O Despertar da Beira nº1 01-01-1934

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ANO 1 MADEIRÁ, 1 de Janeiro de 1934 .

JESPERTAR DA

 

)

Ss

 

JORNAL MENSAL, EXCLUSIVAMENTE REGIONALISTA DEF EN SOR Ros
INTERESSES DA FREGUBSIA DA MADEIRA), DO CONCELHO DE OLEIROS, E DA COMARCA DA SERTÃ
ASSINATURAS ra içã ão

Composição e Impressão na
Imprensa Baroêéth

José da Silva o +

ú Editor. Rua do Telhai, 65 — Telefone 2 3284
Número ‘avhiso : 7… asa Da ue a ain 50 | venancio Menibs-Alvos. saco + 00068
Continente, ano. ., 2 6900 Administrador e proprietário Redacção e Administração
EStranpeiro, ADO. session o – 12850 João Antunes Gaspar Estrada-do Desvio, S5-1.º — LISBOA

 

 

 

Conversando

 

Um «não» como resposta sem
exitações, teria eu dito ao solici-
tarem-me duas palavras de cola-
boração para um jornal, se não
se tratasse do primeiro número
de uma folha que tem como cara-
cterística o regionalismo e como
objectivo a defeza de interêsses
de uma região que foi meu ber-
ço Esse «não», porém. não signi-
ficaria menos consideração por
quem, gentilmente, me solicitou,

nem menos apreço pelo novo por- –

ta-vós, nem tão pouco menos inte-
rêsse pelos jornaes.

Apenas significava pertencer eu
ao número dos que entendem
que em qualquer jornal deve es-
crever apenas quem o saiba fa-
zer e disponha de tempo necessá-
rio para estudar convenientemen-
te os assuntos a que se refira-

Mas trata-se dum caso especial
e eu não quero deixar de concor-
rer com a minha cota parte de in-
citamento para aqueles que sear-
rojam a missão tão pesada e, por
vezes, tão ingrata.

A época que atravessamos tão
cheia de extraordinárias iniciati-
vas, tão reveladora de novas ten-

: dências, mostra-nos como que um
mundo novo, cuja marcha no cam-
po do progresso se acelerou con-
siderávelmente, pRefando uma
profunda modificação nº vida dos
povos.

Desde o labirinto de modifica-
ções de ordem política e social à
acção avassaladora ; desde a con-
quista do espaço à regularisação
da vida submarina; desde a su-

bstituíção do animal “Pelo motor e:
do braço pela máquina, até a de-

sorganisação de ordem económica
e desiquilíbrio financeiro, quan-
tas necessidades se criaram,
quantas iniciativas surgiram !

E a vida transformou se, Entre
castelos de cartas, desmoronados
pelas: primeiras rajadas de vento
“e monumentais edifícios construí-
dos de areia, destruídos pelas va-
gas. expraiadas, vai ficando o que:
sólidamente se coristroi, ajuanido
e constroi,

– Às actividades desenvolveram-
– se em vários sentidos desde o

mais recondito Extremo Oriente.

e ao nosso cantinho da terra, ao
Portugal de barbas: brancas, não
podia deixar de chegar timbém
|-uma aragem de renovação.
Dum extremo ao outro do País

essa renovação:se verifica; e ter-

Realidade

-00-00-0-9—

Frequentes vezes se tem di=
to e escrito e nunca é demais
repeti-lo— que das regiões do
nosso País, é a Beira Baixa
aquela que mais se destaca pe-
la insignificância dos seus pro-
gressos.

—E quais os motivos? ata-
lhar-nos-ão.

As causas são várias, mas
a principal, aquela que cons»
titui a verdadeira chave dêsse
progresso, está na inércia e
no indiferentismo alimentado
até aqui, por aqueles a quem
foi confiado o volante-condu-
tor das prosperidades das nos-
sas terras.

Infelizmente, em pleno sé-
culo XX, o que há feito só-
bre melhoramentos, constitui
uma tocante irrisão..

E! facto bem eviderrte — e
é de justiça acentuá-lo — que
êsse progresso na hora que
passa, se está evidênciando
dum modo magnífico e, con-
quanto só agora começásse-
mos a trabalhar, a nossa des-
prezada região vai finalmente
entrando, ainda que rudimen-
tarmente, no tão almejado e
justo ressurgimento.

