A Comarca da Sertã nº251 03-07-1941

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FUNDADORES
— Dr. José Carlos Ehrhardt —-
— Dr. Angelo Henriques Vidigal ia
—— António Barata e Silva ——
Dr. José Barata Corrêa e Silva

Eduardo Barata da Silva Corrêa

Notas a j o

ENTROU no 100: aho de pu-

blicação o nosso colega
r imprensa «Açoreano Orien-
tal»,e energia da juventade para
contingar a defender, com ga-
lhardia e. desassombro, as
“grandes causas e açontar, ims
predosamente, os tratantes que
se mascaram de virtuosos para
conseguir os seus mais inde-
fensáveis fins.

* Sóassim, seguindo tais prin.
“Cípios, o simpático colega po-
E derá comparar-se a Mathusa-
ja lém, o patriarca bíblico.
um calor tropi-
ainda bem,
gricaltor encara agora
furo com calma e con-
do, com os frios

a

das con
osféricas.
utos véemese crescer e
Ri , as batatas estão
— quási criadas e o milho, se-
” meado por essas várzeas, em
terras úberes, onde não falta
água com fartura, pula a olhos
“vistos sob a bênção de Deus.
Com a abastança virá a ale-
gria, o legítimo contentamen-
to de quem encontrará com»
| pensação para tantos traba-
lhos, canseiras e arrelias ao
– redor de todo o ano.

JÁ se encontra prêso, nas ca
” detas desta comarca, o cé-
lebre «Rei dos Fadistas», que
chegou a pôr em alvorôço al-
gumas povoações do concelho,
sobretudo das freguesias do
“Castelo e Sernache, pela série
de roubos que vinha pratican-
do desde-há muito. .
“A prisão podia ter-se efe

primeiras proezas se não fôra
a protecção descarada que lhe
dispensavam diversas pessoas,
especialmente taberneiros, por-
que, aproveitando-se das suas
manobras, encontraram um be-
do filão: compravam, por bai-
fo preço, ao gatuno, tudo o
que éle podia surripiar e era
– aproveitável para negócio!

“‘ SDestronado, vai o «Rei dos
Fadistas» carpir suas máguas
no exílio do convento, espe-
rando que a Justiça lhe con»
ceda a recompensa que merece
pelos feitos praticados no de:
correr do seu cnrto reinado !

Os vassalos que o protege:
ram também merecem um bom
prémio |
– Tam ladrão é o que vai à

“ vinha…40 44
S atenções internacionais
* Convergem agora para o
oriente da Europa, onde se es.
– té ferindo a maior luta do
actual conflito, isto é, entre

Velhinho na idade, encon-
tra-se com a mesma pujança:

ctuado logo que praticou as.

conhecida pela feira do Pêso; no

principiar esta guerra, fáceis

DIRECTOR, EDITOR E PROPRIETA RIO RR
Eluando Barato da Sida Cria TI. PORTELA PEÃO

a REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO +-— a ga
RUA SERPA PINTO-SERTÃ memos (À

Pas ; TELE FONE|
PUBLICA-SE ÀS QUINTAS FEIRAS |. 112 |

NO VI | Hebdomadário regionalista, independente, defensor dos interêsses da comarca da Sertã: concelhos de Sertã | JU e O
Nº 251 | Oleiros, Proença -a- Nova e Vila de Rei; e freguesias de Amêndoa e Gardigos (do concelho de Mação) | 1544.

Interesses da Comarca

Casas dos Alagistrados judiciais

om

BE 33.

notícia de que o Estado conce-
deu a sua comparticipação para
a construção des Casas dos
Magistrados judiciais desta co-
marca, depressa circulou pelos centros de
opinião sertaginense, onde os assuntos de
interesse regional animam as discussões e
vivificam o espírito patriótico dos que por
ali andam. o
Não podia deixar de ser. o
O problema das Casas dos Magistrados
era daquêôles que, pela sua importância,
vinha reclamando rápida solução, não
obstante o esquecimento a que foi votado

durante largo tempo, a despeito dum di-
ploma legal que irremissivelmonte a im-|
| punha com graves sanções para os seus
contraventôres.

Uma vez —e há que tempo isso lá vai
—ainda uma câmara, num rebate do peri-
go que a sua falta colocava sôbre a Sertã,
pensou em construir os edifícios, chegando
a encarregar alguém de, particularmente,
adquirir, para esse cteito, determinado ter
reno. Este comprou se, mas não foi utili-
zado para o fim que movera a sua aquisi-
ção, porque, entretanto, essa edilidade fi-

| zera marcha atrás na idéia que antes cons

cebera. ea

Houve, mais tarde, quem abordasse
a questão com boa vontade de vencê-la.

“A tentativa foi tão esforçada como
improdutiva Quando tudo parecia bem en
caminhado e próximo do bom termo, um
despacho governativo fê-la suspender e pôr
de parte.

Coube, finalmente, à actual câmara,

da presidência do Sr. Dr. Carlos Martina,
a satisfação de fazê-la ressurgir com plen”
bom êxito, numa acção decisiva e digna
de reconhecimento, que não será a de me-
nor relôvo entre as que vierem a documen-
tar a sua interferência nos negócios muni-
cipais.

A inexistência de residências condi-
gnas para os magistrados judiciais, era um
pesadelo para os que daí anteviam e recea
vam desagradáveis consegiiênçias para es-
ta Vila. )

Felizmente, por um bambúrrio da for-
tuna, dispondo a cà nara, por arrendamen-
to, duma única moradia para um dos ma-
gistrados, nunca se encontrou na colisão

de a ver solicitada, simultaniamente por

ambos. ]

Se tal tivesse acontecido, não sei co-
mo, airosamente e com a prontidão reque-
rida, poderia ser descalçada uma formidá-
vel bota feita e acabada à sombra da indi-
ferença colectiva em que esta terra é fértil,
e de que, não poucas vezes, tom sido vítima.

Não vale a pena, porém, remexer
num passado que, com todos os riscos que
comportou, não produziu estragos irrepa-
ráveis. O que lá vai, lá vai.

A hora é de contentamento e felicita
ções perante a perspectiva agradável da
Sertã ver satisfeito, em data próxima, um
dos seus grandes anseios. E nisso também,
por certo, estará empenhado quem a êsse
anseio deu vida e forma material, furtale
cendo, indubitavelmente a integridade da
comarca e posição da sua sede.

