Voz do Povo nº123 06-04-1913
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3.º Ano
Certa, 6 de abril de 1913
Nº*-129
DIRECTOR
Editor
Augusto Eiodrignes e
Administrador 68
ZEFERINO LUCAS sm
POVO
Assinaturas
CASTI gates sote Loo.
Luiz Domingues da Silva Dias fe
Pago adiantadamente
Não se restituem os originaes
Semestre… Goo rs.
Para o Brazil, ……. 5abooo réis (fracos)
REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO
Rua Candido dos Reis
CERTÃ
Tipografia Leiriense — LEIRIA
Propriedade da EMPREZA DE PROPAGANDA LIBERAL
Na 3.º e 4.º paginas, cada linha…
N’outro logar, preço convencional
“Anuncios
.. 30 18.
Anunciam-se publicações de que se receba
um exemplar
Ordem administração
E’ opinião geral, já de ha mui-
to radicada no espirito publico,
que o nosso país dispõe de lar-
gos recursos e de decididas ener-
gias, e que na sua vida colectiva
é o estado que se encontra em
peiores condições.
Um facto — aliaz bem conso-
lador—que acaba de dar-se, veio
dar fóros de certeza a essa opi-
nião.
Tendo o Banco Nacional Ul-
tramarino lançado no mercado
um grande emprestimo de 20:000
acções, não só todo o capital
foi coberto no país, como ainda
foi necessario proceder ao rateio
das acções. Fo
Isto demonstra, com seguran-
ça, não só que o país tem insti-
tuições que merecem tanto cre-
dito, como que dispõe de recur-
sos consideraveis.
Tornou-se publico que um
grupo de casas bancarias de pri-
meira ordem tomara firme todo
o emprestimo que não fosse su-
bscrito pelos acionistas, e que a
Bolsa de Paris admitira a cota-
ção ás novas acções.
Por entre as dificuldades que
temos vindo atravessando, é
agradavel constatar que possui-
mos ainda elementos de força
suficientes para reorganisar toda
a nossa vida publica, em bases
solidas e persistentes.
Para isso torna-se absoluta-
mente necessario normalisar a
ordem publica e a nossa situa-
ção financeira.
Não ignoramos as dificulda-
des insuperaveis com que os go-
vernos teem lutado; porem, jus-
to é confessar que seria licito
mais alguma coisa exigir.
Julgamos que um dos factores
que mais contribue para o desas-
socego nos espiritos é a demora
que tem havido no julgamento
dos individuos acusados de cons-
piradores. Custa-nos a crer que
não houvesse meios de apressar
os julgamentos, de forma a te-los
já concluidos ha muito, e esta-
mos certos de que, até mesmo, o
prestigio da Republica muito te-
ria a lucrar com isso.
Se a ordem publica e a paz
nos espiritos, é indispensavel pa-
re a metodica reconstrução da
vida nacional, não o é menos a
normalisação do estado finan;
ceiro, de forma a robustecer o
nosso credito. Para este fim, de-
vem convergir os esforços dos
nossos homens publicos, na cer-
teza de que, se conseguirem equi-
librar as finanças publicas, terão
prestado ao país, -o maior dos
serviços.
Não pode ser, porem, só do
aumento das receitas, que ha de
resultar esse almejado equilibrio.
O capitulo da administração das
despêsas não pode ser esque-
cido.
Podemos ter esperança em
melhores dias, ainda que só com
o nosso proprio esforço possa-
mos contar.
Ainda agora acabamos dever
pelo relatorio da Companhia do
Credito Predial a forma como
esta instituição, em 2 anos, con-
seguiu reconstituir o seu equili-
brio financeiro, mercê duma cui-
dada e honesta administração.
E não é licito supormos que
os nossos homens publicos não
teem a energia, competencia e
boa vontade suficiente para re-
organisar a vida financeira do
paiz.
