Eco da Beira nº4 06-09-1914

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ANOS
Semestre…

120

 

 

Anuncios, na 3.º e 4.º página 2 cen-
tavos alinha ou espaço de:linha

DESANTHOS

As ultimas noticias da guerra
lançaram em todos os espiritos
o desespêro e o desalento.

Bem, fracos e. timidos são os
que tão fácilmente se deixam ei-
var pelo desânimo.

E” preciso êncarar os aconte-
cimentos com serénidade e cal-
ma,

Os alemães estão às portas de
Paris. !

Nem nos surpreende nem nos
desalenta! |

Quando aqui escrevemos .o
primeiro artigo sôbre a guerra,
nós dissemos logo, sem aspira-
ções a profeta, mas com uma
previsão de mediano bom seriso,
o seguinte: é

 

«Todas as indicações alimen-
tam a nossa esperança e robus-
tecem a nossa confiança: mas
não nos iludamos !

A vitória será cara!

Não teremos sómente noticias
boas!

A: Alemanha não será fácil-
mente vencida. Tem um exérci-
to formidável e há de lutar de-
sesperadamente,

Bem duvidoso é que a França
possa encontrar na galhardia do
seu exército a fôrça de valor ne-
cessário para compensar e resis-
tir à fôrça da superioridade nu-
mérica do inimigo.

Deve ser dificila situação dos
aliados, em quanto a Inglaterra
não puder desembarcar em Fran-
ça um grande exército e em quan-
to o colosso-moscovita não co-
meçar a mover-se como uma
avalanche de metralha, arrazan-
do essa Alemanha que pretende
esmagar todas as conquistas |li-
berais e sonhou fazer da: Euro-
pa uma caserna, com o quartel
general em Berlim, e daí domi-
nar o mundo inteiro |

Temos. êsse triste pressenti-
mento, e para: essas más novas
estamos, e devemos estar todos,
preparados.»

Nós estivemos até para arris-
car a nota pessimista de que os
alemães chegariam em breve às
portas de Parise os russos en-
trariam’em Berlim !

Bem sabiamos que não nos
enganariamos!

Mas a nossa confiança sub-
siste.

E’ talvez audacioso fazer con-
siderações em matéria tão com-
plexa, mas todos nós temos um
critério mais ou menos aprimo-

 

 

 

=] PROPRIEDADE DO CENTRO

Brazil (moeda brazi eira). . – Soo 5

DIRECTOR -—

sé é
gg Editor e administrador ALBERTO RIBEIRO

rado para: aplicar aos aconteci-
mentos e um raciocinio mais ou
menos seguro para depurar Os
factos.

As noticias de há 8 dias da-
vam os alemães como desistindo
da conquista de Anveis, dirigin-
do-se para a fronteira francesa,
com o objectivo de Paris.

Ao bom senso ressalta como
um grave êrro de estratégia dei-
xarem atrás de si uma praça for-
te ocupada por um exército a-
guerrido e numeroso, ameaçan=
do-lhe’sériamente as comuúnica-
ções com a Alemanha,

Descobria-se através êste mo-
vimento o propósito, a obsessão
mesmo de chegarem à capital da
França antes da chegada dos
russos a Berlim.

Mas para efeitos teatrais uni-
camente, a que é muito atreito o
espirito doentio do kaiser.

Estes tinham diante, de sios
campos entrincheirados de Lille
é Maubeuge, os fortes de Condé
e Valenciénnes, as praças fortes
de Hirsou e Rocroi, sôbre as

* quais se apoiavam as linhas dos

aliados.

Apoderaram-se destas praças?
Não. Nem as noticias de Ma-
drid o dizem.

Romperam as linhas em qual-
quer ponto mais fraco em. gran-
des massas, como é a sua estra-
tégia, e seguiram sôbre Paris
sem de mais fada quererem sa-
ber, numa marcha espectaculosa!

Mas, proceder assim não é a
guerra, ou, antes, seria fazer uma
revolução completa na arte da
guerra.

Como podem os alemães fa-
zer um cêrco eficás à capital da
França, se êles não tomaram as
“praças, se êles não derrotaram
os exércitos inimigos, se êles
teem, emfim, atrás de si legiões
de centenas de milhares de ho-
mens ameaçando terrivelmente o
seu flanco e a sua rectaguarda e
cortando a sua linha de comuni-
cação com a Alemanha ?

Como pode êsse exército, as-
sim, manter-se em território ini-
migo?

Ele tem atrás de si os belgas
em Anvers, Os ingleses em Os-

tende e os, franceses em Lille,.

em Maubeuge e em Verdun.

E tem sobretudo aquelas gar-
gantas ingentes de Calais e Dun-
kerque por onde hão de entrar
numa acção decisiva e memorá-
vel na história da humanidade
as legiões de ingleses; de portu-
gueses, de japoneses, as legiões
de todo o mundo, as legiões da
liberdade para abaterem o orgu-

-lho e a petulância da autocracia
germânica. É r

 

 

 

IO MARÇAL

Onde tem a Alemanha 800
mil homens para cercarem Paris
e outros tantos para combate-
rem na Alsácia e ainda exércitos
para lhe manterem as comunica-
ções com a Prussia?

Não nos assustemos!

Será dificil vencer a Alema-
nha, sim, mas é impossivel a Ale-
manha vencer.

A humanidade decretou o seu
exterminio: o seu extermínio é
certo.

Será em Paris o triunfo da
humanidade?

Melhor. E” ali o seu campo,
em Paris, o cérebro do mundo !

sie
Ho sr. Director dos Correios

No último número da Voz da
Beira vem uma queixa contra o
distribuidor rural, que, durante dois
dias, não foi entregar a correspon-
dência ao sr. José dos Santos Jú-
nior, da freguesia de Sernache.