Silvânio

FEIRAS |

Durante êste mês electuam-se
as seguintes feiras: no dia 7, a
da Senhora da Penha, no Estrei-
to; no dia 13, a de S. João, em
Oleiros; no dia 20, em Montes
da Senhora e Vila de Rei, esta

dia 27, a de S. Neutel, na Sertã.

os dois colossais impérios ger-
mânico e moscovita.

Desta vez é que se desvenda
o mistério, até aqui impenetrá-
vel, da organização militar
russa, que uns afirmam ser
de incontestável solidez, a tos
car as raias do invencível e
outros julgam ser caótica,

A Rússia que, depois de

rações adrede.

vitórias obteve contra algans
dos seus pequenos vizinhos,
de recursosos minguados em
comparação aos dela, tem-os
agora à perna; enfurecidos,
todos desejosos de molhar a
sopa!

sos leitores:

Melhoramentos locais

Fazendo eco da opinião de um
amigo nosso, que aqui reside,
pessoa de bom gôsto no que diz ‘
respeito a obras de utilidade pú-
blica e desejosa de ver a Sertã
engrandecer-se e progredir cada
vez mais, dissemos no número
findo, em «nota a lápis» que a
Câmara podia fazer a aquisição
do típico moínho de Santo An-
tónio para, sôbre êle, construir
um miradouro, donde se avista-
ria um panorama magnífico. Em
segiiência da idéia daquêle ami-
go, bordámos algumas conside-

A «nota» aludida mereceu aten=
ção especial a uma entidade que
tem exuberantemente demonstra-
do o seu carinho por tudo que
se relaciona com o embeleza-
mento da Vila; pronta e amâvel-
mente nos confiou a seguinte in-
formação, fidedigna e valiosa,
a-fim-de a transmitirmos aos nos-

«No local do moinho vai ser
feito o depósito das águas, cons»

trução elegante de alguns metros
de altura, que ficará a dominar
aquêle recinto (bairro de Santo
António), devendo ser regulari
zado todo o terreno, tanto em

da capela de Santo António. Fi-
-cou isto assente quando há tem-
po esteve na Sertã um engenhei-
ro da Secção Hidráulica a tratar
das modificações do primitivo
projecto, estando, por conse-
guinte, aquela obra prevista no
novo projecto».

Ainda bem que falámos no as-
sunto e só nos temos que felici-
tar por êle ter suscitado uma boa
informação, pela qual ficamos
muito gratos,

O nosso aniversário

Por motivo do 5.º aniversário
da fundação dêste semanário en
viaram-nos, ainda, felicitações, os
simpáticos confrades <O Educa-
dor», de Lisboa e «Os Ecos do
ques de Vila Real de Santo An-
tónio.

frente do depósito como do lado | /7’

Agradecemos penhoradamente, !

««.alápis

AS vacinas contra a varíola,
no nosso concelho, anun-
ciaram se para’o mês de Jus
nho, gratuitas para tôda a
gente e obrigatórias para as
crianças nascidas em 1940.

Pois, não obstante dadas as
circunstâncias da gratuitida-
de e o já demonstrado bene»
fício da vacinação, principal»
mente às crianças, da Vila da
Sertã só compareceu uma —
uma única! — no respectivo
posto.

Temos de convir que o facto
demonstra, de fórma absoluta
e inegável, a fraquissima men-
talidade de muitos chefes de
família, que desprezam, con=
denávelmente, a saúde dos fi=
lhos, sujeitando-os ao terri=
vel flagelo da varíola.

O que muitos pais não sa
bem é que vão ser intimados
a apresentar as crianças à va-
Eq Cem a

Antes do seu relaramento
está a saúde pública!
Ds O

NUMA propriedade que con
fina com a travessa das
Regorisses está um montaro
onde muita gente deita lixo e
tado o mais que lhe dá. na
gana. O dono não se incomo-
da porque, sem despesa, vat
apanhando a terra estrumadal
E o monturo vai crescendo
de dia para dia, foco de ins
fecção a ameaçar a saúde dos
cidadãos, onde milhões de môs-
cas proliticam, invadindo de=
pois as habitações próximas.
Comida onde elas voisem já
se sabe que fica inutilizada !
Para cúmulo, a estrumeira
está situada a poucas dezenas
de metros dum consultório
médico |
-Eº triste haver por aí, ain-

Ida, tanta porcaria!

O que é preciso, sem perda
de tempo, é que as autori-
dades competentes empreguem
tôda a energia para acabar
com êste estado de coisas que
nos envergonha.

Or
OUVE quem não gostasse
da local saída no último
número intitulada «Guerra ao
piolho !»,

Como nós não queremos —
nem mesmo isso seria possi=
vel — agradar a todos que
nos leem, o desagrado pouco
nos incomoda.

Eº da nossa condição tratar
às vezes alguns assuntos com
um pouco de dureza, mas fas
Zzêmo lo sempre com o propó-
sito de acabar com certos hús
bitos que, dentro da justa me-
dida, prejudicam o nosso meto
ou a sociedade em geral. En
tendemos ser esta a nossa mis.
são. :

De resto, cada cabeça sua
sentença e, quanto ao caso st=
jeito, houve quem nos mari
festasse a sua perfeita concor-
dância. LEA

E” a lei das compensações,a lei das compensações

 

@@@ 1 @@@

 

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Coimbra c00 90000 11-50 |, Cheg, Partd.
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As lercas feiras e dias 23 de cada mês

salvo se o dia 25 iôr domingo, pois neste caso

eiéctua-se ao sábado

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5.35 5-38 | Figueiró dos Vh.* 18-25 18-30

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Junta Nacional do Vinho
EDITAL

Esta Junta faz público que to»
dos os vinicultores são obrigados
a manifestar, até ao dia 15 do
próximo mês de Julho, os vinhos
e aguardentes vínicas existentes
em adega, indicando as quanti-
dades vendidas ou por vender
(ainda mêsmo que se encontrem
financiadas por esta Junta).

As declarações podeião ser fei-
tas em papel vulgar, devendo
mencionar :

1º — O nome do produtor;

2º-— A Frêguesia e o Conce-
lho a que pertence;

3º— O local de armazenagem
dos produtos manifestados;

4.º — Separadamente, as quan
tidades vendidas (mas ainda exis-
tentes em Adega, por conta do
comprador) e por vender, de:

Vinhos Brancos

Vinhos Tintos

Vinhos Licorosos

Vinhos de Queima Ee

Aguardentes vínicas (oe da a
785)

e serão remetidas, devidamente
assinadas. às D leg”ções desta
Junta, até aqueia data,

E” da máxima conveniência
que todos os vinicultores mani-
festem com verdade, visto que
da inexactidão das informações
sómente lhes poderão advir pre-
juizos.