E SE =
PAULA ANTUNES
De regresso de Manaus, para on-
de partiram ha tempo, a tratar dos
negocios da sua importante casa co-
mercial, chegaram no dia 26 de mar-
co a Lisboa, a bordo do paquete *
Hilari, os nossos presadissimos assi-
nantes, srs. Joaquim de Paula Antu-
nes, e Isidoro de Paula Antunes,
socios da firma da praça de Lisboa,
J. Paula Antunes, Limitada.
A’queles nossos amigos apresen-
tamos sinceros cumprimentos de
boas vindas.
dera peso ad sd
O sr. Antonio Guilhermino Lopes
foi nomeado interinamente para o
cargo de oficial da secretaria do
governo civil de Castello Branco.
Ea et
CLASSES INAGTIVAS
OQ nosso ilustre amigo, sr. Tasso
de Figueiredo apresentou, no Sena-
do, um projecto de lei sobre as clas-
ses inactivas, que, a par d’um es-
crupuloso estudo de tão complexo
assunto, demonstra por uma forma
clara que o estado pode auferir
uma boa receita pela diminuição
dos encargos atuais.
——— ssa UE] isa
Na America do Norte, é, d’óra
avante proibida a entrada d’emigran-
tes menores de 14 anos, e ainda de
todos que não mostrem saber ler é
escrever. ê
——————<HGDICE-———— —
EXCURSÕES POLITICAS
Os srs. Antonio José d’Almeida
e Brito Camacho, com muitos dos
seus amigos, percorreram diferen-
tes terras do norte e sul do paiz,
respectivamente, em propaganda re-
publicana, que foi muito bem rece-
bida.
————— ame —
CONTRIBUIÇÃO PREDIAL
Como: complemento aos artigos
que aqui temos publicado, inserimos
hoje o mapa demonstrativo de que
a recente lei da contribuição predial
não vem agravar as condições do
“contribuinte.
Os numeros constantes dêsse ma-
pa, extraídos das estatísticas oficiais,
são a cabal demonstração da verda-
de com que temos tratado este as-
sunto :
opueged mea onh | = 00 00
sajuinququos Ro s |
OUISaUI O MON m
opueged uoponh| D- O
Souinqunnos fre
sOuaui oco oo
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FACTOS E BOATOS
Comissão Distrital
Foi remodelada a commissão dis-
trital de Castelo Branco, que ficou
constituida pelos seguintes cidadãos:
Efectivos—drs. José Ramos Preto,
Manuel de Paiva Pessoa e Marti-
nho Lopes Tavares Cardoso.
Substituitos—drs. José Antonio
Faria Veloso, José de Campos Cas-
telo Branco e Vicente José Duarte
Sanches.
— —SoCoe-——
Vae organisar-se em Castelo Bran-
co uma corporação de atiradores
civis.
—— ScCyoc-—— —
Esteve em Lisboa, o sr. dr. Abi-
lio Marçal, ilustre administrador do
nosso concelho.
E
Serviço militar
Vimos lembrar novamente aos
interessados que principiou no dia
15 de março e termina no dia 15
do corrente o praso para apresen-
tação de pedidos de adiamento do
serviço militar.
Às petições podem ser apresen-
tadas nos comandos de reserva ou
nas secretarias das camaras munici-
| pais.
Carreira de automoveis
Começa já nesta semana, o ser-
viço de automoveis entre esta vila é
a estação de Paialvo:
O carro chegará aqui na manhã
de terça e sexta-feira, saindo na tar-
de dêsses mesmos dias.
O preço da carreira é de 1$500
réis, sendo a bagagem até 20 quilos,
gratuitamente conduzida, e no que
exceder áquele pêso, de 20 a 30
réis o quilo.
Desnecessario se torna encarecer
a vantagem dêste serviço, tanto mais
que a grande modicidade de preços,
o torna bastante inacessivel.
E” um assinalado serviço que a
empreza presta a esta região.