Ora, o sr. Santos Júnior não é da
freguesia de Sernache, mas da do
Nesperal.

E a falta não foi de dois dias:
vem de muitos meses.

O caso é o seguinte :

Aquele distribuidor tinha, por iti-
nerário, as povoações de Nesperal,
Cabeçudo, Póvoa da Ribeira, Arnoia
e Castelo.

A sua obrigação é visitar as cai-
xas: deixando a correspondência do
sr. Santos no depositário da do Nes-
peral, tinha cumprido o seu dever,
mas, embora com algum sacrifício,
mas porque é obsequiador, no re-
gresso do Castelo, vinha a casa do
sr. Santos deixar-lha.

Ora, últimamente, estabeleceu-se
outra caixa na Roda de Santa Apo-
lónia, obrigando assim o distribui-
dor a uma mais, larga volta, e afas-
tando-o do Alto de Ventoso para
vir por Milheiroz.

Ainda assim, procurava sempre
portadores que levassem ao sr. Sah-
tos a correspondência, para lhe pou-
par o incômodo de mandar por: ela
ao Nesperal.

Favor que vem de ser-lhe agrade-
cido pela maneira que consta da
Voz da “Beira.

Em todo o caso, seria bom ave-
riguar-se do fundamento das queixas
antes de fazer a reclamação.

Que o pão de cada um e/ muito
mais o dos humildes, que teem difi-
culdades de defesa, merece algum
respeito.

Ão sr. director dos correios levã-
mos, por nossa parte, estas consi-
derações.

Saiu para Lisboa o sr. dr. Joa-
aa Correia Salgueiro, digno pro-
essor do Colégio das missões.

RE cais

Alguns senhores vereadores, com
o sr. Tasso de Figueiredo à frente,
reclamaram uma sessão extraordi-
nária da Câmara.

Com urgência.

Assunto-—-a ponte da Galeguia.

Mas, que pensará esta gente ?

[EEE

 

PORITICO

LICANO DEMOCRÁTICO [é

Publicação na Certã

Redacção e administração em

SERNACHE DO BOMJARDIM

Composto e impresso na Tipografia Leiriense

LEIRIA :

POLITICA LOCAL:

No nosso último» artigo» demos
como bôas as duas representações
com que.o:sr. Tasso de Figueiredo
veio, zeloso e assodado, ao concur-
so, que abriu, de influências que
promoveram a construção da ponte
da Bouçã.

Já o dissemos, e novamente o
afirmâmos, que a nossa vaidade é
insensível ás glórias que dimanam
da consecução de tal melhoramento:

Para nós,o. facto é tudo-—-a- sua
importância e: os beneficios; que
dele advirão para esta região.

O resto, para nós; são banalida-
des, ridículas bugiarias, mas-de que
o.sr. Tasso quis fazer uma valiosa
preciosidade, como quem: faz dum
farrapo uma bandeira.

Simplesmente, o. ilustre senador
quis aproveitar o acontecimento em
proveito da sua individualidade po-
lítica, e o nosso – dever partidário
não nos. permite consentir-lhe -ex-
plorações dessa natureza,

Numa ância comovente de popu-
laridade eleitoral até esta modesta
tribuna lhe serviu para dela tocar a
tuba politica.

E com estrondo!

Ao bater-nos à porta avisou-nos
logo que da visita havia. prevenido
dois colegas de imprensa, um: dos
quais nada tinha com a contenda.

Que barulho! Que aflição!

O sr. Tasso quer. a verdade: te-
rá a verdade!

Reclama uma simples correcção :
terá uma história completa.

Dôa a quem doer.

Não o chamamos cá!

A ponte da Bouçã é um dos me-
lhoramentos mais importantes e. de
mais larga transformação. desta re-
gião. :
E” há muitos anos a nossa .preo-
cupação, e esta nossa impressão a
comunicamos por mais duma vez e
insistentemente ao sr. Tasso-de Fi-
gueiredo. :

Não. sei porquê—ou, se. O sei;
calo-o por agora—o sr. Fasso mos-
trou-se-nos sempre mediocremente
interessado no assunto: todavia pro-
meteu-me dispensar-lhe .o;seu .vali-
mento.

Aí por principios de 1912;um
dos seus arautos comunicou-me que
s. ex.? havia, constituído, uma. co-
missão qualquer para tratar do ca-
so, demonstrando, assim, no seu en-
tender, o seu grande interesse e as
grandes esperanças de sucesso em
que esse expediente induzia.

Sorri-me e fiquei entendendo que
era uma causa, perdida nas suas
mãos. O sr. Tasso tratava de divi-
dir responsabilidades. ..

Se êle tivesse vontade tratava. do
caso sosinho, que, ao tempo, bem o
podia fazer, cobrando os convenien-
tes lucros políticos.

Comuniquei. as minhas . impres-
sões a um amigo íntimo, critério
brilhantemente esclarecido, que atri-
buiu o devaneio a ingenuidades do
ilustre senador.

Podia ser, mas eu fiquei com a
minha, e resolvi esperar melhores
dias.

Efectivamente, veio o mês de
Agosto e na distribuição de fundos
não foi contemplada nem a ponte
nem a estrada.

Poucos dias depois-do conheci-ci-

 

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mento de tal facto apareceu-me em
casa o sr. Tasso com um amigo
seu. : Ê

A sua visita foi para mim uma
agradável surprêsa porque êle não
vinha a esta sua casa desde a pro-
clamação da República, para não
susceptibilizar não sei quem: e deu-
me um grande prazer porque eu
tenho a mais sincéra estima é con-
sideração por s. ex.2.