Lisboa, 20 de junho de 1941.

Junta Nacional do Vinho

O Presicente
(a) José Penha Garcia

Dolégio HAL SEARA

Curso dos Liceus
e
Instrução Primária

SERNACiE DO BONUARDIM |

Eres

| Faça a expedição das suas

encomendas

por intermédio da COM
PANHIA DE VIAÇÃO DE
SERNACHE Lº, que lhe
garante a modicidade de
preços, segurança e rapidez
e a certeza de que elas che-
gam ao seu destino sem o
mais leve dano.

Consulte o ncsso escritó
rio em Sernache do Bomjar-
dim e qualquer dos nossos
agentes do percurso de Lis-
boa à Sertã, em Proença-a-
Nova, Oleiros, Alvaro e Pe-
drógão Pequeno.

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Sernache, 4; Tomsr, 70; San-
tarém, 200 Lisboa, 45508,

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“por serem selecoionados esocrupu-

losamento da produção própria

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que se interessam pela sua saúde devem procurar esta casa

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ção entre Castelo Branco e Coimbra, com horários apropniaos de

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Cheg. Part.
Coimbra . 11-50
Figueiró dos Vinhos 14 : 1425
Sernache do Bomjar-

dim . . 15-03 15-10
Sertã. . – 15 30 15 30
Proença-a-Nova : 16-25 16-35 |
Sobreira Formosa . 16-55 17-05
Castelo Branco . 18.50. ““=-

Castelo Branco — Coimbra

Proença-a Nov

Sernache do Bomjar

ida e vota NS, si É E SABADOS

Castela: io =
Sobreira For

Sertã.

dim- so 3. )
Figueiró, dos sa 14015
Coimbra o – 16-35 É

s aci aogão: |
ms

Não deixem de enviar as suas encomendas por esta carreira

Aceitam-se encomendas para o PORTO, “RÉGUA, Ss. 1040

DA MADEIRA, VILA REAL, VISEU e tôdas as localidades. servi-
das pelas carreiras de Joaquim Francisco de Oliveira, Lda

ANUNCIO

(24 Publ cação)

Por este Juizo e Primeira | con

Secção da Secretaria Judicial,
nos autos de insolvencia de Gui

lherme Félix da Silva e mulher |
Emilia da Silva, também co-

nh cida por Emilia de Jesus,
moradores no logar da Azenho.
Cimeira, treguesia de Vila de
Kei, correm éditos de oito dias .
a contar da segunda e ultima
publicação do presente anúncio
citando 0s mesmos insolv ntes é
todos os credores, para nº» pra-
go dos éditos dizerem o que se
lhes oferecer sobre as contas
apresentadas pelo administra-
dor da insolvencia

Sertã, 11 de Junho de 1941
Verifiquei:
O Juiz de Direito,
Armando Torres Pauio

O Chefe da 1.º Secção, |
José Nunes

Oficina de Chapelaria
“DE —

E João Martins Pinheiro E

 

Venda e iabrieo de chapéas:

tintos em chapéus usados |

Sempre à venda os últimos e mais mos
dernos modêlos de
chapéus em tôdas as côres.

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Professor Pattaar Diplomado

Habilita para os exames
de Instrução Primária, Ade
missão ao Liceu e Post 8

| de Ensino por pregos módi-

COS,

ção.

serto, transformação, lavagem e

datar se nesta Redao:se nesta Redao:

 

@@@ 1 @@@

 

A Comarca da Sertã

 

E “ Foi capturado o “Rei dos –
co Padistas”

– Às autoridades acabam de dei-
tar a mão ao «Rei dos Fadistas»
“depois de muitas tentativas ma-
logradas.
| O famigerado gatuno conse-
guiu, durante muito tempo, rir-
se dos seus perseguidores; en-
trementes ia tratando da vida,
roubando e ccnduzindo a diver-
sos receptadores o que conse-
guia haver à mão, do que aufe-
ria certos Íucros…

O seu nome próprio é Adelino
Gomes, natural das Barrocas,
freguesia do Castelo.

No passado domingo, o rege-
dor do Castelo, sr. Joaquim Ro-
sa, foi a Sernache e ali enccn-
trou um primo que lhe comuni-
cou ter visto o Gomes, na 6.º
feira anterior, próximo da ponte
da Bouçã, na propriedade do sr.
PP. José Farinha Martins. Lem-
brando se de que o ladrão pode
ria ir naquêle mesmo dia, do-
mingo, a casa da mulher ou a
casa de Emília de Jesus, do Pôr.
“to, tanto mais que elas haviam
estado prêsas e era natural que
quizesse saber o que se passara,

“o sr. Rosa convocou cinco cabos
– e, cêrca das 22 horas, dist ibuiu-
os em dois grupos, ficando um
em frente da casa da Emília e
outro nas proximidades do pátio
da casa do sr. Capitão Lourenço.
Uma hora depois o primeiro gru-
po ouviu passos e o cabo Ga-
briel, empunhando uma espin-
garda, saltou à estrada, a-
pontou ao vulto; tratava se do
«Rei dos Fadistas», que de tal
“modo ficou surpreso, que não
esboçou resistência nem tentati-
fuga, de nada lhe valendo,
o cabo conhecia-o, decla-

Úem code Pequema imprensa?

Dada a nossa concordância,
seia-nos permitido pôr aqui em
relêvo parte do exnlêndido arti-
go que o probo jornalista R. La-
ranjeira fez inserir na «Semana
Tirsense» sob cquela epígrafe:

“oq. “e,.. orcs.

Não há patriotismo sem regionalis=
mo e só pela saa divalgação, enraiu
zando-o na alma do povo, poderemos
tornar em factos o almejado Ressar»
gimento Nacional.

E quem, maior inflaência pode exer-
cer no espírito público, edacandono,
orientando-o, para o amor à terra
em que nascea, melhor que nin=
guem — a Imprensa Regional Na au-

| torizada opinião do director de «O

Figueirense», os resultados dos cla-
mores expressos nas colunas do sea
arauto, têm s do nalos, talvez porque
nem todos estejam suficientemente
identificados com a profissão.