——— <3CJOC>—— —
Em Villar Barroso, do concelho
d’Oleiros, foi inhumada, sem as for-
malidades legaes, uma creança re-
cemnascida,
– O digno administrador daquelle
concelho procedeu logo a uma rigo-
rosa investigação, mas pelo resulta-
do da autopsia, averiguou-se não
ter havido infanticidio,
A creança nascera morta.
——Sstyoc————
Foi nomeado medico do partido
municipal do concelho de Vila de
Rei, o sr. dr. Eduardo de Castro,
que já ali exerceu o mesmo cargo;
onde era muito apreciado.
me e DOI
Club-Teatro
Está quasi concluida a demolição
da velha casa da Praça, devendo
muita brevemente começar a cons-
trução do novo edificio do Club-
Teatro. E
Continuam a salientar-se as me-
lhores boas vontades para auxiliar
uma obra patriotica.
Ainda ha poucos dias, alguns ha-
bitantes da freguesia de Santana,
cujos nomes sentimos não os conhe-
cer, para os tornar publicos, toma-
ram a generosa iniciativa de fazer
conduzir para aqui gratuitamente,
não poucas carradas de madeira.
São para louvar estes actos, e
tanto mais para louvar quanto par-
tem de pessoas humildes que desin-
teressadamente se prontificam a pres-
tar bons serviços.
No passado domingo, tocou no
passeio do adro, como noticiâmos,
a antiga filarmonica, sendo ouvida
com agrado.
— ace
Imprensa
Recebemos a visita dos nossos
presados colegas, Cinco d”Outubro,
da Régoa, e Eco de Sinfães, aos
quaes cumprimentamos, desejando-
lhes longa vida,
PIE —
Novas notas
Vão brevemente entrar em circu-
lação as notas de 5 e 10 escudos,
do novo desenho.
Teem a figura alegorica da Repu-
blica e o retrato de Alexandre Her-
culano,
TANTIT ATTATT
@@@ 2 @@@
Contribuição de renda de ca-
“sas
Como se sabe acabou esta contri-
buição desde o corrente ano, mas
havendo contribuintes em atrazo
foi apresntada pelo sr. ministro das
Finanças uma proposta permitindo
o seu pagamento: em prestações
mensais e trimensais, nos termos da
lei de 12 de janeiro de 1912, e a
contar desde 1 de janeiro de 1911.
2 ———— e —
Recomendamos ao publico de que
os selos de franquia em uso, com a
sobrecarga «Républica» deixaram
de circular no dia 1 de abril.
— osoe——
Pela Camara
Sessão de 2
Sob a presidencia do sr. Zeferino
Lucas e assistencia dos vereadores
srs. Ciriaco Santos, Henrique Mou-
ra, Antonio Nunes de Figueiredo e
Luiz Domingues, teve logar a reunião
da comissão municipal administrati-
va.
Foi lida e aprovada a acta da ses-
são anterior.
EXPEDIENTE
—Oficio n.º 264 de 24 de março
da Administração do Hospital de S.
José enviando o recibo de 9988000
réis, quota relativa ao actual ano. In-
teirada.
— Oficio 224, da’ mesma proce-
dencia enviando copia da-conta da
despeza feita no ano de 1912 com o
tratamento de doent s pobres, sen-
do o excesso da quantia de 1148100
réis. Inteirada, devendo ser incluida
no orçamento ordinario.
—Circular n.º 54, do governo ci-
vil, de 31 de março findo, para que
se providencie com urgencia para
ser enviado ao Conselho de Melho-
ramentos Sanitarios um exemplar
dos regulamentos especiais de salu-
bridade das edificações urbanas. —
A camara resolveu responder: que
não tendo organisado um regulamen-
to pela falta de tecnicos, faz sujeitar
as plantas das construções moder-
o á aprovação do conselho de sau-
É
— Circular n.º 53, do mesmo go-
verno civil, sobre bibliotecas popu-
lares. A camara confirma a respos-
ta dada em sessão de 4 de setem-
bro ultimo.