Eis porque. nós, crentes de
satisfazermos uma natural as-
piração dos naturais da Ma-
deirã, concelho de Oleiros,
e Comarca da Sertã resol-
vemos — . arcando. com as
maiores dificuldades — publi-
car um jornal que seja o por-
ta-voz das aspirações a que a

nossa região tem jus. Esse:

jornal, que hoje vem à luz pe-
la primeira vez, depois de inu-
meras canceiras que tivemos
na sua confecção — porque
um jornal é sempre um incan-

– sável comilão de energias, de
trabalho — é «O à Ped da.
Beira».

O nosso concelho começou
agora a entrar na senda do
progresso: a Madeirã conse-
guiu dotação para as suas fon-
tes; a Cava tem já um chafa-
riz; O Sobral tem a sua estra-
da quási concluida; as Sarna-
das de São Simão vão ter uma
escola condigna; o Orvalho
tem já boas fontes e Oleiros
conseguiu, ainda há poucos
dias, a verba de 41.400800
para se abastecer satisfatória-
mente do precioso líquido, que
é uma das principais condi-
ções de vida do homem — a
água.

E” uma nova aurora que
desponta, mas para que o dia
possa resplandecer em toda a
plenitude das suas belezas,
nós, com. «O Despertar da
Beira», propomo-nos defen-

der as necessidades do nosso ‘
concelho e comarca pedindo,

os melhoramentos que êles de-
Sejam, para ser uma região
que possa viver avida moderna.

Neste jornal terão guarida
todas as ideias, todos os alvi-
tres que, sôbre regionalismo,
os nossos conterrâneos quei-
ram enviar-nos, agradecendo
nós a todos que nos distin-
gam com a sua colaborabora-
ção.

«O Despertar da Beira» tem
como parcas e únicas fontes
de receita os seus Ru e
anunciantes.

Que todas as pessoas. a
quem enviamos o: jornal, sai-
bam avaliar os sacrifícios que
nós fazemos, pagando-nos a
sua assinatura logo. que lhes
chegue o respectivo: recibo,
angariando novos assinantes,
colaborando nestas colúnas—

é o que mais ambicionamos :
neste, momento em que nos
–sentimos. “orgulhosos por dar;

Conversando

 

ras há onde a iniciativa dos seus
dirigentes e cooperação dos seus
habitantes, tem-sido simplesmen-
te admiráveis.

Mas, quanto de inércia se vê

ainda !

Povos há para quem o bem co-
lectivo é coisa que não interessa,

«O embelezamento da terra em
que vivem não é necessário por-
que não se come.»

«O arranjo das ruas, a caiação,
a higiene são coisas dispensáveis,
porque o nosso avô já assim vi-
veu,»

«Os edifícios destinados a ser-
viços públicos, se caírem por fal-
ta de conservação… isso não E
comigo… aquilo não é meu..

«Os. caminhos estão nteansitdo
veis… isto está mau, mas não
sou só eu que passo por aqui…»

A Junta de freguezia pensou

neste melhoramento, naquela re-

paração? –

Não pode fazê-lo porque não pos-
sui fundos para isso e a popula-
ção não pode contribuir para tan-
to, ainda que se trate de coisa
bem necessária, De resto — pen-

sa-se — ao Estado é que compete.

fazer,

Mas, uma Junta ou outra enti-
dade consegue (por vezes com
que esfórço!) reinir fundos para
executar qualquer obra nova ou
de reparação e aparecem logo as
críticas : «Porque não se fez assim
ou porque assim não se fez! ?»

E o mais comodo, eo mais vul-
gar é nada se fazer para não se
destruir tradições, para não se
perderem hábitos,

Neste capítulo, julgo eu que se-:

rá benéfica toda a propaganda
que um jornal possa fazer no sen-

Continua na 2º página

PA a ço raça pecas

à publicidade um jornal que.

tem como seu único lema —
a política do regionalismo.

Pára terminar, saudamos
todos os habitantes do conce-
lho de Oleiros e comarca da
Sertã, de quem sairá a nossa
vida’ou a nossa morte, pois
que «O Despertar da Beira»
aos oleirenses e Can
pertence!