Ele que o diz…

Estamos plenamente de acôrdo com
Q prezado colega Gomes de Almeida,
nosso irmão na lata jornalística de
saiidosos tempos.

Mas êste desinterêsse não deve
amortecer a idéia que corresponde a
ama necessidade e que, como tal, tem
de ser realizada.

Basta que se juntem alguns homens
de boa vontade dispostos a levar de
vencida a tarefa que todos desejam
ver eiectivada, mas a que se não dis»
põem com o interêsse que lhe deve
ser dispensado. :

As pequenas tiragens, porque peque-
no é o raio de sua acção, têm neces-
sidade de se organizar, não só para
assegurar a sua posição económica e
garantir o seu iuturo, como também
para se poderem deiender de todos
‘Os ataques que porventura lhes pos-
sam ser dirigidos com o propósito de
as anigailar. .

Eis para o que tenazmente traba»
lhamos — organizar o viver da im-
prensa regional em igaaldade com os
colossos da publicidade, conquistando
novamente as regalias que nos ioram
concedidas pelo decreto 19.495, de 23

‘de Março de 1951, da autoria do en-

tão Ministro do Interior ilustre Coro»
nel Lopes Mateus e actualmente pre-
sidente da direcção da «Casa das
Beiras», a patrocinante da reiinião
magna da Imprensa Beirã, que dentro
de dois meses o maximo, se realizará
na luxuosa sede do categorizado «Dia-
rio de Coimbra».

Ali, apresentaremos ao placet dos
valores positivos que no conclave in»

E | telectual vão ocupar o sea fauteuil.

to- | de Mestres, 0 projecto para a criação

VINICULTURA

om o fim de economizar ao
máximo o sulfato de cobre,
aconselha-se o nso de cal.
« das ácidas e semi ácidas,

– Com o fim de economizar ao
máximo o sulfato de cobre, a
“Junta Nacional do Vinho aconse-
lha, neste momento, aos vinicul-
tores, o uso de caldas ácidas. E”
de resto um uso tradicional em
muitas regiões, para esta época
de tratamento, em que as poucas
Chuvas que caem não obrigam a
grandes cuidados com o poder
da aderência das caldas.
“Assim, pode aconselhar-se a
preparação das caldas com 200

– gramas de sulfato de cobre por

100 litros de água, sem nenhuma
cal ou outra base. Pode também
aconselhar-se a aplicação de cal-

das, semi-ácidas, que, por leva-
em alguma cal, conseguem cer-
ta adefência.

‘ Estas caldas são preparadas
adicionando, 500 gramas de sul-

“fato de cobre por 100 litros de
água, fazendo em seguida a sua
zação com leite de cal,
neutfalização esta que deve ser
controlada com o uso de papel
tronezoi ou outro indicador. No
caso de falta dêste papel no mer-
cado local, pode preparar. se em-
bebendo em fenol-ftalaína pe-
quenas tiras de papel de filtro.
Os Agentes da Junta indicam o
modo de preparação. Feita a neu-
tralização, adicionam-se 150 gra-

mas de sulfato, que prêviamente |.

se dissolveu, por cada 100 litros

de calda preparada, ficando-se

assim de posse de um tratamen-
to activo, pronto a aplica-se,

Pode, ainda, usar-se uma cal-

da feita com 250 gramas de sul-

– fato de cobre e 35 gramas de cal,

“viva por 100 litros de água,

do nosso Sindicato, Federação ou a
| Ordem da Imprensa.

Se a História não reza dos fracos,
também desconhece a existência dos
indiferentes ao serviço do conven-

cionalismo.
Beta dp
AEsas da Vitória

Acabámos de receber o N.º 6
das «Figuras da Actualidade»,
editado pela Colecção «Amanhão».
Este trabalho contém 100 gravu.
ras inéditas e impressionantes
com uma interessantíssima capa
a cores. ê

E” seu autor o jornalista da ar-
ma aerea do «News Cronicle»
Ronald Walker, também breve.
tado e que viveu os factos que
nos conta.

O autor dedica a sua obra a
seu irmão, piloto oficial Grahme
Walker dado como desaparecido
em 19 de Setembro de 1940 em
defesa da Grã-Bretanha.

Vamos lê-lo com atenção e da-
remos depois aos nossos leitores,
uma notícia mais pormenorizada.

ep da
Fesia do Coração de Jesus

Segundo informação que já
prestámos realiza se no próximo
domingo, na Sertã, com a impo-
nência habitual, a festa do Sa-
grado Coração de Jesus, aproxi-
mando-se da Mesa da Eucaristia,
pela primeira vez, muitas deze-
nas de crianças com as suas ves.
tes de inocência.

De hoje até sábado haverá um
tríduo preparatório para aquela
solenidade, em que tom:rá par-
te o virtuoso P.º Francisco Cruz,
glória da Igreja Portuguesa.

S. Rev.”º, que será hóspede do
sr. dr. Carlos Martins, ilustre
Presidente da Câmara Municipal,
concedeu-lhe a honra de assistir
à primeira comunhão de sua fi-
lhinha Maria de la Salete. –

O Rev.º Cruz chega esta tar.

de, tendo ido esperá-lo a Tomar.

o sr. dr, Carlos Martins.

Mravés da Comarca

(loticário dos nossos Correspondentes)

Ginema Ambulante do Secre-
tariado da Propaganda
Nacional

PESO, 23 — Esteve nesta localidade,
pela primeira vez, no dia 19 do corren-
te, o Cinema Ambulante do S. P.N,,
facto que despertou o maior entusias-
mo e contentamento na população des
ta freguesia. Foram exibidos os inte-
ressantes filmes das aldeias mais por-
tuguesas e viagem de Sua Excelencia
o Presidente da República ao nosso
império Colonial. A sessão foi extraor-
dináriamente concorrida e a ela assis-
tiu todo o povo desta freguesia e de
outras terras circunvizinhas. Foi a
mesma precedida de uma conferência
em que foi largamente enaitecida a
grandiosa Obra do Estado Novo

O conferente sr, Manuel Farinha
Portela, ilustre Presidente da Casa do
Povo, sempre ouvido atentamente e com
o maior interêsse pela jnumerosissima
assistência, disse ainda, do alto signi-
ficado que representava para o País, a
existência do S. P, N.e a criação do
Cinema Ambulante — no campo recrea-
tivo, cultural, educativo, moral e pa-
triótico — afirmando que era uma das
mais belas iniciativas do S. P.N,. As
últimas palavras do conferente foram
alvo de grandes aplausos, ao mesmo
tempo que se ouviam também as mais
vibrantes aclamações ao Estado Novo,
a Portugal, e ao eminentissimo Direu
ctor do Secretariado da Propaganda
Nacional — sr. António Ferro.