— Circular n.º 70, do governo ci-
vil, para facilidade da fiscalisação
pelo Ministerio do Fomento é ne-
cessario que as camaras em harmo-
nia com o disposto no $ unico do
art.º 8.º da lei de 24 de dezembro
de 1grr, pedindo para que seja en-
viada com urgencia a edi tabe-
la. A camara resolvcu se respondes-
se que não elaborou a referida tabe-
la porque em devido tempo informou
a Direcção do Mercado Central de
Productos Agricolas não ser necessa-
rio recorrer á importação para abas-
tecimento do concelho.
— Circular n.º 194, do administra-
dor do concelho, acompanhando um
exemplar da circular do Ministerio
do Interior. A camara tomou a sua
resolução sobre este assunto na ses-
são anterior.
—Oficios n.º 250 e 2514 da Dele-
gação da Procuradoria da Republi-
ca pedindo reparações nas cadeias e
mantas e enxergas. A camara deu
as providencias necessarias para sa
tisfazer estas requisições. :
— Uma carta de 27 de março do
«Automovel Club de Portugal» e
uma guia de um caixote de letreiro
em azulejo para ser colocado em
Santo Antonio, indicando a entrada
da vila
-— Um requerimento de Nunes &
Carvalho, desia vila, acompanhando
uma planta para reedificação de uma
sua casa Aprovada.
-—Em cumprimento do art,” 13,º
VI LINI ENT NAL
da lei de 4 de maio de 1911, no-
meou o cidadão Eusebio do Rosa-
rio, para fazer parte da comissão a
que se refere o referido artigo, ofi-
ciando-se ao Secretario de Finanças
participando esta nomeação.
—Mandou-proceder á limpeza das
valêtas do Largo da Carvalha e re-
gularisar as placas do passeio do
Adro, devendo ser satisfeitas logo
que estejam concluidas.
—Foi apresentado o 1.º orçamen-
to suplementar sendo aprovado e
mandado pôr em reclamação.
-——Mandou-se satisfazer a despeza
efectuada com a limpeza das arvo-
res.
Mandou pagar ás amas e mais
subsidiados no dia 8 do corrente o
1.º trimestre findo.
—Deferir o pedido da comissão
das Escolas Moveis para a cedencia
da sala das sessões, a fim de se rea-
lisar a eleição da nova com’ssão,
o GE ECA CEA ——
Registo Civil
O movimento de registos de 2 de
março a 2 de abril foi:
Nascimentos cer ms RáD to
(Obi tostado eco cp STO
Casamentos (e Erin
2 en CS
Cobrança da contribuição
predial
O «Diario do Governo» publicou
a seguinte lei;
«Artigo 1.º O artigo 24 do decre-
to com força de lei. de 4 de maio
de 1911, fica substituido pelo se-
guinte:
Art. 24.º Vencidas e não pagas
duas prestações da contribuição pre-
dial, e logo que termine o praso pa-
ra o pagamento voluntario da se-
gunda prestação em divida, proce-
der se-á ao relaxe de todas as pres-
tações vencidas e por vencer, nos
termos regulamentares.
$ unico Salvo caso extraordinario
ue justifique muior demora, no dia
do de junho do ano seguinte ao da
cobrança não deve existir em poder
do recebedor documento algum por
cobrar ou para anular;
Art. 2.º (transitorio). No corrente
ano fica o governo autorisado a man-
dar cobrar, conjuntamente, a primei-
ra e a segunda prestações, dentro
dos tr.nta dias que se seguirem á
abertura dos respectivos Es apli-
cando-se o disposto no artigo ante-
rior, na falta de pagamento volun-
tario, mas devendo efectuar-se, den-
tro dos trinta dias imediatos, as
operações de relaxe.
Art. 3.º Fica revogada a legisla-
ção em contrario.»
