Lisboa, 400.

Os nossos sinceros agradeci-

| mentos,

respeito a jornais, que devido à,

Afejra de gados de S. Nenteltege

um m. vimento extrardinário —

Atingiu um movimento verda-”

deiramente extraordinário, por-
ventura, fora de tôda a especta-
tiva, a feira de gados de S, Neu

tel, realizada na Sertã no dia 27
de Julho, Logo de manhã come-
caram a afluir ao Monte de San=
to António muitas e muitas cen-
tenas de cabeças de gado boving,
cavlar, muar e asinino, desta-
cando-se as primeiras pela varie-
dade e beleza e, à medida que o
tempo decorria, o número ia
s:mpre engrossando, a ponto de
depois das 14 horas ser dificíli-
mo meter um pé no recinto, coa-
lhado de cornutos, desde os de
avantajada corpulência, altos co-
mo tôrres e castiga íssimcs “de
trabalho, de olhar meigo e sere-
no, aos bezerros de tôdas as ida.
des, tímidos e brincalhões Con-
trastando com a côr amarelo-es-
cura dos bois, aquêle mar revói-
to do Monte de Santo António,
da volta da capela das estradas e
caminhos confluentes, apresenta-
vase salpicado de manchas ne-
gras do dorso dos solípedes, em
que os gericos, de orelhas pen-
didas, pareciam envergonhados,
tristes melancólicos, talvez um
tanto ou quanto filósolos.. –

E por sôbre tudo isto, os fel=
rantes, homens tisnados de-mil
sóes e mãos calejadas pela Tabus
ta da terra e raparigas guapas,
de tez morena, tôdas garridas,
nos seu fatos de ver a Deus!

Não há memória de haver na
Sertã feira tão concorrida; bovi-
nos, então, eram aos milhares,
belas estampas, bonitos e bem
tratados. Fizeram se muitas tran-
sacções e mais podiam ter sido
se bastantes lavradores hão ti-
vesse esticado os preços, pedin-
do dezenas de notas como quem
pede uma sêda de água, na mirade
altos proventos, aproveitando:
maré favorável para compensar
prejuízos na produção do solo e
prevenindo se contra a escassez
do ano! Quem tudo quere….

Disse-nos um importante né.
gociante de gados, da Graça,
das bandas de Pedrógão Grande,
a quem interpelámos sôbre a feis
ra e cuja opinião, exatamente por
não ser pessoa dos nossos lados,
consideramos insuspeita: — Fez: se
muito negócio, havia pado es-
plêndido e à farta, Venderam-se
juntas de bois por 10 contos,
mas o preço médio era de 6 coh-
tos; juntas de bezerros, para
criar, a 2 e 2,5 contos; mulas a 5
e 6 contos; burros novos, de 700
a 1,000 escudos. Confesso, atir-
mo, com tôda a franqueza, que
não tenho idéia de assistir há
muito tempo a um mercado tão
bom, não só pela quantidade mas
também pela qualidade dos ani-

mais expostos, pois apareceram:

exemplares magnílicos;. fiquei
admirado, repito! Nem as últi-
timas feiras da Lousã, Arganil,
Proença e Sobreira Formosa ou
até mesmo da própria vila de
Miranda do Corvo, onde elas
costumam marcar, Se compara-
ram com esta da Sertã, posso ga-
rantí-lo, pois vou sempre às féla
ras mais importantes na volta de
muitas léguas, j ,

er0+4 i so

Gazeta das Aldeias dl igoa

Acabamos de receb ta boa
Revista de p.opaganda Beríógia
e vulgarização de conlgtimentos:
úteis, repleta de bo) rtigos,

cuja leitura é muito dé hconse-
lhar, pela imperiosa nêcéasiddde
que a Lavoura tem de ph igredi
mais. a

Além de uma boa série de ar-
tigos sôbre a prática de traba-
lhos nos campos, publica a cons
tinuação do trabalho sôbre «Ria
quezas Latentes de Portugal», a
todos os títulos notável, da pês
na do distinto Engenheiro M,
Gomes Filho,

A assinatura desta Revista,
que é indispensável aq grande e
ao pequeno agricultor, deve ser
pedida ao publicista Moita-Per-
reira, Redacção da «Gazeta das
Aldeias», Avenida dos Aliados;
86, Pôrto, K

 

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«. Sertã realizada

do concelho!
em 5 de M Lo

qu

Za
mu

x

Avanguarda do cortejo, tormada pelos «Lusitos» das escolas

locais, atravessa o Largo Ferreira Ribeiro em direcção à

Alameda Salazar, depois de assistir às cerimónias religiosas

na igreja matriz,

(Foto de E. Barata – Sertá; gravura gentilmente cedida
+ i é pela «Escola rortuguesas – Lisboa).