| nego

PEDRÓGÃO PEQUENO, 25 — Rea»
lizaram-se ontem as eleições da Mesa
Administrativa da Misericórdia desta
vila, sendo eleitos os Srs, José Antunes
Amaro, Provedor; Custódio da Cruz,
Secretário; António Antunes Fernandes
Barata, Tesoureiro; Firmino Lourenço
da Silva e Manuel Martins, Vogais;
Januário António Serra e Joaquim Arau-
jo, Substitutos,

— Acompanhando sua espôsa e fi-
lhos que aquí vêm passat o verão, es-
teve nesta vila o Sr. Francisco David
e Silva, de Lisboa,

— Estiveram também nesta vila os
Srs. Manuel Ramos e espôsa que, vin-
dos das Termas de Monfortinho, se-
guiram para sua casa em S. Torcato,
Guimarãis; e Veríssimo Antunes Xa-
vier, de Lisboa.

— Sairam : para 0 Pórto o Sr. Antó-
nio Ferreira Vidigal e espõsa; para
Lisboa o Sr. Manuel Lopes e espôsa,

Exames de passagem de
elasse

Fizeram osgexames de passagem das
duas primeiras classes, Os professores
desta vila Srs. D. Maria do Céu e Joa-
quim Nunes Rodrigues : Sexo masculi-
no: Da 1.º à 2.º classe 13; da 22 à 3º
classe 12; Sexo feminino; Da 1.º à 2.2
classe 10; da 2.2 à 3.2 classe 6.

Pôsto do Vale da Galega: sexo mas-
culino: Dá 1º à 2.2 classe 4; Da 2.4 à
3.2 classe 2: Sexo feminino; Da 1.2 à
2.º classe 3; e da 2.2 à 3,2 classe 1.

Futebol

VALES (CARDIGOS), 25 — Realim
zou-se um encontro amigável entre os
«Galitos Futebol Clube» e os «Leões
Futebol Clube», vencendo os primeiros
por 2-0. No primeiro tempo Chico mar-
cou o 1.º ponto dos «Galitos» às 17
com uma passagem explêndida de Fa-
rinha. No segundo tempo Farinha mar-
ca o 2.º tento às 27 O guarda-rêdes
dos «Galitos» esteve magnífico, mos=
trando-se seguro e arrojado, Arbitra-
gem do sr José Pereira, de Castelo
Branco, que foi imparcial. a

Srta
Rectificação

A epígrafe da local inserta no
número passado sob «Arvores
do parque da Cidade» deve ler-
E «Arvores do parque Carva-

as».

Assim, está certo. O amigo
compositor esqueceu-se de que o
semanário não é de Castelo Bran-
co, mas da Sertã…

ga
VIDA ESCOLAR

Principiaram no 1.º do corren-
te, em tôdas as escolas do País,
os exames elementares (de 3.º
classe); os do 2.º grau (4.º clas-
se) têm início no dia 15 e os de
admissão ao liceu no dia 23,
sendo êstes requeridos de 1 a 8.
Efectuam-se, repectivamente, nas
sedes de freguesia, concelho e
distrito.

Termina no dia 14 o ano lecti-
vo e no dia 31 o ano escolar,

Á margem da quena

Gomida concentrada

Está -se pensando em concentrar
grandes quantidades de comída que,
de outra forma, seria, em grande parte,
desperdiçada, por meio da desidrata-
ção. Cereais destinados a serem comi
dos pelos ratos, frutas e hortaliças que,
até aqui, apodreciam nas hortas e po-
mares, por não terem consumidores,
serão sêcos em instalações portáteis
que correrão todo o pais. Estes seca-
dores podem transformar um alqueire
de trigo nuns poucos de quilos de pó
onde todos os produtos nutritivos fica-
rão concentrados; 20 litros de leite da-
tão meio quilo de leite pulverisado e,
assim, nesta proporção, reduzindo o
volume de uma grande quantidade de
produtos alimentícios pela extracção de
tôda a água contida nêles. Um só desi-
dratador,manobrado por um homem po-
derá servir uma província inteira, sendo
o seu trabalho, não só um meio de se
obter mais alimentos para o país, du-
rante os meses de Inverno, como tam-
bém uma fonte de receita eventual para
os lavradores, ;

E” curioso saber-se que estes proces-
sos, agora executados por máquinas
aperfeiçoadas, já foram usados na Améx
rica quando os primitivos colonos, es-
palhados por regiões inhóspitas e infes-
tadas de «Peles- Vermelhas», tinham do
se alimentar, durante os longos inver-
nos, de comidas sêcas. Foram os índios
que ensinaram aos brancos a secar ma«
çãs ea conservar o milho para pode-
rem fazer pão no inverno. Agora a cim
vilização ensina a fazer a mesma coisa,
mas por processos diferentes,

Gaminhos de Ferro

Durante os quatro primeiros meses
dêste ano, os caminhos de ferro ameri-
canos transportaram 1.002.382 solda=
dos em 1,890 combóiós especiais.

Ad
“”W
Enecorporação de especialistas

Em 1 de Julho dêste ano, conforme o
estabelecido pela lei dosfserviços espe-
cializados, serão encorporados 833.000
mancebos que tenham atingido a maio-
ridade desde 16 de Outubro do ano

passado.

Produção de carros de assalto

A produção de carros de assaito nas
fábricas americanas, taiscomo a «Chrys-
ler Corporation» e a «Baldwin Locomo-
tive Works», está atingindo o seu pleno
desenvolvimento. Numa destas compam
nhias, o Estado estabeleceu um prazo
de 200 dias para o estudo e construção
do primeiro carrr modêlo, e mais 246
dias para completar os restantes 329
carros da primeira encomenda, estando
esta terminada 16 dias antes do prazo
marcado. Para se chegar a estes resul-
tados houve que estudar 2.600 dese-
nhos e organizar todo o processo de
fabrico. Uma produção diária de 15
carros exige a construção preliminar de
500 máquinas ferramentas e a utilização
de 46 fornos de fundição com todo o
seu equipamento. Cada carro, sem mo-
tor nem armamento, consta de 2.863

À peças diferentes, prefazendo uma tota-

lidade de 14.318 peças.