E
Carteira semanal.
Fazem anos:
No dia 9, as sr.’* D. Carlota Tas-
so de Figueiredo e D. Maria Euge-
nia de Mendonça.
No dia 10,.a sr.* D. Emilia Vitor
da Silva Bartolo e o sr. Fernando
Bartolo.
Estiveram nesta vila, o sr, dr.
José Pinto da Silva Faia e o sr. Au-
gusto Alves Diniz.
Regressou a Sernache, o sr. Izi-
doro de Paula Antunes.
Teem passado incomodados de
saude, as sr.* D. Emilia Vitor da
Silva Bartolo, D. Conceição Batista
e o sr. Fernando Martins Farinha.
Retirou para Lisboa, o sr. Ernes-
to Leitão.
Já se acha restabelecido o nosso
assinante, sr. Joaquim Afonso,
Regressou a esta vila, acompa-
nhado de sua filhinha Isabel, o nos-
assinante, sr. Luiz Dias.
A arvore e a mulher |
«Ha na criação terrena dois seres
extraordinarios: a mulher e a arvo-
re. Póde-se, porventura, crêr que a
arvore seja só produto da materia?
Não tem alma um pinheiro? Uma
arvore estende-me os braços, dá-me
sombra e frescura, abrigo: uma ar-
vore moralisa-me, Ê
Conta-se que um homem que ia
para matar, sentando-se à sombra
de uma arvore esqueceu o proprio
odio. Quasi todos os santos convi-
viam com as arvores. Depois um
grande sobro, por exemplo, comu-
nica comnosco: quem sabe escutar as
arvores tem sempre belas coisas a
ouvir. E” um ser de força e de hu-
mildade—e ainda depois de sêcas,
de mirradas, vão aquecer e iluminar
os pobres. Ha-as heroicas, belas,
formidaveis, ha-as, assim como as
fruteiras, serviçais, humildes e nos-
sas amigas. Desculpem-me: mas eu
amo mais uma arvore do que mui-
tos dos meus semelhantes.
Assim é a mulher, como outra ar-
vore, ora simples, comovida e hu-
milde, ora um ser de prodigio e de
belêsa. O homem passa cego pela
natura: mergulhado na ambição e
no odio, sempre em guerra, quasi
não tem tempo para vêr a obra da
criação. Quantos vão para o sepul-
cro sem terem, tal qual os animais,
erguido os olhos para o chuveiro de
estrelas, turbilhão de mundos, pó
de oiro e negro, que uma fantastica
ventania arrasta para um misterioso
destino! Quantos vêem apenas o pão
que levam á boca!…
Que mais direitos têm estes ho-
mens á imortalidade do que um bi-
cho que calco aos pés? A sua razão,
a sua aptidão para sofrer… Mas
essa distancia cavada pe’o orgulho
humano, é menos do que a que exis-
te entre certos homens, não é as-
sim ?
Não, a imortalidade conquista-se :
os homens é que se tornam imor-
tais. Ha-os, porém, que são só ter-
ra, e dos quais a terra se apodera
como um dono a quem pertenceram
sempre.
Dos raros sêres que fogem a este
destino, nenhum, como a mulher,
sente a alma esparsa, gigantea, flui-
da, qual outro luar de emoção, que
envolve a terra. Ellas apercebem
coisas para nós desconhecidas: tu-
do que é ignorado e humilde, tudo
o que é pequenino. Só a mulher sa-
be amar, só ella tem coração e ner-
vos para repartir com o que no mua-
do é simples e escondido.
O homem não protege: ataca ou
defende.-E’ egoista e duro: sóa mu-
lher protege naturalmente, amora-
velmente, como uma arvore dá som-
bra. Quê! a mulher fraca proteger!
Sim, porque na terra o que protege
não é à força, mas o amor.
A mulher nasceu para a dedica-
ção. E que inexgotavel mina que o
homem explora até ao sofrimento!