Considerações à margem do
importante Decreto-Lei sôbre
0 exercício da Medicina
; (Continuação da 14 página)
zes que, descrentes da medicina

e desesperados pelos sofrimentos
que os torturam, muitas vezes

endidos nesse exercício ilegal.
$ 4º— Não incorre na pena re
ferida no corpo dêste artigo
quem preste quaisquer socor-
rosem caso de urgência e quan-
“do não seja possível o recurso
à assistência médica».

O art.º 13,º menciona aquêles
que não tem título bastante para
exercício da medicina e o art.º
15.º, o que por agora mais nos
interessa. acaba com os charlafãis

incuráveis, se lhes entregam de e é do teor seguinte :

mãos e pés atados, com a exal-
tação de fanáticos…

Não pode atribuir se a causa
do mal à simples ignorância, pois
vê-se e transparece nitid
que não é só o povo iletrado a

-— “socorrer se das artes mágicas e

«Todos os indivíduos que
com o nome de magnetizado-
res, ocultistas, videntes, guiro-
mantes, naturistas, fisiotera-
pentas ou lhantes, empre-
guem práticas. medicações on
quaisquer processos com os

dos ardis dos curandeiros; sendo 4 75;ç” procurem sagestionar

assim, nestes é que é preciso des-

doentes e de um modo geral

ferir o golpe mortal ad todos os-charlatais, que usem

lhes as severí
Lei. A mais insignificante consi-
deração, seja de quem for e parta
de quem partir, só pode ser le-

os pr álogos com o
mesmo fim, serão condenados
na pena a que se refere o arti-
go 20.º. $ único — Na mesma

vada à conta de conivência ou 4 coonsabilidade incorrem os
cumplicidade e, como tal, para que empreguem processos ou

todos os eleitos, tem de ser con
siderada um crime,

“O que é preciso é acabar de !
vez com contemporizações que dade importantí sima, t:1
– opergiónham, com tolerâncias nosso ver, a de definir direitose

mal disfarçados que denigrem.
Cesse de vez a costumada bran-
dura, causa, talvez, de uma ridí-
cuja pieguice tão própria dos
nossos hábitos, e nunca mais es

medicamentos secretos»,

o decreto-lei tem uma. finali-
Ca

responsabilidides da classe mé-
dica e dos auxiliares da medici-
na, com o fim evidente e louvá-
vel de defender a saú le pública,
que não pode continar aser cam=

sa coorte de intrujões terá ensejo po de manobras de gente ingpta

de patêntiar o seu valor cienti-
fico através de diabólicos sorti-
légiços e artimanhas |

A Lei reprime severamente a
prática ilegal da medicina, As-

sim, o art.º 12.º do diploma a

que nos referimos, diz:

guéle que sem qualquer
u sem título bastante
observação ou trataou,processo que tenham

por a cura de estados mór-
bídos ou incômodos de saúde,
ou Qualquer ontro acto pró-
prio! profissão médica, e
bem assim aquêle que assumir
q direcção de qualquer dosactos compreendidos neste ar»
figo, incorre na pena do $& 2.º
do artº 286º do Código Pe:
nal. $/º—Se o crime for pra-
ttado com fim de lucro, a mul
ta será elevada ao dôbro. $ 2.º
—Se do tratamento resnltarem
consegiências prejudiciais pa»
ra a saúde do paciente, apli
car-se do quando mais graves,
as pis dos artigos 360. e
361.º do Código Penal, 8 3º—
Considera-se co-autor do exer-

a a ong sr? D. Emilia da Piedade Ro-
sua responsabilidade encubra
de algum modo actos compre-

e sem escrúpulos Dentro dêstes
princípios, temos de aplaudir,
sem reservas, uma lei essencial
mente dignificadora e moraliza-
dora. 1