Mas fiquei suspeitando muito da-
quela visita de dois políticos…

Propositadamente furtei a -con-
versa sempre a assuntos políticos,
ea visita terminou sem abordarmos
o caso da dotação das estradas.

Maso sr. Tasso tinha de desem-
buxar, e ársaída, já na rua, ao en-
trar para o carro, deu-me rápida-
mente conhecimento: das dotações
que tinha conseguido, e, voltando-
se para O seu companheiro diz-lhe:

—E’ preciso escrevera F. para
que reuha’a comissão e apresse o
négócio da ponte…

Dei-me por entendido.

Não me tinha enganado!

O carro partiu, € eu, ainda hesta
minha já crónica ingenuidade, fiquei
com:o espírito a vacilar e a pergun-
tara mim mesmo se o sr. Tasso
não quisera ou não pudera conse-
guir a dotação… E fiquei me a ra-
ciocinar assim:

Seo sr, Tasso quisesse a ponte
não carecia de auxílios, êle, vice-
presidente do Senado, figura de des-
taque na política, influência prepon-
derante no seu partido.

Governava a República um minis-
tério da presidência do’sr. Duarte
Leite, seu correligionário.

Se o ministro se determinasse pe-
los fundamentos ‘do pedido ninguém
melhor lhe exporia a importância e
necessidade da obra do que o repre-
sentante da Certã: se o govêrno
atendesse, pessoa nenhuma para êle
valia mais do que o sr. Tasso.

Sem menoscabo para ninguêm,
todos eles; para um ministério Duar-
te Leite, não valiam – tanto como o
vice-presidente do Senado!

Em qualquer dos casos não ca-
recia de auxílios!

Se êle quisesse não deixava a co
missão em Lisboa para estar daqui
a ineitá-la ao rabaliio, tanto mais
que êle bem sabia que naquele ano
já não podia haver mais dotações.

E nós tambêm o sabiamos!

Mas havia mais.

Nesse ano, o sr. Tasso, alêm do
da estrada de Oleiros, que êle re-
clamava para à sua influência, con-
seguiu um subsídio para começar a
estrada de Vila de Itei e outro para
continuar a celebrada estrada de
“Boneca, que vai para o Couto.

Se êle quisesse, em lugar de pedir
dotação para aquelas duas estradas,
te-la-ia pedido para a da Bouçã.

E bem mais facil lhe teria sido
conseguir verba para esta, de ex-
traordinária e indiscutível importân-
cia, do que para aquelas, uma sem
vantagem imediata e outra signifi-
cando um capricho e um escândalo,
prejudicando a freguesia do Cabe-
çudo.

Para estas êle soube como se po
de e se consegue. Para estas o seu
valimento.

Para a da Bouçã o dos outros.

Para aquela nomeou uma comis-
são, e e deixou-a em Lisboa, vindo
para’a Certã .. escrever-lhe!

Expostos estes factos em lingua-
gem familiar conclua o leitor deles
o que entender.

Eu concluí que êle não quis.

O expediente da representação
foi uma mistificação.

No ano seguinte —o ano passado
—repétiu-a.

Nova representação.

Estava no poder um ministério da
presidência do sr. dr. Afonso Cos-
ta, declaradamente partidário e que
com o seu partido e por êle esteve
governando sempre.

Aqui nada teve o sr. Tasso de
Figueiredo, mas se na sua ingenuida-
de cabe a ideia de que foi pela sua
intervenção que a dotação se fez,
não lhe desfaremos a ilusão.

Mesmo lhe damos a parte que nos
possa pertencer.

Não queremos vaidades. É
-Q que reclamâmnos, o que aqui

 

 

hã de ficar registado em letras inde-
léveis é que foi o Partido Republi-
cano Português, por um govêrno
seu, quem dotou a obra mais im-
portante dêste concelho, que satis-
fez uma das maiores aspirações des-
ta região. :
Aqui tem o público a história
completa da intervenção do sr. Tas-
so de Figueiredo em tal assunto.
Por último, uma simples obser-
vação.
Na carta lê-se o seguinte pe:
«No presente ano de 1914
era necessária nenhuma lembrargã
porque, por fórça da lei da Repúb
ca, de Fevereiro de 1913, tendo t

do dotação o ano passado devia tê-

la êste ano e assim sucessivamente
até à sua conclusão.

Há equívoco.

Segundo disseram os jornais, se
bem nos recordamos, o sr. Tasso
foi em Julho do corrente ano pedir
ao sr. ministro do fomento que não
deixasse de continuar êste ano a do-
tação—tal o seu zêlo. E

E aqui pensâmos nós—ou o sr.
Tasso, legislador, desconhecia en-
tão a lei ou… teve o incómodo de
ir pedir um favôr que nem favôr já
era.

O que é acto que todos sabem
classificar !…

caSRRn To

Uma avenida

O sr, dr. Ernesto Marinha apre-
sentou numa das últimas sessões da
Câmara a proposta da construção
duma avenida, para entrada na Cer-
tã, do lado da Carvalha, até à Ave-
nida: Baima Bastos.

Feita, a expropriação duma facha
de terreno ao longo desta via, pro-
porcionaria, depois, a Câmara terre-
nos ao público para construções, ad-
vindo daí lucros. que .cobririam as
despesas da obra.

Ao apresentar o ilustre vereador
a sua proposta sabia já que a maio-
ria lhe daria o seu apoio e sempre
lho daria em tudo quanto seja o pro-
gresso e a-transformação da Certã.