A ocupação alemã da Holanda prejum
dicou grandemente a indústria de lapi-
dagem de pedras preciosas que se
exercia naquele pais. Todos aqueles
que se ocupavam de lapidagem emigra-

tam
4 :

Foram recenseados 20.000 cobrado-
res em Inglaterra para receberem as
cotas de 1 penny por semana a favor
da Cruz Vermelha.

e

Folha de Flandres para Por»
tugal

Um vapor inglês, com o carregamen-
to de 4.500 caixas de folha de Flandres
tica, está fundeado no Tejo.

* esta a primeira remesãa de 40.000
caixas que a Inglaterra, ainda que com
sacrifício das suas necessidades de
aus prometeu exportar para Portu-
gal.
10 caixas equivalem a uma tonelada.

Foram já autorizados «navicerts» pa-
ra 60.000 caixas de procedência ame-
ricana.

Destas já foi autorizado o embarque
de 24.000, que aguardam praça.

E’ de esperar que logo que cheguem
ao Tejo estas caixas a indústria de la
toaria retome a sua normalidade |

Estes fornecimentos garantem o tra-
balho em cheio desta indústria até ao
fim dêste ano. |

(Britanova Features Service

Este número foi visado pela
Comissão de Censura
de Castelo Branco

 

“O MUTUALISÃO,

Na época em que vivemos,
acompanhada pela renovação sos
cial porque atravessa o país, não
se admite a indiferença do povo
pelos benefícios que lhe faculta a
mais útil colectividade mutualis.
ta, merecendo o apreço da opinião
pública, na maioria ignorando-da
sua modelar administração-e or-
ganização, distinguindo-se entre
os congéneres mutualistas pelas
vantagens que olerece aos seus
associados ná’ velhice ou vítimas
de desastre —’a Associação de
Socorros Mútuos na Inhábilidade.

O primeiro dever do bom ci-
dadão é garantir o dia de âma-
nhã, na certeza do amparó que Só
encontra associando-se, deposi-
tando a confiança na Associação
que quando impossibilitado, éla
lhe assegura o pão dutante-a stia
vique e RR

Ricos ou pobres, na Associa-
ção de Socorros na Inhabilidade,
todos são iguais nos direitos
como nos deveres. E” “um crime
a indiferença pelo mutualismo.

f RL
TOS q
IMPRENSA

<O Minhoto», de Valença-eco
«O Taboense», de Táboa, feste-
jaram, respectivamente, o 19.º e
8.º aniversário da sua: fundação.

A’rdua tem sido à luta na des
fesa das suas regiões, norteada
com aquêle aprumo, galhardia. e
desassombro bem peculiares ‘à
Imprensa da Província, que:não
conhece desânimos nem vivesde
ilusões quando há prinípcios que
se devem seguir inexoravelmen –
te. Aqui reside o -segrêdo:da súa
vitória morcl. + sithdo
– Que contem muitos anos; de
vida, são os nossos sinceros votos.

ã roer » a a E
17º SORTEIO
Organizado. pela Comissão de Propaganda e
INVÁLIDOS DO COMÉRCIO
Em 13 de Junho de 1941
NO SALÃO DE «Q SÉCULO».
Sob a Presidência dum Representante

da Exm.* Autoridade Administrativa
do Distrito

NUMERO PREMIADO.

10 4 6 3
1 Automóvel: Chevrolet:
Sédan de luxo (com 1. S. F.)- Mod. 1940

O prémio entrega-se dentro de 90
dias, contra a apresentação do bilhete
correspondente ao número premiado, na

RUA DOS FANQUEIROS, N.º 224-2.º o
LISBOA.

SERVIÇO DA REPÚBLICA :
Regimento de Infantaria 1. 1

Por ordem do Ministério da
Guerra é feito convite às praças
desta unidade na situação de dis-
ponibilidade (classes de 1935 a
1940), que desejem fazer parte do
Batalhão a organizar nêste Regis
mento; Às praças que aceitarem
êste convite devem enviar ime-
diatamente por intermédio da Au-
toridade Administrativa, as sua
declarações.

Quartel em Tomar, 26 de Ju-
nho de 1941.

O Comandante,

Bártolo Afonso Simões
Ten. Coronel

qe]

Postais com vistas da Sertã
(EDIÇÃO PRIMOROSA)

Vendem-se nesta Redacção
Colecção de 7 postais = 7400400

 

@@@ 1 @@@

A Comarca da Sertã

LUTA PELA VIDA

EA por E. VENTURA REIMÃO

“Quando Terêncio apareceu na
aldeia pela primeira vez tinha
treze anos de idade. Sujo, esfar-
rapado, “descalço, debicava num
cacho de uvas roubado pelo ca-

minho. -Quando já não tinha,

mais que trincar, bebeu uns go-
los de. água iresca da fonte e
sentou-se num banco de pedra,
em frente do coreto da praça.
Surrateiramente, foram-se a-
proximando dêle os garotos da
povoação, interessados em tra
var conhecimento com 0 cama-
rada desconhecido, que sem
mais tirte nem guarte, assim
se apresentava em terra alheia.
| Terêncio guardou silêncio a
quantas preguntas lhe fizeram
sôbre a sua situação, mas não
se fez rogado quando o desafia-
ram para a brincadeira: jogou
com acêrto ao berlinde e à se-
mana e. ainda iniciou os compa-
nheiros no jôgo da barra, que
êles completamente desconhe-
ciam.’ Revelou-se parceiro leal,
mas tambem lirmé e decidido,
“capaz de se fazer respeitar por
“bons argument:s de murro e so-
papo…
‘ Ao declinar do dia, deu-se a
debandada do rapazio para casa,

-geabando Terêncio por ficar só.

Voltou então a sentar-se no ban
co de pedra, sentindo-se ataca-
do, desta vez, de um mal-estar
“crescente: é que tinha o estoma-
A totalmente vasio e o corpo
fatigado da brincadeira.
“Afinal, quem era Terêncio?
O que fazia em terra desconhe-
cida ?

‘ Em breve o saberemos.

À notícia do caso divulgara-
se rapidamente, como era natu-
ral que sucedesse em terra pe-
quena.

“O tio Manuel Raminhos, ten-
deiro de profissão e regedor nas
horas vagas, julgou se no dever
de esclarecer o assunto e man-
dou chamar Terêncio por um dos
marçanos.