“Quanto a outros aspectos do
diploma, têm a palavra os inte
“ressados, aquêles que, precisa-
mente, pela sua competência e
probidade prol ssional, desem-
penham uma missão utilíssima e

e pessoas por qualquer (35 cheia de espinhos que a apro-

xima dum verdadeiro sacerdócio.
A acção do médico reveste-se de
verdadeira abnegação porquanto,
excedendo os limites impostos
pela profissão, presta também a
“assistência moral,

O médico deve ser considerado
como um amigo e um. protector
desinteressado, disposto a aceitar
sempre todos os sacrifícios, mes-
mo em prejuízo da sua saúde e
do seu bem-estar pessoal,

Eduardo Barata
DR
INSTRUG ão

Foi provida na escola de Fon=
“te Longa (Carrazeda de Anciais)

drigues, professora da escola do
Sobral (Oleiros),

Jpesca à linha. E’

E (Continuação) 0 |

A fôlha oficral pablicom em

28 de julho uma nota dos
factores respeitantes às acti’
vidades sujeitas ao imposto

de guerra, fixados por despa:
cho do sr. sub ecretário de
Estado das Finanças. nd
HA ágora por aí muitosira

pazes que se dedicam à
vê-los, di
tarde, nas margens das riber
ras, a empunhar as canas, es
perando, pacientemente. que o
peire, tímido. e desconfiado,
vá morder o isto, a minhoca
tentadora…

O bardo, astuto, passa quá
st sempre de largo, não cain-
do na cermadilha preparada
com tania engenho !

O Monteiro, furioso pesca-
dor, é que há dias arrancou do
pego da Carvalha um belo pei-
Xe, que, por ponco, não che-
gon para o almôço de uma
casa de família !

Parece que o Cesário é que
não está gostando da brinca-
deira. .»

E Srpso
A Marinha Portuguesa tem

desenvolvido uma acção
notável, e Altamente prestigto-
sa, no socóôrro e salvamento
de náufragos de barcos es-
trangeiros afandados.

A sea abnegação e o seu
heroísmo exercem-se, indife-
rentemente, em benefício de tô
das as vitimas, seja qual for
a nacionalidade. encontrando
o reconhecimento e gratidão
do mundo inteiro.

Perante os actos de agres-
são e desrespeito torpemente
praticados contra algans dos
nossosbarcos marcantes, maior
valor assumem os feitos dos
di idos marinheiros porta-
eneses. Mais digno de admi
ração e respeito êtes surgem
aos olhos daquéles que consi-
deram Portugal refúgio segu
ro na adversidude o bastião
preciosíssimo da Paz DOENTES

Encontra-se gravemente doen-
te, por virtude duma infecção na
bôca, o nosso prezado amigo é
assinante sr. Manuel Martins, pro
prietário, da Póvoa da Alegria
(Pedrógão Pequeno).

Desejamos, de todo o coração,
o seu restabelecimento, Bombeiros Voluntários de
Castelo Brango

Segundo notícia vinda a lume
no nosso colega «A Beira Baixa»,
o Govêrno agraciou, com o grau
de Oficial da Ordem de Bene:
merencia, a simpática Corpora-
ção dos Bombeiros Voluntários
da sede do distrito. Tão alto ga-
lardão honra, sumamente, não só
aquela Corporação mas também
a laboriosa cidade e é a prova
Iniludível dos valiosos serviços
que os bombeiros albicastrenses
têm prestado, através de tôdas as
dificuldades e srcrilícios, na de-
fesa da vida e haveres dos seus
concidadãos ‘

Lembra aquêle nosso colega,
e é de louvar tal idéia, que seria
interessante alguém tomar a ini
ciativa de formar uma comissão
para sdquirir, por subscrição pú
blica, as insígnias do oficialato e
oferecê-las à Corporação para’os
tentar g lhardamente no seu es-
tandarte.

Aos Bombeiros Voluntários de
Castelo Branco e, em especial,
ao seu ilustre e devotado Co-
mandante Instrutor, nosso amigo
sr. Celestino Garcia Lopes. que
é, também, Instrutor da nossa
Corpor ção de Bombeiros, ap e
sentamos os nossos parabens pe-

sóbre lucros extraordinários |,

Notasa lapis XX margem da

Unidade da esquairilha de hidroaviões iripuluda por
aviadores jugoslavos que têm escapado da sua pátria,
após a invasão germânica, e colaboram com a R. A. F.
no Mediterrâneo. Entre êles en-
contra se um rapaz de I4 anos.

quem com SERRO MATA…
CRÓNICA DA ALDEIA

por José Pinto Duarte (Sertório)
N.º 2

A audiência foi sensacional ! Todos
os indícios eram contra a mulherzinha
e uns pedaços de tábua de caixote apa-
recidos entre o mato perto de sua casa
acabaram de a comp’ometer.