O sr. dr. Ernesto e o sr. Emídio
Magalhães compreenderam e teem
mostrado que as cadeiras munici+
pais são tribunas de onde se defen-
dem os interesses do concelho e não
palanque improvisado de arlequina-
dos políticos em permanente exibi-
ção de habilidades: a maioria sabe-
rá corresponder a essa correcção co
mo saberá responder aos politican-
tes. O futuro dirá um dia quem foram
os que se elevaram à nítida com-
preensão dos seus deveres e marca-
rá aqueles que o próprio bom senso
de si despiram, numa inconsciência
que faz calafrios! O futuro dirá
quem provocou a tempestade e sa-
berá fazer justiça aos que bem qui-
seram evitá-la numa coorperação sin-
cera e leal que fizesse o bem estar
dêste concelho.

EM 1870
Uma estatistica de pavor

No actual momento em que a
França e Alemanha estão empenha-
das de novo numa espantosa guer-
ra, que se não póde dizer como ter-
minará, é curioso reproduzir algu-
mas cifras referentes à guerra de
1870 êntre essas duas nações.

A França pôz então em pé de
guerra 1.980:000 homens; a Alema-
nha, 1.494:000.

A França teve 1.005:000 baixas,
assim distribuídas: mortos, 139:000,
feridos, 140.000; prisioneiros,
726:000. A Alemanha teve 140:000
baixas apenas, sendo 47:000 mortos,
80:000 feridos é 13:000 prisioneiros.

A França perdeu 170 bandeiras,
1:915 peças de campanha, 5:520
canhões de praça ou de sitio, 855:000
espingardas, 12:000 furgões, 605 va-
gões e 5o locomotivas.

As despesas da guerra feitas pela
França foram; indemnisação à Ale;
manha, 5:000 milhões de francos-
contribuição 593 milhões; exército
de: primeira linha, 1:000 milhões;
guarda nacional, 140 milhões; guar-
da departamental, goo milhões. To-
tal das despesas, 7:633 milhões.

Ou seja assim uma coisa pareci-
da com um milhão, quinhentos e
vinte mil contos !

 

 

ECO DA BEIRA

Vozes…

A da Beira, içando o camaroeiro
a propósito de uns indivíduos de
Fozcõa terem apedrejado a câmara,
comenta assim:

«Estas pedras não são necessáriamente
como as da nossá região.»

—Não. –

Mas talvez não fôsse das pedras:
bem pode ser que o defeito tenha
sido dos garotos que as. atiraram.
Do que tambêm por cá não estamos
mais mal servidos.

*
Da mesma:

«Afinal vieram concordar com a boa
doutrina. Não podia deixar de ser, porque
o contrário seria abrir um conflito que
Deus sabe onde chegaria.»

—Credo! Que sangoeira!
Nunca: a-nossa alma está descan-
cada!
*
E continua:

«Eles não são maus de:todo.
O peior são os maus conselhos…»

—— São:

Que delicadeza! E que espírito!
Em todo o caso, obrigadinhos pelo
atestado !

*

Da supradita :

«Os alemães ja tomaram a capita! da
Bélgica e julgo que não terão hesitações
em avançar pela pátria de Voltaire.

Parece-nos que ainda desta vez será mais
difícil os Franceses irem jantar a Berlim
do que os Alemães irem almoçar a: Patis.»

—Quod volumus…

Entendemos:

Mas pode virar ‘a fôlhas ao livro,
que o patrão tambêm. já se virou
para a Inglaterra.

Tardinho, mas com boa vontade.

E cálculo!

*

Notícia triste :

«Na terça-feira foram apreendidos pela
autoridade administrativa os números do
jornal a Restauração, . que vinham para à
venda avulsa nesta vila.

— Que amargura ! f
Sempre tem bem duros trânsés

esta vida. sa ;
*
Que há quem diga:

«Que se passasse a percentagem dos 52 o
ou mesmo dos 50, a Câmara abiscoitaria
Este ano, mais uns 500 escudos, números
redondos ;»

que se não é a questão do referendum, a
Cousa passava 5»
—Pois diz uma grande asneira.
Imaginam que isto do referendum
é alguma coisa que se côma.

*

A da razão:

«Na última sessão da Câmara o sr. Tas-
so de Figueiredo propoz a abertura duma
grande artéria que, partindo da estrada n.º
119, a St.º Antônio, passe pelo Cimo da Vi-
la, desça pela rua da Nogueira e atraves-
sando todo o bairro da Portela vá ter fim
numa rotunda sôbre a ribeira de Amioso,
ao Outeirinho.»

Pelo que se vê, estão afastadas
«as calamidades que a actual guer-
ra veio tornar iminentes para a vida
dos povos e das nações, perigos a
que o nosso concelho não poderá
eximir-se.»

Ainda bem!

O sr. presidente da comissão exe-:

cutiva aténdeu prontamente a nossa
reclamação em favor da estátua do
dr. Guilherme Marinha.

sr. Quintão deu terminantes
ordens para a sua conservação e

ape
s nossos agradecimentos.

SER So

PROFESSORES

Foi provida definitivamente na es-
cola do Nesperal, dêste concelho, a
distinta professora D, Antonina Cor-
rêa de Lima.

Foi promovido à segunda classe o
professor do Cabeçudo, sr. José L.o-

– pes da Cruz,

 

Impostos municipais

Vemos, emfim, na Voz da Beira
um artigo escrito com correcção e
que não briga com o sub-titulo do
jornal,

Compreende-se que assim, e só
assim, se escreva num jornal que
se diz independente — sem insidias
nem chocarrices pretenciosas, não
malsinando actos nem intenções, e
deixando os homens no campo em
que todos nos nivelamos, para nos
elevarmos à apreciação de factos
ou à discussão de ideias.