* Entre os dois travou-se então
o seguinte diálogo, pois que,
com propriedade, não se pode-
ria chamar interrogatório à con-
versa:amena que tiveram :

im Olha lá, ó pequeno, como
te chamas ? Re
— Terêncio de Oliveira.

— Tens alguns parentes nesta
-— Quê eu saiba não, meu se-
mhor.

— Então de onde és e como
vieste aqui parar ?

—— Eú explico meu senhor. Sou
da Aldeia Cimeira, que fica
daqui afastada umas poucas de
léguas, Não tenho paí nem mãi
mas apenas uma tia, velha e ra-
bujenta—a Ana Moleira — que
me obrigava a trabalhar muito e
me dava mais pancada do que
comer. Por isso resolvi fugir.
Se agora lhe tornase a aparecer
eta mais do que certo que até a
penedo me corria…

mm TU explicas-te muito bem,

“não há: dúvida, atalhou o rege-

dor, mas sou uma autoridade e
o meu dever é chamar a tua tia
e entregarste a ela ou mandar-te
acompanhar: à tua terra por um
dos meus cabos de ordens.

— Oº meu rico senhor, pelas
alminhas do purgatório não me

isso! ‘

“Deixe-me só passar aqui a noi-
te, porque amanhã de manhã
vou-me embora para outra terra.

— Não posso fazer-te a von-
tade, meu rapaz, ficarás hoje em
minha” casa e amanhã te darei
rumo. E agora vamos à ceia, que
já vão sendo horas, disse o re-
gedor rematando a conversa.,

* Terêncio ao ouvir pronunciar,
em tais alturas, a palavra ceia,
julgou-se transportado ao paraí-
so. Pois quê, seria possivel que
o tio Raminhos o sentasse à sua
mesa ?

: Não era possível; era mesmo
gerto, porque efectivamente, daí

a pouco, depois de se haver la-
– vado convenientemente, Terêncio
“atacava à colherada um respeitá-
; Vel prato de saborosa sopa, se-
; guida de uns bons nacos de chi-
bato envolvidos em batatas, hor-
taliça, chouriço e toucinho, tudo
isso acompanhado por um copá-
zio de magnífica água-pé.

Além do tio Manuel Raminhos
e de Terêncio, ocupavam a mesa:
a tia Joana Raminhos, mulher
daquele, e os dois filhos do ca-
sal—Jorge, de doze anos, e Cla-
rice, de catorze,

Finda a refeição e depois de
todos, segundo o uso local, ha-
verem rendido graças a Deus,
sentaram-se à lareira a aquecer
e a conversar.

O” pai, disse Jorge, conte lá
uma história.

Tenho pouca paciência para
isso, mas, já agora, lá vai:

-Havia um homem pobre,
mas ambicioso, beirão de nasci-
mento e Julião de nome que se
decidiu um dia a demandar o
Brasil em procura da árvore das
patacas. Ora como a árvore já
tinha secado havia muito tempo,
o homem houve por bem empre-
‘ gar o pouco dinheiro que levara
de Portugal numa lojeca de mo-
lhados, que é como quem diz
numa taberna. .

O homem queria porém enii-
quecer em pouco tempo. Para
atingir o seu objectivo baptiza-
va o vinho com água e vendia-o
mais caro alcunhando-o de pa
lhete. Efectivamente ao fim de
alguns anos estava rico; então
traspassou o negócio a um pa-
trício e dispoz-se a regressar à
tetra.

Não sei se sabem que hã um
ditado que diz que quem é des-
confiado não é. fiel. Pois bem.
Julião que em boa verdade nun-
ca fôra fiel aos fregueses porque
se fartara de os roubar, uma vez
rico tornara-se desconfiado e
recusara transferir para Portugal,
por meio de um banco, a fortu-
na amealhada, com o medo de
a perder.

“—BEntão, o que fez êle? inter-
rompeu Jorge.

—Uma coisa muito simples
mas também muito perigosa, co-
mo vão ver, continuou o tio Ma-
nuel. Arranjou uma arca e aco-
modou nela todo o dinheiro e
ouro que possuia. Por medida
de economia, comprou uma pas-
sagem a bordo de um veleiro
com destino ao Porto.

Nos primeiros dias tudo cor-
reu bem, àparte o enjdo provo-
cado pelo balanço da barca e
que muito afligia o antigo ta-
berneiro. Ora o peor foi que uma

O maior General |,

Quem és, 0 que é que queres, donde vieste,

= onstro horrendo do mundo sepultura ?!—
Jamais uma tão grande desventura

Se viu-do norte ao sul, poente ou leste.

À desordem, nos povos, que trouxeste

Nunca o mundo viu em guerra dura, z

Fosse ela atroz, cruel e de amargura
Às vidas oprimisse e fome e peste.

Quem és, pois, monstro horrivel, donde brota
No mundo tão estranha convulsão ? |

— alto poder inglês e sua frota,

Cesse o que reza-a história, ou do alemão, —
— Eu sou do mundo inteiro a derota:—
— 0 mêdo, a cobardia e a traição.

Ermida 25-5-941
j. Ã. PB,

bela manhã um dos moços de
bordo galgou a correr a escada
de acesso ao convez a prevenir
o capitão de que tinham água
aberta! Imaginem o terror que
se apoderou de todos, e especial-
mente do nosso Julião.

Toda a gente se poz a postos
para combater o perigo: uns
procurando descobrir e calafetar
a fenda traiçoeira; outros dando
às bombas para esgotar a água.
Foi um trabalho insano e inútil
de algumas horas, porque a bar-
ca cada vez se afundava mais.

Perdidas todas as esperanças
de salvar o veleiro, o capitão
mandou arriar as balieiras ao
mar, fez embarcar nelas a tripu-
lação e o passageiro e remar em
direcção à ilha das Flores, que
se avistava na linha do horizonte.

— E o tesouro do taberneiro ?
preguntou Terêncio, cortando a
narrativa.

—Não pôde salvar-se, conti-
nuou o tio Raminhos, por mais
esforços que se fiz ssem, porque
o beliche de Julião foi um dos
que primeiramente foi invadido
pelas águas. O homem coitado,
queria morrer ao pé do seu rico
dinheiro. Foi à fôrça que o Iize-
ram embarcar na balieira !

Felizmente o mar estava chão,
conseguindo por isso os escale-
res chegar sem novidade a porto
de salvamento.