Houve mesmo uma, testemunha que
declarou ter visto na noite do crime
uma mulher atirar um caixote ao rio
sem contudo afirmar que fôsse a acu-
sada. Não foi possível resolver a mu-
lher a declarar o que tinha feito à crian-
ça. Banhada em lágrimas, perante a
insistência de todos, do su próprio
advogado, do próprio Juiz que à acon-
selhava a dizer tôda a verdade, pois
isso podia salvá-la, rzcusou-se termi-
nantemente a dizer o destino que dera
ao filho. A principal testemunha contra
ela foi o seu próprio pai! O Júri deu
como provados quási todos os quesi-
tos e o Juiz teve de a condenar a doze
anos de degredo.

A sentença foi recebida com agrado
plo público; contudo dois’homens ha-
via no Tribunal que não ficaram satl-
sfeitos com ela. Um era o pai da ra-
pariga, que desejaria para a filha a pe-
na máxima! Outro era o [uiz da Co-
marca, que desejaria tê-la absolvido !

CAPITULO 1

Depois de ter percorrido quilómetros
e quilómetros galgando córregos e des-
penhadeiros, transpondo açudes e pre-
cipícios, remoinhando em curvas e con-
tra-curvas, esmigalhando-se contra rg-
chas e penedias, o Zêzere começa no
Vale da’ Ursa a espreguiçar-se, desdo-
brando ao sol a sua toalha de água es-
pelhante e cristalina:

Prepara-se para condignamente rece-
ber a sua filha mais crescida -— a ribei-
ra grande da Sertã,

Encontrando-se um pouco a jusante
da g ande ponte metálica que neste si-
tio liga a Beira Baixa à Estremadura,
o rlo deixa à esquerda o pequeno ca-
sal da Foz da Sertã e, espraiando-se
para a direita, vai banhar, já com ca-
rícias hipócritas de lera amansada, os
nateiros do Casal Cimeiro que lhe de-
vem tôda a sua fertilidade. E, enquanto
a margem esquerda de rochas altero-
sas € densos matagais continua abrup=-
ta, selvagem e Inhóspita, o rio, dusli=
sando agora de mansinho, beija por dez
quilômeiros seguidos as férteis veigas
& floridos vergéis da margem direira,
atihgindo no logar do Rio Fundeiro unia
largura considerável, Deixando em se-
guida os nateiros ubérrimos desta pe-
quena localidade obliqua para a esquer=
da por entre serranas alcantiladas,
Começa então novamente a luta sem
tréguas |

As rochas, erguendo-se altivas e ma-
jestosas, procuram interceptar-lhe a
passagem; o rio, forte e caudaloso,
atira-se embravecido contra elas.

E é já espumante, e revôlto, é já com
roncos selvagens de fera indomável
que, dois quilómetros mais abaixo, re-
cebe a sua Selvagem filha — a ribeira
da Isna. É é sempre apertado entre ra-
vinas que continua, caminho de Cons-
tança, em busca do Tejo,

Dispersas em anfiteatro pela vertente
da montanhas, as casas da pequenina
aldeia do Rio Fundeiro, sobressaido
por entre emaranhados festões de po-
mares e olivedos, enquadram pelo Nor-
te e Poente uma enorme bacia de na-
teiros que, semeados de milho consti-
tuem a principal riqueza daquela pobre
gente.

Estas terras, cobertas na sua quási
totalidade pelas águas do rio durante
O Inverno, são fertilíssimas no verão é
primavera, únicas épocas do ano em
que se podem cultivar. São ricas e
abundantes as suas colheitas mas, sabe
Deus, à custa de quantos sacrifícios |