 

 

7

 

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gaba aaa AAA AaMAAML AMAS

à Tribuna poética

SB E VYv VVVVYY

UMA AVE

Na gaiola tão negra como fria,
Pendurada junto aquela casinha,
Estava a pobre da triste ávesinha
Carpindo-se tôda ela noite e dia,

 

 

 

E am E

Volvidos anos, numa manhãsinha,
Cantando triste e terna melodia

E brilhando ao longe o sol que nascia,
Vai para ela a pobre da céguinha,

Abrindo-lhe a porta de par em par,
Para que a ave pudesse ir voar
Indo receber cara liberdade.

Docemente na mão lhe vem pousar,
A avesinha repleta de bondade,
Cantando o hino da felicidade, ..

28-12-933
VADOS

 

Conversando.

Continuado da |.º página

ido de chamar a atenção daque-
es que pela sua função ou pela
sua situação podem e devem ter
iniciativa e daqueles que não ten-
do, por ventura, condições de ini-
ciar devem ter a vontade indis-
pensável para, com sacrifício ou
sem êle, cooperarem num conjun-
to de esforços, embora em pro-
porção com as suas possibilida-
des materiais, mas com o orgu-
lho de que devem ser possuídos,
para levantarem ao nível da épo-
ca que passa, a sua terra.
Mostrarem com o seu esfórço
quanto de auxílio merecem por
parte do Estado para complemento
da sua obra, tornando-se moral-
mente fortes para manifestar ao
Poder Central quanto de justiça

assiste às suas solicitações ou às.

suas reclamações,

O engrandecimento de uma ter-
ra constituindo o engrandecimento
dos seus habitantes não lhes pode
ser alheio, e não podem êles se-
quer admitir a hipotese de apare-
cer feito se não houver um espí-
rito colectivo de vontade firme
que procure por todas as formas
realisá-lo.

A região para cujos interêsses
este jornal se propõe olhar, tem
tanta beleza em si que bem se
entende que os seus habitantes,
raça trabalhadora, honesta e or-
gulhosa, procurem colocar à altu-
ra do belo que a naturezá cons-
truiu, aquilo que é obra sua, Evi-
dentemente, que para tanto, uma
parte compete ao esforço local e
ou outra ao Estado, a cujo poder
Central terão que ser mostradas ;
as necessidades da região que
‘bem esquecida tem vivido e, so-

licitados os benefícios que aero

sita e bem merece.
Tenente J. A, NOGUEIRA

“que as reiiniões têm sido tre-

Palavras necessárias
sôbre a nossa política

Após a extinção de um amontuado de cdemarches» que tivemos de
vencer, temos finalmente a satistação de ver recompensados os nossos
esforços apresentando o primeiro número de «O Despertar da Beira».

Vamos pois iniciar a missão a que nos propuzémos, — «contar as
belezas da nossa região, fazendo um jornalismo absolutamente, regional,
tão necessário para a nossa terra.

Não fizémos nenhum plebiscito, mas afirmamos obsoJutamente au-
torisados, que todo o povo do nosso Concelho e Comarca aspira, desde
tempos remotos, por um jornal de uma estirpe acentuadamente regional.

: Por isso nós, queremos antes de mais nada, acentuar aos nossos lei-
tores que, nas nossas colunas, jamais daremos guarida a actos «gaivdes» —
autenticos pigmeus, que embora em resumido número, por ahi campeiam
e, de cujas inteligências que éles julgam se impôrem, só «irradiam»
colunas de despauterios : de prosa depravada, Não… Política devassa
e nefasta, jamais sujará as colunas dêste jornal.

é Que resiltado podiamos nós obter, para a elevação condigna do
nosso jornal se, quasi só nos ocupassemos da safada politiquisse e, nos
impuzéssemos com ideias que, quando muito, só poderiam agradar a À
ou a B, quando as letras que constituem o alfabeto, são muito mais nu-
merosas, e ser com todas elas que contamos ? ?.
> Evidentemente que só contribuiamos para o desprestigio ifovitávêl
do jornal.

Não nos restam dúvidas a éste respeito, e isto porque, apezar de
ainda novos, temos ouvido e lido muita coisa sôbre tal assunto, o que
nos obriga a asseverar esta verdade.