Com essa mesma correcção lhe
vamos responder, para esclareci-
mento duma passagem do referido
artigo.

Diz êle:

«Acostumados mais aos êrros dos ho-
mens do que ao seu caminhar seguro. pela
via da legalidade, receiavamos, não sem
razão, que predominasse a paixão onde só
havia logar para O raciocinio. E

Não se consumou O acto esboçado nu-
ma’ sessão da camara onde a tempestade
começou a desenhar-se por entre O acas-
telar de-grossas-nuvens.-

Supomos que o.colega. não exer-
ceu com má fé e sómente com má
informação,

A maioria da câmara nunca pen-
sou em elevar as contribuições.

Para agraval-as não carecia de
resolver: bastava não resolver! E
bem legitimamente o podia: fazer:
era não voltar às sessões pára não
aturar os cavalheiros que. por: lá
foram no.dia 20 intervir nas deli-
berações da câmara.

Visto que estavam tão zelosos,
eles que: resolvessem.

O resultado seria este — as con:
tribuições ficavam em mais. 2:000
escudos que no ano anterior, irre-
mediavel.

A gloria ficava aos tais cavalhei-
rosie a quem: para lá os levou ou
mandou, e. a câmara: habilitada a
fazer obras.

E assim respondiam aos insignes
pataratas que tiveram a genial in-
venção de ser necessária à aprova-
ção das juntas de paroquia para a
câmara cobrar menos ‘do que esta-
va: autorisada a: cobrar, mas que
não; seriamos: capazes de explicar
porque essa aprovação seria precisa
para a percentagem de 52%,.e é
desnecessária para a de 45 “fo.

Ao mesmio tempo que chamam a
essa intervenção o referendum, com
a/mesma propriedade com que’po-
deriam chamar a uma chaminé um
assobio!

Já no 6.º dia de sessão o sr. pre-
sidente da comissão executiva qui-
sera apresentar a proposta: de re-
dução tal como ela foi apresentada
e aprovada no dia 23.

Nós, que daqui mandamos o ori-
ginal para a tipografia em 17 de
Agosto, já dessa proposta davamos
noticia aos nossos leitores, porque
dela, como toda a gente, tinhamos
conhecimentos.

Muito antes das arruaças!

Se no espirito dos vereadores
elas alguma influencia tivessem se-
ria para: abandonarem o caso, e os
patriotas que ficassem; com a res-
ponsabilidade do encargo.

E” certo que na, sessão de 13 de
Agosto o sr. Quintão propoz a per-
centagem de 529, sim, mas para
diminuir mais as outras-percenta-
gens. É

O presidente da comissão, que
estudou o assunto com criterio é
com a compreensão das suas res-
ponsabilidades, que são diversas
das. dos – patriotas que vão gritar
para a câmara, entendia que se de-
viam poupar mais as contribuições
industriais.

E parece-nos que com bons fun-
damentos,

O sr. Quintão verificou que a
verba: principal da contribuição in-
drvafado era formada pela colecta
sobre estabelecimentos comerciais
e sobre lagares: e verificou mais
que estas duas verbas teem vindo
diminuindo nos ultimos anos, por
não poderem suportar os encargos
tributários, directos e indirectos,
principalmente os. estabelecimentos
de bebidas alcoolicas e géneros de
consumo.

Pensou, por isso, como boa me-
dida sconomica, em poupal-os na-os na

 

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contribuição predial. = Rs

À câmara compensar-se-ia no im
posto do real de- agua, e em quan-
to aos lagares como estabelecimen-
tos de industria agricola, à agricul-

“tura dariam-a suá compensação.

Dêste seu estudo consciencioso e
zeloso apresentou um elucidativo
relatório e mapa à câmara.

Trabalhou, virtude de que não
podem gabar-se todos os patrio-
tas…

Convocou a uma reunião particu-
lar os seus colegas da maioria e
com eles concordou «em fazer uma
redução, mas proporcional.

Já vê o nosso colega a esponta-
neidade e consciencia com que pro-
cedeu a maioria, que não foi arras-
tada pela-minoria..

Até mesmo a excedeu.

À proposta da minoria era de
46º: a de minoria foi de 45 fo.

Aqui tema Voz da Beira a ex-

– plicação dos factos, que lhe damos
com todo o prazer e com serenida-
de, pois. nos; é. sempre agradável en-
contrarmo-nos e conversarmos com

uem trilha caminho sem encruzi-
lhadas.

Concedemos ao autor: do artigo,
sem constrangimento, os sentimen-
tos que afirma, de patriotismo e de-
dicação pelo bem estar dêste con-
celho, pedindo apenas para os ou-
tros a mesma justiça. –

“O nosso colega mostra ser dos
que entendem que os homens que,
por fôrça das circunstâncias e com
sacrifícios-dos seus interesses.e das
suas comodidades, exercem uma
função pública, tem os seus actos
sujeitos à discussão é à crítica, mas

contribuição industrial, à custa da

“não ficam, por isso, com . reputação.
exposta às agressões duma péna

aguçada em rebôlo de amolador !
E pensa bem, porque assim é.
E assim há-de ser!

LITERATURA
UMA LOUCA

Os loucos podem exercer uma
“atracção poderosa sôbre os sensatos.