Este mineiro, que tem revolvido a
terra até a fazer gritar, explora tam-
bem a mulher até à dôr. Ela é co-
mo a Arvore do homem: traz-lhe
sombra: é á sua beira que ele re-
pousa do saque. Torna-o bom, tor-
na-o meigo, ou heroe, quando ele
volta para ela, ainda coruscante, da
batalha, Sob a sua dôce influencia
ele encontra a harmonia da vida Se
na mulher não entrassem dois lar-
gos quinhões, um de dedicação, o
outro de paixão, ela não teria, fra-
gil como as flores, forças para viver
algumas horas da ferrea existencia
terrena. Como que nºela se cumpre
este prodigioso milagre: o coração é
ao mesmo tempo do aço o mais im-
penetravel e da mais ductil materia.
“Raul Brandão,
Pelo Mundo Literario |
ANTES DE VÉR-TE
A vida era p’ra mim horrenda, escura!
Meu espirito envolto de tristeza
Errante caminhava na incerteza
Se n’este mundo havia amor, ventura;
Quando tu, como um sol que vem daltura
Iluminando a rir a Natureza,
Me vieste mostrar toda a riqueza
Que existe no amor, toda a ternura,
Vieste dar-me a vida ambicionada…
Minhas maguas fugiram e… sofrer
Não sabe já minh’alma apaixonada |
Conheço só agora o que é amor…
Sei hoje o que é ventura e podes crêr
Que em tudo vejo o teu formozo olhar !…
Amelia Guimarães Vilar.
neem
SUBSCRIÇÃO
para a construção d’um edificio pa-
ra Clube Teatro, na Certã.
Transporte… 3:455p385
A. J. Simões David—
Certã…..ce los… 207000
a Soma… 3:5654385
A Comissão, receiando qual-
quer falta, agradece, por es-
te melo, todos os donativos
subscritos.
O Presidente,
A. Sanches Rolão.
A Comissão, continúa a ven-
der todo o material, da antiga
casa da Praça, que não sirva
para a nova construção, Para
tratar—A. Torres Carneiro.
a A NI a
Reclamações da contribuição
predial
O Diario publicou o decreto se-
guinte que, por ser de interesse ge-
ral, transcrevemos :
«Convindo regular desde já a for-
ma das reclamações previstas no
8 1.º do artigo 8.º do decreto de 15
de Revereiro de 1913: hei por bem,
sob proposta do ministro das finan-
ças, decretar o seguinte:
Artigo 1.º—Os contribuintes po-
derão reclamar para as juntas de
matrizes por individa inclusão ou
erro de calculo, durante o praso de
quarenta dias, contados da abertura
do cofre para pagamento voluntario
da respectiva contribuição.
$ unico. Os requerimentos, devi-
damente fundamentados, serão en-
tregues para esse efeito aos secre-
tarios de finanças, que deles passa-
rão recibo, sendo-lhes exigido.
Art. 2.º— Estas reclamações, de-
pois de informadas pelo secretario
e respectivo inspector de finanças
em boletim de informação, confor-
me o modelo anexo, que ficará jun-
to ao processo, serão jesolvidas pe-
las juntas de matrizes, no praso de
dez dias, afixando as respectivas
resoluções na porta da repartição
de finanças.
Art. 3.º—Das decisões das juntas
de matrizes haverá recurso, sem
efeito suspensivo, para o Conselho
da Direcção Geral das Contribui-
ções e Impostos, interposto no pra-
so de trinta dias, a contar da afixa-
ção. :
$ unico. Por parte da Fazenda
Nacional é competente para inter-
por o mesmo recurso o respectivo
secretario de finanças, devendo fa-
ze-lo sempre que a decisão seja em
contrario da sua informação ou do
parecer do respectivo inspector de
finanças.