Até sentimos calafrios pela espinha, ao lembrar-nos do conceito que
faria de nós, a opinião do pôvo para quem o nosso jornal se destina ;
se, ocupando sempre as melhores colunas, com cataderpas de prosa —
dessa tal prosa nojenta, om por exemplo, dando machadadas, disparan-
do as pistolas e brandindo as naifas, sôbre certa ideia que, pela envyer-
gadura que a demina, jamais conseguiriamos arranha-la sequer Po

“Não senhores…

“Não é assim que se proclama pela honra do titulo de um jornal que se
diga regionalista. Se enveredassemos por tal caminho só faziamos alas-
trar a marcha já ultrajada, do verdadeiro jornalismo regional, E que
beneficios adyiriam daí para a nossa terra? 3 À não ser que, após as
campanhas, por exempio contra a Religião, nós vissemos inopinadamente
surgir com todo o cerimonial é explendôr, as estradas, as pontes, os. la-
vadouros, is tantos. outros melhoramentos que a nossa região tanto ne-
cessita.. «?

Encontramo-nos actualmente, dentro de um Estado Novo, de ressur-

coisa muito diferente, do que a politiquisse doentia e safada.

E” dentro desta ordem de idéias, que iniciamos a publicação de o
«Despertar da Beira», dominados. exclusivamente pelo interêssse mo-
ral, de desejarmos ao nosso Concelho, e à nossa Gomarca, a expansão,
a valorisação mais evidente, das suas riquezas, do seu comércio e da
sua indústria; ale’mmas das quais se encontram desprezados, e outros em
manifesta decadência.

Julgamos pois ter sido claros e elucidativos, sôbre a la que nos
norteará adentro dêste jornal.

Portanto, absolutamente conscios de que, interpretamos sem sub-
terfugios e de uma maneira ampla e clara, o sentir da grande maioria
doc naturais: do HodsoGoncólho? e Comarca, — e até de todo o nosso
Distrito, aqui estamos, não só para marcharmos sósinhos nesta «mis-
são», mas de braços abertos para todos os que integrados na nossa idéia,
nos queiram coadjuvar,

 

“os trabalhos ultimamente reali-
sados, e a realisar.

Transmitindo esta pequena in-
formação, e ao iniciarmos a pu-
blicação de «O Despertar da Bei-
Ia», queremos saudar intusiasti-
camente a Ex,”* comissão, fazen-
do os mais rasgados votos, para
que não «desarmem», enquanto
não vejamos. realisadas as aspi-

Comissão de
Melhoramentos

À comissão de melhoramentos,
residente em Lisboa, continua
constituida pelos snrs: Tenente
José Antão Nogueira (presiden-
te), Acurcio Rodrigues Barata, 5
Dr. António Barata Salgueiro, rações da nossa terra.
engenheiro Firmino da Silva, Para tanto, «O Despertar da
Antônio Alves Neves, ‘ Beira», encontra-se inteiramente.

A comissão, jamais tem deixa- ao lado da Comissão, o que não
do de trabalhar, ocupando-se de podia deixar de ser, visto que, tra-
vários assuntos respeitantes a me- balhamos todos pela mesma causa.
lhoramentos, que a nossa frégue-
zia carece. O assunto mais do-
minante que tem tratado, é sem
dúvida a questão estrada, pelo

ccooceososocosooo.soo-
“Q Despertar da Beira”*
Vende-se em Lisboa, na Taba-
quentes. E:
No próximo número «O Des- cara Monaco, ROCIO 31
pertar da Beira» publicará uma : E
entrevista com o presidente da –
comissão, Ex,”º sr, Tenente No-
gueira, 0 qual nos elucidará sobre Úisado pela

 

 

E de Censura

OQ DESPERTAR DA BEIRA

Uma riqueza
| despresada

/
Pelo peixe que nêle abundava
o rio Zézere toi, em tempos que
não vão distantes, uma notável
fonte de riqueza, não só para a
nossa região, como para as outras

“por êle trilhadas até altivamente

peneirar no Tejo.

A pesca que era então fácil e,
exercida por processos próprios,
era abundante. Nós que ainda ho-
je temos a ideia bem nítida do
que era o Zezere há uma dúzia
de anos, sentimo-nos confrangi-
dos ao verificarmos que tal rique-
za está hoje quási exausta !