Us pobres moradores da aldeia, con-
denados durante o inverno a uma quási
ociosidade involuntária, pagam bem
caro durante o verão esse d’ scanso re-
lativo. Todo o dia’e tôda a noite, quer
sob o calor esbraseante do Sol no; zé-  a justa distinção conferida,

nite, quer à luz baça dos candeeiros

, de petróleo ou ao p ateado clarão da
lua, há sempre gente nos nateicos mon-
dando, sachando, regando. A-
trabalho contínuo das grandesm
tio, «-pesar-das vinte e tantas nascen-
tes espalhadas pela montanha, a água
é religiosamente aproveitada e repar-
tida ás horas pelos donos dos nateiros,
onde, a-final, todos têm o seu bocadi-
nho,

No sopé da serra e confinando já
com as primeiras leiras dos hortados,
um pequeno terreiro, cercado por três
ou quatro casas dispostas irregular-
mente, e no melo do qual vegetam
meia dúzia de oliveiras raquíticas, é à
principal logradouro público da aldeia
que os moradores chamam en’ático-
mente «O Alquebre=. Quito caminhos
partem dêste terreiro. U principal atra-
vessa Obliquamente Os nateiros e se-
guindo paraielamente do rio, iranspõe-o
num” sítio denomidado «O Vau» e vii
terminar na freguvsia de Palhais
viável somente no verão quando o rio
permite a passagem no «vau». O ou-
tro, ladeando quatro ou cinco casas d»
cimo do logar, segue em zipuezagues
pela montanha e, serpenteando por de-
baixo de pinheiros e castanheiros, con-
torna a vertente da Bairrada e vai ter-
minar na estrada macadamizada que a
oito quilómetros, da aldeia, passa no
alto da Serra ligando Tomar a Castelo
Branco. E’ viável para carros de bois.
O terceiro contorna umas terras ds
milho e seguindo ora por entre pomz-
res e vinhedos, ora por entre silvados
e penedias, conduz à az nha do tio Jo-
sé Mendes, situada a uns três quilóme-
tros da aldeia na extremidade do semi-
círculo formado pelos, nateiros
quarto, enfim, conduz à fonte pública,

A maioria das casas dispostas muito
irregularmente, comunicam entre’si por
quelhas e carreiros não tendo o loga-
rejo uma rua que com propriedade pos-
sa merecer tal nome.

A pequenina aldeia, quási morta du-
rante o inverno, é contudo bastante
movimentada no verão. O pitoresco
das suas serras, a frescura das suas
águas, a qualidade e beleza dos seus
frutos, as propriedades mais ou menos
medicinais da água do rio, a hospital-
dade acolhedora dos seus moradores
atraem todos os anos uma colónia re-
duzida de banhistas, que em busca de
remédio para os seus males ou de tran-
quilidade para o seu espírito, ali vão
passar umas semanas. São, na sua
maioria, pessoas do povo e da classe
média das regiões circunvizinhas a
quem as suas ocupações ou os seus
recursos não permitem frequentar
praias mais aristocráticas, não sendo
contudo raro ver por lá também fami-
lias da mais inta sociedade da vila

Não há hoteis, mas em cada casa há
um quarto disponível, uma família hos-
Pitalyira e uns corações de boa von-
tade,

Em se levando camas e alguns géne-
ros alimentícios, o resto é fácil,

Depois, os carros que fazem as car-
reiras entre Tomar e a Sertã passam
diáriamente, a horas certas, no alto da
serra; os oito quilômetros da aldeia até
lá percorrem-se bem num agradável
passeio e, logo que se chegue ao alto
da serra, está-se em comunicação com
o mundo inteiro,

Do alto da serra alé os Vales não
são mais de cinco quilómetros e nos
Vales já há a hospedaria da tia Ani-
nhas, modesta sim, mas acolhedora e
asseada. Na hospedaria da lia Aninhas
estiveram algumas vezes o prande
actor Taborda e o Condede Burnay;
foi lá que o maestro Alfredo Keil, o
autor da «Portuguesa», em cura de re-
pouso enire os pinhais, se inspirou nas,
harmonias mácicas da sua Ópera «Ser-
rama», Algumas vezes também o Rei
DU, Carlos caçou javalis por aquelas
serras e bebeu das águas medicinais na
Foz da Sertã,

Verdade seja que nenhuma destas altas personagens no mundo da arte, da
finança e da aristocracia esteve no Rio
teljo, quem mais se aproximou da
pitoresca aldeia foi o Rei D. Carlos
nas suas caçadas, mas isto afinal nada
tem com a nossa história Se aqui o
digo é somente a título de rêciamo para à pequenina terra pelo bem que lá
sempre me trataram de algumas vezes que ali.