Art. 4º-—Qualquer contribuinte
poderá tambem apresentar aos se-
«cretarios de finanças, durante o pra-
zo de sessenta dias, à sua reclama-
ção por exagero do rendimento co-
lectavel-global que lhe tenha sido
@@@ 3 @@@
VOZ DO POVO
atribuído para base da contribuição
e determinação da taxa a aplicar, se-
guindo-se o disposto nos $$ 2.º e 3.º
do artigo 8.º, da lei de i5 de feve-
reiro de 1913, e as mais d sposições
legais aplicaveis, conforme se decre-
tará no regulamento geral da contri-
buição predial.
———e———
ESCOLAS MOVEIS PELO METODO
«JOÃO DE DEUS»
Realisaram-se no dia 30 de mar-
co findo as provas de aproveitamen-
to e encerramento da missão destas
escolas no lugar do Pampilhal da
freguesia de Sernache do Bom-Jar-
dm, deste concelho.
Perante o juri que era constituido
pelos srs. dr. Virgilio Nunes da SI-
va, Ciriaco Santos e D. Emilia de
Almeida—prestaram provas 27 alu-
nos na sua maioria meninas, dos
63 matriculados no áto da inaugu-
ração da missão.
O resultado: foi o seguinte:
Otimos ata Andre ne as nfs 9
BonS:ta ds genre RR 11
Suficientes separe 7
Em face dos resultados satisfato-
rios obtidos devemos confessar que
não se pode exigir mais nem é ma-
terialmente possível obter mais em
5 mezes, de alunos analfabetos. de
que a distinta professora que segue”
aquela missão conseguiu.
Reuniu no dia 2, a comissão au-
xiliar deste concelho, resolvendo
que se proceda á eleição da nova
comissão, ficando resolvido que a
nova reunião tenha lugar no dia 14
do corrente para a eleição dos no-
vos corpos gerentes.
A Comissão Auxiliar convida to-
dos os srs. subscritores a reunirem
na sala das sessões da Camara Mu-
nicipal no dia 14 do corrente, pelas
12 horas, afim de se proceder à elei-
ção dos corpos gerentes que hão-de
exercer os seus cargos no proximo
ano lectivo. Ê
eee
Tratamento deoliveiras doen-
tes
Como continúa fazendo estragos
nos olivais a doença que ha pouco
se manifestou, é conveniente lem-
brar aos lavradores que teem. oli-
veiras atacadas, que podem facil.
mente combater esta nova doença,
com bom resultado, aplicando nas
oliveiras pulverisações com o inséti-
cida inglez Fluido GC. V. diluído em,
agua, na proporção de 1 ojo ou 1
para 75.
Este processo de tratamento tém
dado em Hespanha, onde a doença.
fez estragos consideraveis, resulta-
dos de primeira ordem sob todos os
pontos de vista, e por isso não de-
vem os lavradores deixar de usar
tambem este processo de tratamen
to.
As experienciss oficiais feitas em
Hespanha são de molde a animarem
todos os lavradores, nada explican-
do portanto o receio de lançar mão
d’este meio.
A aplicação do inseticida Fluido
C. V. diluído em agua a 1 ojo ou
a 1 para 75; feita repetidamente,
com alguns dias de intervalo, até
que o mal desapareça, auxiliada
com a aplicação de Nitrato modifi-
cado com Potassa na quantidade de
razkilg. por cada oliveira adul-
ta em pleno desenvolvimento, espa-
lhado na area que regula pela proje-
ção da copa e enterrado superficial-
mente, é um meio seguro e eficaz
de combater o mal que tantos estra-
gos tem já causado.