Segundo as nossas informações,
as águas infoxicadas por uma ri-
beira alfuente do Zezere, vinda
das minas da Panasqueira, torna-
ram aquele rio quási impróprio
para a criação dos peixes,

Secundando êste mal, alguns
pescadores usam meios violentos
— que nem sempre dão os resul-
tados: desejados — afim de colhe-
rem os peixes, não só empregan-
do: a dinamite, como misturando
nas suas águas várias substâncias
venenosas,

Tal procedimento é só’digno de |
inconscientes, pois não lhes aco-
de-à rude inteligência que em-

“pregando tais meios, só contri- |

buem para que o precioso aquáti-
co desapareça, valendo-lhes só a
colheita: de momento, porquanto
com tão malvados: processos até
as crias ficam arrazadas. ;
Sabemos muito bem que êstes
revoltantes actos de vandalismo
são obra de meia dúzia de facíno-
ras, Por isso recomendamos o as-

“sunto à Divisão Hidráulica do Te-
gimento de acções decididas, de saneamentos e em suma, de alguma .

jo, para que seja intensificada a |
acção dos seus cantoneiros, de |
modo que os delingiientes sejam
castigados com a severidade que
merecem. Para isso seria da má- |
xima conveniência que à mesma
autoridade procedêsse ao provi-.
mento dum novó funcionário para
o’ Cantão n.º 56-B, pois o que.
actualmente aufere os rendimen-
tos dêsse lugar, não está ao ser-

viço ! PoLUQ
; NETO JUNIOR
“uau

Cambas (Oleiros):

Iniciou-se há dias, a marcação,
entre a pampilhosa da Serra, e o
rio Zezere, da estrada que ligará
Coimbra com Castelo Branco.

Por tal motivo, lavra, grande
contentamente nesta região, não só
porque a estrada passará muito pró-
ximo desta localidade, mas tam-
bém porque vamos vêr enfim rea-
lizado um importante melhoramen-
to para esta região. )

O inverno tem sido aqui bastan-
te rigoroso. Tem caido grandes ca-
madas de geada, e a água tem
chegado a gelar dentro de casa.

DS SA

A Expansão de
«O Despertar da Beira»

E” nosso indomável desejo, que
a publicação do nosso jornal, passe
em breve a fazer-se guinzenal-
mente,

Entretanto, como dizemos: em.
outro lugar, que-essa solução de-
pende inteiramente dos nossos pre-
sados leitores: e assinantes, formu-

“Jamos os maiores: votos para que

em breve’o possamos fazer.

 

 

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O DESPERTAR DA BEIRA.

 

 

DEMBANÃO IHÉias

O meu amigo João, um dos fun-
dadores deste jornal, pediu-me a
minha modesta colaboração.

Pregunto a mim próprio:—Mas
para quê?,.,

“Uma criatura tão insignifcantes
e sem prática alguma de jornalis-
mo, habituado desde pequeno ao
honesto trabalho, à diária labuta
da oficina e do balção, ao expe-
diente de serviços bancários e
correspondência comercial, que
valor poderá ter ?…- é

Cursos escolares não os tenho;
contudo, mentiras e. falsidades
não as sei dizer,

 

Venho aqui, afim de encarecer
aos meus conterrâneos a vantagem
de replantar os tãos belos soutos,
agora quási desaparecidos, sob a
influência nefasta da doença e da
velhice,

—Como?-—dirão todos,

Semeando e plantando casta-
nheiros japoneses, das qualidades
«Shiba-kouri» e «Tamba-gouri»,
que resistem a todas as «molés-
tias» e que também se desenvol-
vem no nosso país e na nossa re-
gião, cujo clima lhes é verdadei-
ramente propício. :

O castanheiro japonês que em
Portugal tem hoje já uma grande
area de cultivo, deve ser usado
na nossa linda Beira, onde anti-
gamente havia extensões enormes
de suotos que formavam uma

– das maiores riquezas dos lavra-
dores.

Para a sua replantação é mais
conveniente comprar arvores já
desenvolvidas, pois. fica muito
mais económico do que compran-
do a semente. Due

Não deixem que os vossos
soutos desapareçam completamen-
te! Plantai, o quanto antes, novos
castanheiros !

J. LOURENÇO –

Necessidades

da Madeira

Madeirã! És merecedora de
tantos benefícios e nenhuns al-
canças! E não porque os teus
filhos só ráramente se interes-
sam pelos melhoramentos da sua
terra,

Chega o momento de unirmos
cs esfôrços todos, absolutamente
todos—pois a união faz a fórça—
e assim, bem unidos, conscios dos
nossos deveres, lutemos, pugne-
mos sempre, pelas nossas justas
revindicações,

A Madeirã conseguiu já, pela
Repartição dos Melhoramentos
Rurais, graças à persistência dal-
guns seus filhos, ser dotada com
duas fontes, que permitem um su-
ficiente abastecimento dágua à
povoação, embora neste ponto haja
ainda que fazer,