 

 

– Os seres privados da razão vivem

num país misterioso de sonhos es-
tranhos, nessa bruma impenetrável
da demência, em que tudo o que se
tem visto sôbre a terra, tudo oque
se tem feito, volta a tomar vida nu-
ma existência imaginada, fora de to-
das as leis que governam as coisas
e regem o pensamento humano.
Para os dementes o impossível
não existe, o inverosímil desaparece,
o fantástico é coisa corrente, o so-
brenatural converte-se em familiar.
Essa velha carreira, a lógica, essa
“velha muralha, a razão, êsse velho
parapeito das ideias, o bom senso,
rompem-se, abatem-se, desmoro-
nam-se diante da sua imaginação li-
bertina, que vagueia pelo país ilimi-
tado da fantasia.
Para os loucos tudo sucede e po-
de suceder. Não fazem esfôrço al-
gum para vencer os acontecimentos,
| domar as resistências, remover os
obstáculos.

Basta-lhes um capricho da sua ‘

vontade ilusória para que sejam prin-
cipes, imperadores ou deuses, para
que possuam todas as riquezas do
mundo, todas as coisas saborosas da
vida, para que sejam fortes, sempre
formosos, sempre jovens, sempre
queridos. Só êles podem ser ditosos
na terra, porque para êles não exis-
te realidade.

Eu gosto de abrir-me do seu es-
pírito vagabundo, como a gente se
debruça sôbre um abismo, no fundo
do qual ferve uma torrente que vem
e vai de sítios para sítios ignotos:

“a

Um dia em que visitava um hos-
pital de alienados, o médico que me
acompanhava disse-me :

—NVou mostrar-lhe uma louca in-
teressante.

E mandou abrir uma cela onde
uma mulher dos seus quarenta anos,
ainda bela, sentada numa grande
poltrona, contemplava obstinadamen-

“te o seu rosto num pequeno espêlho
de mão.
– Quando nos viu, levantou-se, cor-

 

 

 

 

 

reu ao fundo da habitação em pro-
cura dum’véo que tinha sôbre uma
cadeira, envolveu nêle a cara com
grande cuidado e voltou depois, res-
pondendo com uma inclinação -de
cabeça aos nossos cumprimentos.

—Como vamos esta manhã?—
perguntou o doutor.

Ela deu um profundo suspiro.

— (Oh! mal, muito mal. Os sinais

“da varíola são cada vez maióres.

—=Nada vejo, replicou o doutor.
—Asseguro-lhe que sé engana.
Aproximou-se a louca para segre-
dar-lhe quasi ao ouvido: pe
=—Não estou certa. Contei dez,
buracos, esta manhã: três na face
direita, quatro na esquerda e outros
três na fronte. E’ horrível! horri-
vel! Já não poderei ver ninguem,
nem meu filho, principalmente. Es-
tou perdida, desfigurada para sem-
pre ARA Sis

E caíu sôbre a poltrona começan-
do a soluçar.

O médico pegou numa cadeira,
sentou-se ao seu lado, e disse-lhe
com: uma: voz doce e-consoladora :

—Vejamos isso. Digo-lhe que não
é nada. Com uma ligeira cauteriza-
ção farei desaparecer tudo.

Ela respondeu, acenando com a
cabeça, e com a voz desfallecida
que não O médico quis levantar-lhe
o véo; masa demente agarrou-o com
as duas mãos com tanta fôrça, que
o rasgou onde poz os dedos.

—A. si mostrarei a minha cara;
porêm a êsse cavalheiro que o acom-
panha…

—E’ tambêm médico, =apressou-
se a responder o doutor.

– Então descobriu o rosto; todavia
o medo, a emoção, a vergonha de
ser vista tornou-a .córada em extre-
mo até ao pescoço, que se fundia
no seu vestido de luto.

Baixou os olhos, voltou o rosto
para a direita e para a esquerda,
para evitar os nossos olhares e bal-
buciou : . o

—Oh! sofro;horrivelmente quan-
do sou vista sem véu na cara.

Eu contempleia-a, bastante e sur-
preendido, pois não tinha sinal al-
gum, nem mancha, nem cicatriz.

Voltou os olhos sempre baixos e
disse-me ::

—Cuidando de meu filho pegou-
se-me esta espantosa enfermidade.
Salvei-o, porêm, perdi a minha be-
leza. Depois de tudo cumpri o meu
dever; à minha consciência está
tranquila.

Levantou-se o médico, e, saudan-
do-a saimos do seu quarto.

Agora escute:me, disse. — Vou
contar lhe a história atroz desta des-
graçada.

Xe * x

E viuva. Foi muito bela, coquet-
te, muito amada.

Era uma dessas mulheres para
quem a sua beleza e o desejo de
agradar constituem a: aspiração da
vida.

Tinha um filho que um dia adoe-
ceu com variola.

Apenas o soube sua mãe, come-
çou para aquela mulher, consagra-
da exclusivamente ao cuidado da
sua formosura, uma batalha espan-
tosa.

De muito longe lhe perguntava à
mulher, que cuidava de;seu: filho
pela sua saúde.

A mulher respondeu-lhe uma vês:

—Muito mal. Quer vê-lo?

—Oh’! Não, isso não.

E saiu fugindo.

Tomou todo o género de precau-
ções.

Foi a casa dum farmaceutico e
sortiu-se de desinfectantes.-

Um dia, por fim o médico disse-
lhe :

—Seu filho morre. Quer vê-lo?
Ainda que seja pela janela? Entre
os dois haverá uma porta de cris-
tal.

Consentiu nisso a mãe, cobriu a
cabeça, tomou seu frasco de sais,
deu trez passos para a janela, e,
ocultando a cara nas mãos, gemeu.