Façam pois ‘os lavradores estas
aplicações, na certeza de que só te-
rão que se felicitar,
Requisitar estes produtos, tanto
o Fluido como o Nitrato modificado
com Potassa, a QU. Herold & C.,
com armazens em Lisboa, Porto
Pampilhosa, Regoa, Faro e Santa
rem, que serão expedidos imediata-
mente.
e EBD —
Preços dos generos, no mer-.
cado de 27 e 30 de março
Feijão branco, alqueire. Do réis
» encarnado » . do »
2» frade » 700
Grão, Do caca OO E
Milho, » 5go »
Trigo, » Soo »
Centeio, RE no oo »
Batata, pura oo »
Fava RR EO D
(Ovos, diziam e certo 120 »
Galinhas, cada……… 450 »
Eiran gos; dad e Lisias tado 180 »
Coelho manso, cada…. 200 »
Cabnito caca 5oo »
Queijos de ovelha, cada 220 »
» da serra quilo.. 440 »
Sardinha, cento… ….. 400 »
Vinho, almude…….. 18000 »
Vinho do Ribatejo…… = goo »
AZ elteralisHOR a ia 320 »
Carne | Toucinho…… | 320 »
de” (Lombo – 2. 400 »
p reco [Chouriço…… 600 »
Bescada;tkilor. » atraso 180º »
Sal; alqueiresskr sh 300 »
Couve, cada.> “5: nho 20 »
» para despôrcento 200 »
Meite-INtro ue ee, 80 »
Curne de vaca. kilo…. 270 »
» dechibato »…. 190 »
Escolas Moveis
Comissão auxiliar da Certã
Convido todos os srs. subscrito-
res a reunirem no proximo dia 14,
” pelas 12 horas do dia, em assem-
bleia geral, no edificio dos Paços do
Concelho, gentilmente cedido para,
isso, a fim de elegerem a nova co-
missão GRE tem de servir no proxi-
mo ano lectivo.
Certã, 2 de Abril de 1913.
O Presidente da Comissão
João da Silva Carvalho.
E e
Revista. bibliografica
De Profundis — Extraordinario
romance de combate, original de
Eduardo de Aguilar, o autor do
– Toque de Triniades, Noite de Con-
soada, (edições completamente esgo-
tadas) e da Morgadinha de Silvares.
De Profundis é, sem contestação,
uma das obras literarias mais revo-
Jucionarias da atualidade e que reu-
“ne todos os requisitos para agradar
aos mais exigentes. E/ entusiasta e
empolgante,
O romance De Profundis é nota-
vel desde o primeiro ao ultimo ca-
pitulo, todo ele cheio de colorido e
de movimento, fazendo vibrar os co-
rações. E’ um grito em favor dos
oprimidos, uma terrível chicotada
na seita de Loiola, O De Profundis
é grandioso, moral e imponente, e
proprio para uma verdadeira propa-
ganda contra a reacção.
De Profundis, que o autor faz
passar em um país ideal, tem per-
sonagens imponentes. O jesuita cheio
de preversidade; o padre Carlos
cheio de amor; a marquêsa cheia
de hipocrisia e de luxuria; o capataz
Pedro cheio de esperança e prégan-
do a justiça e a lealdade; a Mil
Homens audaz e destemida; o velho
Tiago cheio de fome e levando à
pratica uma vingança; os Carcasso-
ni egoistas, etc., etc., são persona-
gens cheias de relevo. :
De Profundis é um trabalho pri-
moroso que prende o leitor, que o
entusiasma. E” cheio de imprevistos;
de lances tragicos, de cenas bem
lançadas.
Um grosso volume, 5oo réis. Indo
à cobrança mais 5o réis.
Todos os pedidos podem ser fei-
tos à Direcção da Sociedade das
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informações, remessas de encommendas para as pro-
vincias, ilhas e colonias. Acceita representações. de
quaesquer casas productoras tanto nacionaes como estranjei-
ras, Trata de liquidações de heranças e de processos commer-
ciaes de toda a natureza, estando estes assumptos a cargo do
socio gerente Armando de Albuquerque, solicitador
encartado.
EPP TOS
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mado, encarrega-se do tratamento.
de arvores e plantas doentes, com:
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ras, os melhores em qualquer caso
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gestão e é muito agradavel ao paladar.
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N’esta redacção prestam se todos
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