A nossa estrada, o ramal Alto
da Cava — Madeirã, que mais
tarde dará ligação com Pedrogam
Pequeno, ainda não se encontra,
infelizmente, construído! E pre-
ciso, antes de tudo, ir perante os
Ex.”º Eng.” que procederam ao
seu estudo, afim de S, Ex.“ ulti-
marem, no mais breve espaço de
tempo, os respectivos trabalhos
de gabinete. Para êste fim, ne-
nhuma entidade está mais lógi-
camente indicada do que a Co-
missão de Iniciativa, constituida
pelos naturais da Madeira, resi-
dentes em Lisboa, :

A ela cumpre êste serviço.

A «O Despertar da Beira», que
agora inícia a sua carreira, pro-
pondo-se ser o porta-voz da nossa
terra, cabe o encargo de ventilar
as nossas aspirações, as necessi-
dades da nossa terra,

Sigamos, pois, todos unidos,
sob a égide dêste lema que deve-
mos respeitar acima dé tudo:
«Lutar pela Madeira !»

vVADOS

Romarias

Acabaram-se as tradicionais ro-
marias nas nossas terras…

Foi-se Setembro e com êle a
alegria do nosso bem povo!

E’ que o arraial, a música, os
foguetes, os descantes e as dan-
ças de roda e, — porque não? —
uma pigoleta a mais, constituira
um bem estar do nosso povo, da-
va-lhe alma e o grande desejo de
viver,

Festas de tradição em que cada
povoado à compita, com o visinho
procurava fazer brilhar, dar mais
esplendor e realce à romaria para
honra e glória do seu orago, deli-
genciando que resulte movimen-,
tada e brilhante, aos olhos do fo-

rasteiro que o ela acorre ávido de.

folgar. )
no dia da sua romaria que o

nosso povo sente desejo de viver!

E para a mocidade que de en-
cantamento teem as romarias!

Leva-se um ano a amealhar uns
parcos tostões, subtraindo-os ao
viver cotidiano para, com o mon-
tante, se adquirir na feira próxi-
ma, uma indumentária nova com
que possa incorporar-se na pro-
cissão, sem vergonha dos conhe-
cidos que ocorrem de fora, da ci-
dade ou vila sobretudo, a tomar
parte ua festança.

“Depois os conversados, que de
projectos!

E que de desilusões lhes tra-
zem, por vezes, as romarias!

São as romarias da nossa al-
deia que nos acarretam saudades
pela vida fora, :

Pertoou distante que estejâmos,
lembra-nos sempre, com saudade
o dia da romaria da terra que nos
foi berço:.o arraial, a música, os
foguetes, os descantôs e as dan-
ças de roda!

Que saudades de tudo e da nos-
sa-mocidade!

E acabaram-se por éste ano, as
tradicionais romarias nas nossas

” terras,

UMA CARTA

Ex,”º Sr, Director de «O Despertar da Beira»

Ao sem solicitado por V. Ex,*
dalguns linguados para o jornal
que encima esta, não posso deixar
de aceder ao seu convite, não
para lhe mandar artigos para
serem publicados, porque fene-
ce-me a bagagem literária e jor-
nalistica à qual não estou acostu-
mado, Limito-me tão somente, a
felicita-los e a encoraja-los para
a grande iniciativa que tomaram
dando à publicidade, contorme o
seu nome indica, «O Despertar
da Beira» que é o mesmo que
trabalhar desapaixonadamente
pelos melhoramentos dêste rincão
Serrano que se chama Madeirã,
cujo progresso começa agora a
efectivar-se. Lembrem-se que a
Beira, foi patria dos seus homens
mais ilustres, como D. Nuno Al-
vares Pereira, etc. e ainda hoje,
conserva no seu sangue, o mesmo
sangue dos Lusitanos que deram
que fazer a Roma, Lembrem-se
sempre que êste povo, dedican-
do-se exclusivamente à agricultu-
ra, precisa quem o defenda em
todas as suas justas aspirações.