—Não… não… me atreverei a
vê-lo jámais.. Morro de medo…

O moribundo esperou longo tem-
po com os olhos voltados para a ja-
nela para ver o rosto sagrado de
sua mãe, pela última vez. Porêm,

– aguardou em vão.

 

 

 

BEIRA.

Veio a noite, então, voltando-se
para a parede, não pronunciou mais
uma palavra. “Quando amanheceu
estava morto.

No dia seguinte a mãe. estava
louca…

 

passant.

q

Profecias de Bismarck

Discutía-se, no reichstag, em fe-
vereiro de 1880, a nova lei militar
que deveria dár 7o0:000 homens
mais à Alemanha. Bismarck disse:
«Com esta poderosa maquina não
se empreendem agressões. Se qui-
sermos fazer guerra é necessário
que concorram todos aqueles que
têm de fazer sacrifícios para ela,
isto é, toda a nação, e que esta seja
de acôrdo. E” necessário que seja
uma guerra popular. Se atacarmos,
então todo o pêso dos imponderá-
veis, que pesam muito mais, que os
pesos materiais, ficará do lado dos
nossos; adversários. A Rússia ficará
desesperada como nosso ataque, e
a França até aos Pirineus levantar-
se-ia em armas».

Ora esta profecia de Bismarck
parece querer realizar-se, pois bas-
tou um dêsses imponderáveis, a Bél-
gica, para que a Alemanha encon-
trasse no seu ataque um obstáculo
je não poude ven-

que. ainda até hoj

cer.

Colégio das Missões Ultrama-
rinas em Sernache do Bom-
jardim. e
Ábilio Corrêa da Silva Marçal,

bacharel formado em direito e di-

 

rector do Colégio. das Missões Ul:..,

tramarinas:

Faço saber que, perante esta se-
cretaria e por espaço de trinta dias
a contar da data dêste edital, está

aberto. concurso para o provimento .
das vagas de alunos, existentes nês- .

te Colégio. |

Os concorrentes deverão enviar a
esta secretária dentro do referido
prazo os seus requerimentos, reco-

nhecidos por um notário e instruído “+

com os seguintes documentos :
1.º—Certião de idade, pela qual

mostrem ter mais de-doze anose,

menos de dezoito ;

2.º—Atestado de bom comporta-
mento, passado pelo admin’strador
do concelho ;

3.º—Certidão do registo criminal;

4.º—Certidão de exame de instru-
ção primária do 2.º grau;

5.º— Atestado do médico afirman-
do que é de-robusta constituição e
não padece de moléstia contagiósa

Os concorrentes poderão também
juntar, com êstes documentos, ou-
tros que demonstrem melhores ha-
bilitações literárias.

Os concorrentes que vierem a ser

“admitidos, como alunos, deverão

apresentar-se nêste Colégio no pra-
zo que lhe fôr indicado em aviso
desta secretaria, com o enxoval e os
livros qu: no mesmo serão indica-
dos.

Nêsse acto, por termo lavrado na
secretaria, seus pais ou tutores, pes-
soalmente ou por procuradôr, darão
a necessária autorização para o in-
ternato do aluno e compromisso das
suas obrigações, e, com fiador idó-
neo, tomarão a responsabilidade de
indemnização quando o aluno venha
a abandonar o Colégio ou a ser dêle
despedido por culpa sua.

Sernache do Bomjardim e secre-
taria do Colégio das Missões Ultra-
marinas, 26 de Agosto de 1914.

O Director,

Abílio Marçal.

AGRICULTURA

AMEMOS A ARVORE

Entre as pessoas que lêem é já
hoje uma verdade incontroversa a
utilidade das árvores.

A sua multiplicação é um problê-
ma que interessa a todos os nossos
patrícios porque raro serão aqueles
que não tenham um bocado de ter-
reno disponivel para aplicar à arbo-

 

 

rização. Desta colhem benefícios não

 

ETR CR ra en eres cnc oe re emm porca

só os proprietários com a venda da
massa lenhosa criada, mas todos os
outros: cidadãos com:a modificação
dó meio e do clima, pois que a flo-
resta influe decisivamente nas tem:
peraturas, no grau de humidade, no
regime das chuvas e na fixação e
conservação das fontes.e das corren-
tes de água. Por outro lado convem
notar. ainda o papel que a’floresta
desempenha na fixação das-terras
de encosta, impedindo assim-o aço-
reamento-dos rios e ribeiras: e deri-
vado: dele a inutilisação dos terre-
nos cultivados nas suas margens.
Temos por exemplo o: Zézere mar-
ginado em parte por um sólo-graní-
tico, désagregado e pouco profundo,
com encostas elevadas e de grandes
inclinações donde as terras se des-
prendem facilmente cavando profun-
das ravínas com as enxurradas, às
quais, despenhando-se dos altos; vão
produzir a inutilisação dos vales.

Asarborisação é o melhor dique:a
opôr a tais inconvenientes: Outróra
eram as suas margéns povoadas de
zezereiros (Prumus lusitanica), de
medronheiros (Arbustus canedo), de
azinheiras (Quercus ilese), etc., mas
estas espécies teem desaparecido a
pouco e. pouco. Vão sendo substitui-
das-em parte pela plantação de eu-
caliptos e pinheiros devido à inicia-
tiva louvavel de dois sernachenses —
Daniel Bernardo de Brito e Filipe
Leonor. Sos

O serviço que estes dois benemé-
ritos estão prestando à riquesa flo-
restal de Sernache, ao seu embele-
zamento e beneficiação de clima é
daqueles que merecem referência es-
pecial, sem preténder de fórma al-
guma depreciar todos os outros es-
forços feitos em menor escala pelos
restantes proprietários, porque cada
um na medida das suas pósses veem
concorrendo para melhorarem a es-
tética, embelezarem a paisagem e
aumentarem a riquesa da nossa ter-
o Ve
| As roças continuas de mato, o fa-

“brico de carvão, o córte permanen-

te de árvores para’madéiras, lenhas
e outros usos, feitos desordenada-
mente, o fogo posto para provocar
a rebentação de pastagens, condu-
zem à desnudação completa que é
consequência imediata e inevitavel
da desarborisação.