E oiçam o comentário de um
dos marinheiros, que conhecia
de ginjeira.o heroi da história,
comentário feito, escusado seria
dizer, quando já todos se acha-
vam em terra firme, porque an-
tes disso a vontade de brincar
era pouca: |. o Ro

— Que pena ter-se perdido o
dinheiro do Sr. Julião, que tanto.
lhe custou a ganhar! E” caso
para se dizer: .

—A’ona o den… água o
levon…

Ao ouvirem o inesperado des-
fecho todos se riram a bandei
ras despregadas.

ist, dr.

(continua)

Tribunal Judicial

Acusados pelo Ministério Pú-
blico, por agressões recíprocas,
responderam, no passado dia 25.
António Manoel, casado, de 27
anos,. jornaleiro, de Carnapete,
José Nunes Ruivo, casado, de 29
anos, jornaleiro, da Codeceira,
José Jerónimo Ferreira, casado,
de 30 anos, jornaleiro, da Code-
ceira, Manoel Fernandes, casado,
de 34 anos, jornaleiro, da Carga
e Manoel Lopes, casado, de 29
anos taberneiro, do Maxiál Gran-
de da Estrada, todos da Íregue-
sia da Sertã.

Os três primeiros foram absol-
vidos.

O réu Manoel Fernandes foi
condenado na pena de quatro
meses de prisão, 20 dias de mul-
ta a 3800, 300800 de imposto de
Justiça, êste e aquela com os le-
gais acréscimos, 80$00 de emo-
lumentos para o seu douto advo-
gado oficioso, emo umentos de-
vidos aossrs, peritos e em 100800
de indemnização a cada ofendido;
e o réu Manoel Lopes na pena
de 20 dias de prisão, convertida
em igual tempo de multa a 10800
diários, 3 dias de multa a 3800,
ou seja na multa total de 209800,
200$00 de imposto de Justiça,
aquela e êste com os legais acrés-
cimos, emolumentos devidos aos
srs. peritos, 80800 de emolumen-
tos para o seu douto defensor
oficioso e 100$00 de indemniza-
ção ao ofendido.

Foi adiada para o próximo dia
11, pelas 12 horas, a audiência
de julgamento de Manoel da Sil-
va, do Cavalinho, freguesia do
Mosteiro, concelho de Oleiros,
p:êso nas cadeias desta comarca
pelo assassínio de Maria de Je-
sus, do mesmo logar. A acusa-
ção particular, como dissemos,

está confiada ao sr. dr. Ramada

Curto, de Lisboa e a defesa ao

Coimbra.
eta

“Hospital da Sertá

Subscrição aberta pela «Co=
missão dos Amigos do Hos-
pital da Sertã», em Lisbca,

para a compra de material

cirúrgico: :

Transporte, 5.415$00.

Ex.Ӽ* Srs. Joaquim Pestana
dos Santos.e João da Cruz Fer-
nandes, 250800 cada; Dr.? D.
Zélia Fernandes Pestana e Dr.
Joaquim Fernandes ‘ Pestana,
100800 cada. Soma, 700800.

A transportar, 6. 115800.

A MARGEM DA GUERRA

O avião irglês LYSANDER presta-se a uma variedade de serviços : transporta bombas,
provisões, água, munições e faz reconhecimentos em ligação com a artilharia

César Abranches, del

Crónica da semana

O afundamento do «Ganda»

da», da nossa marinha mercante,
provocou profunda indignação
em todo o País porque se reves-
tiu de uma crueldade canibalesca
e hedionda excedendo os limites

âmbito da pirataria mais desen.
freada. Ria

Nem que Portugal estivesse
em guerra seria de admitir o des-

| Ções!

socôrro e salvamento! É
Se o atentado se revestiu de
uma barbaridade inaudita, conde-
nado por todo o mundo civiliza-
do, maior é a sua gravidade quan-
do visto à luz dos interêsses nas
cionais, quando se considera em

a escassa marinha mercante por-
tuguesa, dada a dificuldade de a
estrangeira demandar os nossos

uma missão cheia de respo:
bilidade a executar, que é a
prover ao transpo;te, para 0 con

à alimentação da população

sobreviria a fome, com todos os

Não importa saber, nem iss
será fácil—dado que todos pro-
curam alijar responsabilidades—
a que nacionalidade per
submarino que julgou |
façanha de tomo ou alca:
grandiosa vitória encarn:
do-se contra um pequ
que seguia trangiilame
rumo, confiado no re:

refúgio, perseguidos pela mons=
truosa tempestade que ruge amea=
çadora e sinistra como fatalidade
inexorável. gado

O acto só deshonra a
praticou. Da

Os marinheiros de todo o mun-
do são, por princípio, generosos
mantendo elevado culto |
idéias humanitárias. Se é certo
que, no fragor das batalhas nas

quem o das os marinheiros inimigos, co-
mo se pode conceber o manifes.
to desprêzo pela vida dos tripu-

feso barco da marinha mercante ?
Não encontramos nada a justi-
ficar a monstruosidade perpreta-
da por um submarino, que, en-
tregue à pirataria, talvez não tes
nha coragem suficiente para se
defrontar com um navio armado !
Morreram quatro tripulantes e
passageiros do «Ganda» e os que
embarcaram na lancha que apore
tou a Huelva viveram horas de
intenso pavor, nunca descrendo,
porém, de que Deus os salvaria,
Comoveu e impressionouamar-.
gamente a tragédia nos seus lan
ces dramáticos. je
Subsiste tôda a revolta pelo
miserável atentado, mas o salvas
mento dos infelizes, que se che-
garam a considerar perdidos, en.
cheu de alegria tôda a alma por.
tuguesa, que vibra intensamente
tanto nas horas de ventura como
de desgraça, Quere fazer melhor venda dos

artigos do seu comércio
e produtos da sua indústria ?

Gastando uma insignificância,

da Sertã»,O afundamento do vapor «Gan-

das convenções que regulam a
guerra no mar para entrar no.

| humano atentado em tais condi- |
À tripulação e os passageiros
inocentes do vapor nunca pode- .
riam ficar entregues a seus pró. .
prios meios, sem quaisquer re-.
cursos e sem lhes ser facilitado |

perigo a nossa economia, porque |
portos, tem sôbre seus ombros |

tinente, de tudo que é necessário
boração das fábricas, sem que j

‘ | seus horrores, e a paralização de
tôdas as actividades. o a todos quantos nêle procuram

elas |vais, se procuram salvar das on.

lantes e passageiros de um inde- |

pode anunciá-los na «Comarca