Termino, fazendo votos que o
vosso jornal, seja tambem para
esta terra o despertar duma au-
rora progressiva e tão completa
que, em poucos anos, vejamos
realizado o nosso ideal, o nosso
sonho—a transformação completa
da Madeirã, que possa equiparar-
-se com as terras que se civili-
zam! 7

Dei à Madeirã, durante 27 anos
de luta, dum trabalho honesto e
fecundo, todo o meu esfórço inte-
lectual e físico, o qual vejo traduzi-
do numa pleiade de cidadãos que
dedicam as suas actividades no
comércio, nas ciências, nas letras
e até na agricultura, que para
mim são, orgulhosamente, a minha
alma. Queiram aceitar as
minhas felicitações pelo apareci-
mento de «O Despertar da Beira»
e não haja desânimos pelo des-
pertar dos Povos!

Madeira 13-12-933

— Vosso amigo
“Franoisoo Ribeiro

Foi-se Setembro e com êle a
alegria do nosso bom povo!,..

PD

Abastecimento
de aguas a
Castelo Branco

No dia 27,foi inaugurado o abas=
tecimento de águas a Castelo Bran-
co, cuja captação, é feita a 30 qui-
lómetros da cidade, nas nascentes
do Casal da Serra.

Este importantissimo melhora-
mento, que se deve em grande
parte, ao antigo governador civil,
Sr. Dr. António Afonso Salavisa,
foi festejado com delirio. A filar-
mónicade Alpedrinha, acompanhada
de muito povo, percorreu as princi-
pais ruas da cidade, ao mesmo tem-
po que subiam ao ar muitos fogue-
tes,

Na estação, à chegada do Sr.
Dr. Salavisa, a multidão rompeu
aos cvivas» ao recem-chegado, en-
quanto a filarmónica executava o
hino nacional.

Organizou-se seguidamente um
grande cortejo, que se dirigiu à
Camara Municipal, onde se reali-
zou uma sessão solene, de home-
nagem áquele antigo governador
civil, BU Ae E

 

 

1 nossa carla

Doentes :

 

 

 

Foi à dias submetido a uma ope-
ração de estomago, no Hospital de
S. José, em Lisbea, o nosso amigo
e conterraneo Sr, António Garcia,

Presentemente, encontra-se em
bôa convalescença.

— Também se agravaram à dias
os padecimentos da Sr.* D. Maria
da Encarnação Barata, irmã do
nosso querido amigo e administra-
dor do nosso jornal Sr. João Antu-
nes Gaspar. Embora lentamente,
tem melhorado nestes últimos dias.

Aniversários :

Fizeram anos:

Dia 12: O menino Victor Ma-
nuel Ribeiro Barata, gentil filhinho
do nosso amigo Victor B. Ribeiro
Barata : dia 23: O nosso presado
assinante Sr. Vergilio Diniz da Sil-
va. Dia 25: O nosso assinante e
digno fiscal dos Armazens de Vi-
veres da O. P,, Sr. Augusto Gon-
calves. Dia 27: A Sr.º D. Alice de
Jesus Barata.

Parabens.

De Viagem

Encontra-se n’esta freguesia, on-
de veio passar o Natal, o Sr. José
da Silva, “ilustre Director de «O
Despertar da Beira».

“O Despertar
da Baira””

 

Pedimos ‘a todas as pessoas que
não queiram assinar o nosso jornal,
o favor de no-lo devolverem para
não procedermos ás respectivas co-
hranças o que só nos acarretaria
despezas inúteis, e também, porque
desejamos organisar completamen-
te os nossos serviços administrati-
vos. É

Por desconhecermos as respectivas
moradas, não enviamos o nosso jor=
nal, a alguns conterraneos residen-
tes em Lisboa e, noutras localida-
des. Esperamos porém, poder fazê-
lo no próximo número. ;

 

Presidiu o Sr: Augusto Duarte
Beirão, vogal da comissão adminis-
trativa da Camoia, que convidou
para secretariar a meza os Srs.
Drs. António Salavisa, Ulisses Par-
dal, engenheiro Paes do Amaral e
Frederico Conde.

% Usaram da palavra, elogiando
os esforços do Sr. Salavisa, para a
resolução de tão importante proble-
ma, os Srs. Augusto Beirão, tenen»
te João José Amaro, Ulisses Par-
dal, Frederico Conde e Severino
Martinho.

Por último, falou o homenageado
que, falou da sua acção, no exer=
cício das suas funções de governa-
dor, e alongou-se depois em consi-
derações sôbre a politica do Estado
Novo; e por fim agradeceu ao po-
o da cidade, a recepção carinhosa

que lhe fez.
Em seguida, toi encerrada a
sessão. EE e (EB

 

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