O sólo, assim exgotado e causti-
cado, nega-se com o tempo a toda
a produção vegetal.

“Que desabrído; não: seria o inver-
no da-nossa aldeia se amanhã meia

“dúzia de proprietários mandassem

abater o arvorêdo que desde a ribeira
Cerdeira até ás portas de: Sernache
atenúam a impetuosidade das norta-
das? Sia

Por outro lado, as florestas, sua
folhagem e humus esponjosos dela
resultantes, modificam as condições
de evaporação e de absorpção das
águas “de chuva que na floresta é

* 80 “fo superior à do campo razo, be-

neficiando assim as camadas profun-
das, que manteem a alimentação das
nascentes. Ao É

A floresta modifica a evaporação
porque a’frescura da folhagem con-
tribue para a condensação do vapor
de água existente na atmosféra, don-
de resulta a manutenção dúma certa
humidade que evita à vaporação que
se observa nos terrenos sequeiros.

A árvore, alem de valorisar os
terrenos pobres, fornece combusti-
vel, madeiras de construção, tanino
para’ o curtimento dos couros, corti-
ça, frutas, essências e matéria prima
para variádas aplicações industriais.
A árvore dá-nos sombra; remédios
para as nossas doenças e exgota-nos
Os pântanos como outróra nos for-
neceu a madeira das caravelas com
que descobrimos o mundo !

Haverá por aí quem suponha que
o capital empregado no arvorêdo dá
pequeno juro mas é um grande en-
gáno. O fabrico de papel, as través-
sas de caminhó de ferro, as emba-
lagens, a tanoaria, os navios, Os va-
gons, as construções, etc., exigem
todos os dias quantidades tais que
há quem receie que venham a exgo-
tar-se as florestas existentes. Na re-
gião sernachense há. ainda muitos
pinhais, muita torga e muito sobrei-
ro, etc., mas é certo que tal riquesa
desapareceria em poucos anos se:nos se:

 

@@@ 4 @@@

 

&

 

PRI ANE ERRO O PERO O E RO RS Pe

uma linha férrea atravessasse a nos-
sa terra. Como tal melhoramento é
certo num prazo que não póde ser
longo, convem que todos os proprie-
tários aproveitem desde já os seus
baldios ocupando-os não só com eu-
caliptos e pinheiros, mas mandando
pôr nogueiras, castanheiros japóni-
cos, aveleiras e todas as outras ár-
vores de fruto que tão bêm se dão
na nossa região. Por vezes objecta-
se que o rapazio não deixa chegar a
casa do lavrador o produto do ‘seu
trabalho, mas tal inconveniência des-
aparecer desde que todos plantem e
a abundância seja tal que a ninguem
escaceie uns: Le de fruta com que
sacíe o seu apetite. A falta de arvo-
rêdo traz consigo a-falta de humi-
dade necessária à alimentação das
pastagens de que os gados se nutrem:.
E devemos lembrar-nos de que a
falta- de. gado caprino e ovelhum é
o que mais tem concorrido para a
escacês da produção de azeite nesta
região onde a olíveira vejeta num
terreno exgotado e de dificil estru-
magem.

-Emquauto o Estado não cria em

 

 

 

Ae saia id

 

 

 

ECO DA BEIRA .

todo o País escolas práticas de hor-.

ticultura, floricultura, apicultura,
agricultura, sericultura, incubação,
secagem de frutas e suaiembalagem
assim como a de legumes e flores,
precisâmos nós trabalhar com mé-
todo’envidando todos os esforços por
produzir muito e bom, certos de que
enriquecendo e embelezando a nos-
sa aldeia praticâmos um acto de al-
to civismo: porque melhorámos as
condições económicas da: nossa pá-

tria.

Sernache, 22-8-914.’
Pe Candido Teixeira.

Cândido da sia Teixeira
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Agua da Foz da Certã

A Agua minero-medicinal da Foz da Certã apresenta uma composição:
quimica que a distingue de todas as outras até hoje uzadas na tera peutica.

E* empregada com segura vantagem da “Diabetes— Dispepsias — Catar.
ros gastricos, pulridos ou parasitarios;—nas preversões digestivas derivadas
das doenças infeciosas ;—na convalescença das febres graves; —nas atonisa
gastricas dos diabeticos, tuberculosos, brighticos,- etc.y–=no. gastricismo dos
exgotados pelos excessos ou privações, etc., etc.

Mostra a analise bateriologica: que a “Agua da Fog da Certã, tal como.
se encontra nas-garrafas, deve ser considerada. como: microbicamente
pura não contendo colibacitlo, nem nenhuma das especies patogencas
que podem existir em aguas. Alem disso, gosa de uma certa acção microbi-
ás O B. Tifico, Difeterico e Vibrão colerico, em pouco tempo
nella perdem todos a sua vitalidade, outros microbios apresentam porém re-
sistencia maior.

A Agua da Foz da Certã não tem gazes livres, é limpida, de: sabor le-
vemente acido, muito agradavel quer bebida pura, quer misturada com:

vinho.
DEPOSITO GERA. Eu

RUA DOS FANQUEIROS— 84 LISBOA |
Telefone 2168168